A Polícia Civil do município de Uruará, na região sudoeste do Pará, encaminhou à esfera federal o inquérito que apura a agressão física contra um agente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) ocorrido na noite de terça-feira, 5, durante uma manifestação de moradores.
O servidor do Ibama, cujo nome não foi divulgado, acabou ferido na cabeça após uma garrafa de vidro ser arremessada por um manifestante. O objeto causou ferimento leve. O agente foi encaminhado ao Hospital Público de Uruará, onde recebeu atendimento médico e depois liberado. Em seguida, o caso foi registrado na Delegacia de Polícia Civil sob o crime de lesão corporal leve.
O clima está tenso entre moradores e agentes do Ibama, que realiza uma operação de combate ao desmatamento em terras indígenas. Na tarde de terça-feira houve a apreensão de um caminhão de madeira, o que teria motivado a manifestação dos moradores que incendiaram uma ponte para evitar a continuidade da operação no Travessão do KM 180 Norte, localizado próximo a sede municipal.
Leia mais:De acordo com o grupo de manifestantes, os agentes federais teriam incendiado ainda uma casa dentro de uma invasão e queimado dois caminhões com madeira. “Não aguentamos mais o modo como o Ibama tem agido com suas operações que afeta famílias de trabalhadores em suas propriedades privadas”, questiona um dos manifestantes.
No final do mês de abril, o prefeito de Uruará, Gilsinho Brandão, encaminhou à Justiça Federal um pedido para suspender a operação do Ibama que está há cerca de 30 dias no município. O gestor alega ainda que a situação se agravou diante da pandemia do novo coronavírus. “A Operação do Ibama tem promovido a movimentação dos agricultores e causando tensão social indo de encontro a tudo que todas as autoridades de saúde recomendam além do agravamento do problema social que estamos vivendo”, disse ao Portal de Santarém.
“Tal operação produzirá elevada movimentação de pessoas (são mais de 1.356 famílias residentes nesta área, são produtores familiares, ribeirinhos e beiradeiros, além dos agentes públicos que a operação demanda – servidores do IBAMA e forças de segurança, etc.), o que inevitavelmente vai gerar aglomeração de pessoas, pois trata-se de grave problema fundiário, resultante de mais de 30 anos de ocupação territorial, que envolve centenas de pessoas, sendo questão de elevado clamor social e emocional para as pessoas envolvidas e todos se sentirão e inevitavelmente irão buscar se reunir”, detalha o gestor na petição de paralisar a operação.
“É uma causa coletiva, muitas destas famílias não possuem outro lugar para morar, para onde reorganizar sua produção – seja cacaucultura, pecuária, piscicultura, etc. – pois que suas propriedades são tudo o que possuem de bens e a referência de toda a vida”, continua. (Antonio Barroso/freelancer)