Correio de Carajás

Aeroporto de Marabá tem duas interdições por dia por causa de obras na pista

Por conta disso, aviões de pequeno porte que chegam e saem da cidade nos horários de interdição acabam usando uma pista particular, numa fazenda próxima

Com vista pela cabeceira próximo ao Amapá, dá pra perceber que a pista do aeroporto está aumentando em extensão, para dar mais segurança a pousos e decolagens/Foto: DUO Produtora
Por: Ulisses Pompeu e Milla Andrade

Quem chega e sai do Aeroporto de Marabá João Corrêa da Rocha, nos últimos meses, tem percebido que há obras em andamento nas duas cabeceiras da pista e, ainda, no setor administrativo, com vistas à ampliação e modernização, implementadas pela Aena Brasil, conforme este Correio divulgou ainda ano passado.

No dia 2 de junho último, as obras e interrupções iniciaram, gerando um novo protocolo de segurança operacional e a liberação só ocorre quando as aeronaves de grande porte (de carreira) aterrissam e ficam em solo marabaense, mas eles também têm horários para decolar, caso contrário ficam presos até a abertura da próxima janela.

Máquinas buscam terra de área paralela à pista para dar celeridade às obras durante as interdições de pousos e decolagens/ Foto: DUO Produtora

A previsão, segundo informou a Aena, é que as obras sejam concluídas em 16 de janeiro de 2026, portanto, daqui a pouco mais de dois meses.

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Os horários de interdição da pista do Aeroporto para execução de obras são os seguintes:

Segunda a sábado, até o dia 9 deste mês de novembro: das 6h10 às 13h30; e das 15h30 às 23h45.

A partir do dia 22 deste mês até o dia 16 de janeiro de 2026, o aeroporto fica interditado apenas de 6h10 às 13h30. Aos domingos não ocorrem interdições.

Na área administrativa, as obras também estão em andamento e devem ser concluídas em 2026/ Foto: DUO Produtora

As aeronaves de pequeno e médio portes que precisam chegar a Marabá durante os horários de interdição, acabam aterrissando em uma pista de terra na fazenda Colombo, de propriedade do pecuarista Hélio Júnior, que fica a cerca de 10 Km do Aeroporto João Correa da Rocha, na estrada do Rio Preto, conforme levantou a Reportagem do CORREIO junto a empresários do ramo de aviação.

Procurada pela Reportagem do CORREIO, por e-mail, a Aena Brasil explicou que as obras visam ampliar o terminal de passageiros de 1.800 m² para 5.124,92 m². Com isso, a sala de embarque terá quatro portões, com uma área pública 3,6 vezes maior que a atual.

Além disso, haverá 16 balcões de check-in; dois controles de segurança; duas esteiras para restituição de bagagens; pátio para quatro aeronaves tipo C; haverá, também, duas novas áreas de escape nas cabeceiras da pista; ampliação da via de pedestres; revitalização do pavimento da pista e do pátio de aeronaves.

No caso do Aeroporto de Carajás, as obras também estão em execução para ampliação do terminal de 800 m² para 4.700 m²; a sala de embarque terá dois portões, a área pública será 14 vezes maior que a atual, com 8 balcões de check-in, controle de segurança; restituição de bagagem com uma esteira; pátio para três aeronaves; novas áreas de escape nas duas cabeceiras da pista; nova área técnica; ampliação do estacionamento; e novos edifícios de apoio.

De janeiro a julho de 2025, os aeroportos de Marabá, Carajás (em Parauapebas), Santarém e Altamira, administrados pela Aena Brasil, viveram um cenário de contrastes. O fluxo de passageiros mostrou sinais de recuperação, mas ainda com oscilações. Já a movimentação de cargas seguiu em queda, reforçando um desafio logístico para a região.

O mês de julho, tradicionalmente impulsionado pelas férias escolares, registrou aumento no número de passageiros em todos os quatro terminais, superando os resultados de janeiro e dos meses anteriores. Ainda assim, os números ficaram abaixo do mesmo período de 2024 em Marabá, Santarém e Altamira.

Várias áreas entre o saguão e o pátio de aeronaves estão fechadas por tapumes no Aeroporto de Marabá/ Foto: Ana Glediston

NÚMERO DE PASSAGEIROS

De acordo com dados da Aena Brasil, o aeroporto de Marabá iniciou o ano com 29.927 passageiros em janeiro, caiu em fevereiro, ensaiou recuperação em março (30.167) e alcançou 32.986 em abril. Maio manteve a curva de alta, seguido por leve queda em junho. Em julho, o terminal atingiu o melhor resultado do semestre, com 36.271 passageiros. Apesar do avanço, o volume ainda representa diminuição de 2,4% frente ao ano passado, já que as obras desviaram algumas aeronaves para uma pista particular.

Na movimentação de cargas, a instabilidade foi ainda mais evidente: 65 toneladas em janeiro, alta em fevereiro (83), mas sucessivas quedas até julho, quando fechou em 100 toneladas, acima do início do ano, mas distante do potencial histórico do terminal.

Em Carajás, o movimento de passageiros cresceu de forma significativa. Após cair de 20 mil em janeiro para 17.118 em fevereiro, o aeroporto retomou o crescimento mês a mês até chegar a 23.864 embarques e desembarques em julho. A movimentação de cargas, no entanto, não acompanhou o ritmo. O volume passou de 27 toneladas em janeiro para 32 em julho, com variações discretas e abaixo do registrado no ano passado.

Santarém manteve a liderança regional, mas também enfrentou oscilações. Foram 40.341 passageiros em janeiro, queda em fevereiro (32.911) e recuperação gradual nos meses seguintes. Entre maio e julho, consolidou sua posição com 42.197, 43.339 e 44.782 passageiros, respectivamente.

O transporte de cargas, contudo, caiu após o pico de 199 toneladas em fevereiro. Houve redução em março (150) e abril (140). Julho encerrou em 181 toneladas, ainda expressivo, mas abaixo do registrado no ano anterior.

Menor entre os terminais, Altamira manteve estabilidade em números reduzidos. Foram 6.465 passageiros em janeiro, queda em fevereiro (6.342) e retomada a partir de março, com variação entre 6.516 e 7.732 até julho. Apesar da alta durante as férias, foi o único aeroporto a registrar diminuição de passagens em todos os meses.

Na carga, o volume foi quase simbólico: 8 toneladas em janeiro e fevereiro, queda para 6 em março, abril e maio, 5 em junho e leve reação em julho, com 9 toneladas.

A Aena diz que a interdição da pista em alguns horários do dia termina no dia 16 de janeiro de 2025/ Foto: Ana Glediston

O RETRATO DO SEMESTRE

O balanço dos primeiros sete meses mostra que os aeroportos analisados seguem como corredores estratégicos para a mobilidade aérea, com destaque para Marabá, Carajás e Santarém. No entanto, o transporte de cargas permanece como o elo mais frágil da cadeia logística.

Em um estado que depende do modal aéreo para integrar regiões isoladas, a redução no transporte de mercadorias evidencia a necessidade de rever estratégias de abastecimento interno.

Os passageiros ganharam até um túnel para evitar acesso aos locais das obras que estão em execução/ Foto: Ana Glediston

O IMPACTO DAS FÉRIAS

O mês de julho confirmou a força da alta temporada para as viagens de avião nos aeroportos paraenses. Marabá teve o maior salto em relação ao início do ano, com mais de 6 mil passageiros a mais que em janeiro. Carajás seguiu em crescimento constante, reforçando seu papel para a região mineradora. Santarém ampliou a liderança absoluta, enquanto Altamira registrou seu melhor resultado do ano, ainda que, de maneira reduzida.

Embora haja um grande registro de voos no mês de julho, as cargas continuaram em patamares baixos, mostrando que o aquecimento da alta temporada ainda não se reflete no uso logístico dos terminais. Os dados evidenciaram que algumas cidades avançaram, outras seguem em busca de recuperação pós-pandemia. No entanto, o desempenho do segundo semestre será decisivo para confirmar se as tendências de crescimento vão se consolidar na região.