No mês dedicado à promoção do aleitamento materno, o Agosto Dourado, é essencial ampliar o olhar sobre a experiência da maternidade. Embora a amamentação seja frequentemente celebrada como um ato de amor e conexão, há um lado pouco falado: o sofrimento emocional das mães que, por diversos motivos, não conseguem amamentar.
A psicóloga Vanessa Feitoza Silva, coordenadora do Núcleo de Experiência Discente da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Marabá (antiga Facimpa), alerta para os impactos da pressão social sobre a saúde mental materna. “A amamentação se tornou o ideal de boa maternidade. E isso leva muitas mulheres a acreditarem que só são boas mães se conseguem amamentar”, explica. Quando esse ideal não se concretiza, surgem sentimentos de inadequação, culpa e frustração — muitas vezes intensificados por dificuldades como dor, baixa produção de leite, retorno precoce ao trabalho ou ansiedade.
Essa pressão transforma o ato de amamentar em uma performance, desviando o foco da relação afetiva entre mãe e bebê. Em casos mais graves, pode contribuir para quadros de ansiedade e depressão pós-parto, somando-se ao desgaste físico e emocional do puerpério.
Leia mais:Graça Maria dos Santos Silva tinha 39 anos quando sua filha nasceu, em outubro de 2012. Sem orientação adequada e sem uma rede de apoio, enfrentou sozinha os desafios da amamentação. A dor física se somava à angústia emocional de não conseguir oferecer o que acreditava ser o melhor para sua filha. A cada mamada, o peito voltava a ferir. A cada tentativa, a esperança se misturava ao medo.
O impacto foi tão profundo que Graça decidiu não ter outro filho. O trauma da amamentação deixou marcas que ultrapassam o físico. A ausência de acolhimento e de informação transformou o que poderia ser um momento de conexão em um ciclo de dor.
Vanessa destaca que esses sentimentos são humanos e comuns. “Somos seres constituídos por emoções. Sentir é estar vivo. A tristeza, a culpa e a frustração fazem parte da experiência humana, especialmente quando a realidade não corresponde ao que foi idealizado.”
Depressão pós-parto: sinais que passam despercebidos
Além dos sintomas clássicos, como tristeza persistente e apatia, a depressão pós-parto pode se manifestar de forma sutil: irritabilidade constante, sensação de desconexão com o bebê, alterações no sono e no apetite, e pensamentos recorrentes de inadequação. Muitas vezes, esses sinais são confundidos com o “normal” do puerpério, o que dificulta o diagnóstico e o cuidado adequado.
O suporte de profissionais da saúde — como enfermeiras e fisioterapeutas — é essencial para orientar sobre técnicas de amamentação e alternativas seguras. Mais importante ainda é reforçar que a legitimidade da experiência materna independe do método alimentar adotado. A presença afetiva é o que mais contribui para o desenvolvimento emocional do bebê.
A rede de apoio, formada por familiares, amigos e profissionais, deve ir além das orientações técnicas. Ela precisa validar as decisões da mãe, escutar com empatia e oferecer suporte prático para que ela possa descansar e se recuperar. Relatos como o de Graça não são exceção. É urgente que o Agosto Dourado também dê espaço às vozes que não brilham — às mães que sofrem, que se culpam, que se calam. A amamentação não pode ser uma imposição. Precisa ser uma escolha informada, respeitada e, acima de tudo, apoiada.
Sobre a Afya
Afya, maior hub de educação e tecnologia para a prática médica no Brasil, reúne 38 Instituições de Ensino Superior em todas as regiões do país, 33 delas com cursos de medicina e 20 unidades promovendo pós-graduação e educação continuada em áreas médicas e de saúde. São 3.653 vagas de medicina autorizadas pelo Ministério da Educação (MEC), com mais de 23 mil alunos formados nos últimos 25 anos. Pioneira em práticas digitais para aprendizagem contínua e suporte ao exercício da medicina, 1 a cada 3 médicos e estudantes de medicina no país utiliza ao menos uma solução digital do portfólio, como Afya Whitebook, Afya iClinic e Afya Papers. Primeira empresa de educação médica a abrir capital na Nasdaq em 2019, a Afya recebeu prêmios do jornal Valor Econômico, incluindo “Valor Inovação” (2023) como a mais inovadora do Brasil, e “Valor 1000” (2021, 2023 e 2024) como a melhor empresa de educação. Virgílio Gibbon, CEO da Afya, foi reconhecido como o melhor CEO na área de Educação pelo prêmio “Executivo de Valor” (2023). Em 2024, a empresa passou a integrar o programa “Liderança com ImPacto”, do pacto Global da ONU no Brasil, como porta-voz da ODS 3 – Saúde e Bem-Estar. Mais informações em http://www.afya.com.br e ir.afya.com.br.
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