Com as altas no preço dos alimentos, cultivar frutas e verduras em casa tem se tornado cada vez mais uma forma de economizar. Mas para muitos brasileiros – sobretudo aqueles aposentados – essa é uma forma de sobreviver.
A constante alta nos preços dos alimentos tem, cada vez mais, diminuído o poder de compra do brasileiro. Qualquer compra simples em um supermercado em 2022 custa entre R$ 100 ou R$ 200 s ao bolso do trabalhador.
Os resultados da política econômica do país se traduzem em um número: 33,1 milhões de brasileiros estão passando fome, aponta o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no contato da pandemia da COVID-19 no Brasil, conduzido pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (PENSSAN).
Leia mais:Esse número representa um aumento de cerca de 14 milhões em relação ao ano de 2020, quase o dobro do número de brasileiros que conviviam com a fome àquela época.
As feiras livres, no entanto, são uma alternativa aos supermercados não só pelo preço, mas pelo apoio à importante agricultura familiar, já que os feirantes normalmente compram seus produtos dos pequenos produtores.
Um deles é Orácio da Silva, de 62 anos. Natural do Maranhão e morador de Parauapebas há dois anos, o aposentado tem contato com a terra há cerca de quatro anos. A agricultura surgiu como uma forma de melhorar a renda da família, agora que ele já não pode mais trabalhar “fichado”.
No quintal de casa, na região conhecida como Recanto da Serra I, no Bairro Jardim Tropical, ele planta junto de sua esposa, Maria do Socorro, o que a terra permite. Cebola, salsinha e coentro são os produtos que Orácio vende aos feirantes. Mas cultiva também diversos tipos de pimenta, quiabo, abóbora, mamão, banana e até mesmo urucum.
Algumas frutas ainda estão longe de ficar maduras, como as laranjas e as acerolas, mas tudo segue o seu próprio tempo: Orácio e sua esposa respeitam a sazonalidade e não utilizam químicos em sua horta.
Um vizinho próximo, Raimundo de Souza Holanda, de 67 anos, também tem o hábito de cultivo de hortaliças. Planta cebolinha e coentro, que tem um cultivo comum na região, mas também uma erva que veio do Maranhão, estado onde nasceu: a vinagreira.
Como forma de complementar a renda, Raimundo vende os produtos da colheita e também as mudas aos interessados que passam pelas redondezas, mas os preços variam de acordo com a safra. Quando é grande, vende até a R$ 1,00, mas quando é pequena, os preços podem chegar a R$ 2,50 por maço de cheiro-verde.
Saindo do Jardim do Tropical e passando pela Rodovia Faruk Salmen, no Bairro Nova Vitória, é possível ver, à beira da estrada, a banquinha comandada por Raimundo Nonato Rodrigues, de 64 anos. Vendedor há cerca de dois meses, sempre teve o hábito do cultivo.
Sua pequena horta, no quintal de casa, abastece as ervas da banca, que são acompanhadas por diversos outros produtos vindos de pequenos produtores de outros estados, como Maranhão, Amapá e Piauí.
Assim, por meio de pessoas como Raimundo, Orácio, Maria e Nonato, a agricultura familiar segue em seu ciclo – sem o apoio da grande indústria –enquanto leva produtos de qualidade, que respeitam a terra, às feiras livres e a mesa do brasileiro. (Clein Ferreira)