A 3ª edição do Afrosil na Rua combinou arte e discussões pertinentes do mundo negro na noite deste sábado (28), em Marabá. A celebração que, pela primeira vez, contou com palco, sistema de som e proporcionou trocas únicas, combinou a vibrante cultura do afroempreendedorismo com a exuberante estética da periferia, promovendo fusão de talentos em um só lugar.
O evento começou às 10h e aconteceu na Folha 29, em frente ao salão Afrosil, que deu espaço para uma roda de conversa que explorou a coragem das mulheres afroempreendedoras das periferias. Manicures, tatuadoras, cabeleireiras e outros empreendedores locais compartilharam suas experiências, oferecendo um vislumbre inspirador de suas jornadas.
A reportagem deste CORREIO esteve no evento e pôde conferir de perto a determinação e resiliência dos envolvidos em mostrar que as periferias são verdadeiros viveiros de talentos.
Leia mais:Carol Afrosil, a mente brilhante por trás deste evento, introduziu o conceito de “aquilombar,” que, em essência, significa unir forças e trocar afeto: “O Afrosil na Rua busca tornar visível a comunidade da periferia, que é frequentemente esquecida pela sociedade em geral. É um chamado para a união e um lembrete de que as periferias são cheias de artistas, empreendedores e criativos que merecem reconhecimento”, disse.
Durante a noite, os presentes puderam curtir apresentações musicais que deixaram o público em êxtase. 6lack Jhef, produtor, marido de Carol Afrosil e cantor, compartilhou que a motivação por trás deste evento foi uma série de experiências anteriores que envolveram humilhação e desvalorização.
Ele apontou que muitas vezes a comunidade local, em sua maioria negra, não recebe o devido crédito por seu talento e expressão artística. Questionou por que a arte em Marabá não é valorizada como merece: “Eles simplesmente ouvem e tipo, ‘ah, não, nem botam fé’. Às vezes a música tá tão boa”.
O produtor aproveitou para citar o festival PSICA, de Belém, como uma inspiração. Ele e Carol esperam que o evento cresça ao longo de suas edições e consiga ser, cada vez mais, uma celebração expressiva.
Giovanna Marquioro, produtora convidada pelo casal para fazer parte desta edição, diz ter recusei ser atração do evento como DJ por achar que esse espaço não é dela. “Eu acho que tem dezenas de artistas em Marabá hoje que precisam desse espaço e querem ocupá-lo. Eu não tinha necessidade de fazer parte das atrações”.
Ela, que é uma mulher branca, explica que teve o prazer de colaborar com o Afrosil na Rua como produtora, pois entende que frente ao privilégio branco já teve diversas oportunidades de estar nos melhores bares e boates da cidade, enquanto os artistas do line do evento são ferozmente invisibilizados. Giovanna aprecia a ideia de que eles estão sendo vistos, hoje, num evento como esse.
O “Afrosil na Rua” não é apenas um evento, mas uma afirmação apaixonada de que a periferia de Marabá é uma fonte inesgotável de talento e criatividade. É uma exibição de força, resiliência e determinação que merece atenção. Caroline Afrosil e sua equipe planejam continuar expandindo esse movimento e fazê-lo florescer ainda mais a cada ano. (Thays Araujo)