Correio de Carajás

Agricultoras familiares vivem dia de troca de experiências em Jacundá

Produtos foram exibidos, experimentados e comercializados durante o Intercâmbio do Programa ATER Mulheres da Anater/Proambiente
Por: Da Redação

O município de Jacundá reuniu cerca de 50 agricultoras familiares de Marabá, Rondon, Itupiranga e Jacundá para uma troca de ideias, experiências, histórias de luta, superação e comercialização de sua produção agrícola.

O encontro partiu de uma iniciativa da Proambiente, que presta assistência técnica a 300 mulheres rurais, através do ATER Mulher da Anater/MDA, em cinco municípios do sudeste paraense. E, contou com a participação de representantes da Fetagri e da Prefeitura de Jacundá.

O evento realizado em Jacundá levou esperança e conhecimento acerca de cultivos de hortaliças, beneficiamento e comercialização de produtos, como licores, geleias, molhos de pimenta, refrigerante natural, banana chips, biscoitos etc.

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O Intercâmbio foi muito além de troca de informações sobre cultivos agrícolas e beneficiamento de produtos, pois serviu também para compartilhar suas histórias de vida e superação em momentos delicados, como é o caso de Leila Carvalho, uma das mais curiosas do evento, veio do projeto de assentamento Nova Canaã, em Rondon do Pará, atrás de mais conhecimento.

Leila passou vários anos numa profunda depressão, até que foi presenteada por uma orquídea e isso mudou sua vida. Hoje ela cultiva mais de trezentas orquídeas e outras flores, se livrando da depressão e de quebra viu sua renda melhorar. “O verde me salvou. Vivia sob os cuidados de marido e filho. Hoje tenho alegria de viver”, afirma Leila.

Leila emocionou a todos ao compartilhar história de superação através da primeira orquídea

Outra agricultora que ama o que faz é Mara Dalva do Nascimento, da comunidade Itacaiúnas, uma ocupação que existe há 13 anos, em Marabá. Dalva trabalha na produção de diversos doces de frutas da região. No encontro, contou como são feitos seus produtos e que dali tira muito do seu sustento. Mara, aos 56 anos, demonstra otimismo de um futuro melhor, dividindo seu tempo na produção de doces e nos estudos, onde cursa Matemática na Unifesspa.

O ponto alto do intercâmbio foi o cultivo de hortaliças em areia, de Tânia Nara Nascimento, que largou a profissão de cabeleireira e manicure para viver a vida rural, onde adquiriu uma pequena propriedade na Vicinal 03, em Jacundá. A reunião foi em seu lote, onde seus canteiros em areia, foi alvo de muitas curiosidades, recebendo dezenas de perguntas. Tânia pegou o microfone, venceu a timidez e foi dando uma aula a todas as outras agricultoras.

Tânia, com sua netinha no colo, carrega conhecimento e a certeza de um futuro melhor

Tânia levou planilhas, anotações de gastos e melhores produtos a serem usados, medição de insumos, adubação e todo esclarecimento em torno do assunto, provando que o cultivo de hortaliças em areia é mais barato e produtivo que o modo convencionar ou hidropônico.

A produção de Tânia não fica apenas nas hortaliças, vai desde criação de animais até beneficiamento de produtos agrícolas, molhos de pimenta e refrigerante natural. Confessando inclusive, que está desenvolvendo um pesticida natural para suas plantas e que cada cultivo é na base do empirismo.

Hector Leão e Tatiane Pereira que representam a Proambiente e coordenaram o evento, convergiam para o mesmo entendimento, se mostraram satisfeitos e emocionados com o encontro, vendo ali olhares de otimismo e esperança em cada camponesa.

O intercâmbio foi fechado por Caira Alves, secretária da mulher regional da Fetagri. Caira se comprometeu com as agricultoras, que vai levar informações sobre o projeto e buscar captar recursos junto ao governo federal. A secretária está participando da COP30 em Belém, que começou na segunda-feira (10), e diz que vai aproveitar o evento para chamar a atenção para políticas públicas voltada a mulheres da região, enfatizando as trezentas atendidas pelo projeto.

Caira, da Fetagri, se comprometeu a apresentar e cobrar mais políticas públicas voltadas à mulher

Caira recentemente reuniu com os principais órgãos do governo federal para discutir sobre diversas pautas para as mulheres da região e o Ater Mulher, que atende esse programa, foi uma reivindicação da Marcha das Margaridas, que é a maior manifestação de mulheres trabalhadoras rurais da América Latina, organizada a cada quatro anos em Brasília, para defender direitos sociais, combater a violência e promover a justiça social. “Vamos cobrar mais políticas públicas para a região e reivindicar o fomento do MDS para este programa e para outros projetos venham para nossa região”, finaliza Caira.