Os advogados Arnaldo Ramos de Barros Júnior e Wandergleisson Fernandes ficaram de ingressar com pedido de anulação do tribunal do júri da Justiça Federal que condenou Elziane Neres Lima a 21 anos de prisão. Os criminalistas entendem que não havia provas materiais que pudessem incriminar sua cliente. Ela está nos Estados Unidos e deve ser deportada para começar a cumprir pena em regime fechado no Brasil.
Elziane era acusada de quatro crimes de tráfico internacional de mulheres para fins de exploração sexual; e também de ser mandante de um homicídio ocorrido em Eldorado do Carajás, em 2004. Ela foi condenada pelo homicídio e por uma das quatro acusações de tráfico de pessoas, sendo absolvida das outras três.
A reportagem apurou que o placar da votação dos jurados foi de 4×3 para todos os casos, tanto para as três absolvições quanto para as duas condenações, deixando claro que a decisão dos jurados não foi uma escolha fácil.
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O julgamento aconteceu no Salão do Tribunal do Júri, no Fórum de Justiça Estadual em Marabá, mas o processo tramita na Justiça Federal, porque o assassinato teve ligação com o tráfico internacional de mulheres, do Brasil para os EUA.
AS ACUSAÇÕES
Elziane foi denunciada por facilitar a entrada ilegal de quatro mulheres nos Estados Unidos. De acordo com a denúncia, ela obrigava essas mulheres a trabalharem como dançarinas em casas noturnas e a se prostituírem, com o objetivo de quitar suposta dívida com ela, pelos custos da viagem.
Mas os jurados entenderam que em três dos casos não havia provas contra ela. Apenas na acusação envolvendo Sheila Ribeiro, os jurados entenderam que ela tinha culpa. Isso porque esse Sheila teria se recusado a se prostituir e, por isso, Elziane passou a ameaçá-la, dizendo que iria mandar matar alguém da família dela que morava em Eldorado.
Nesse período, a irmã de Sheila, Solange Ribeiro foi assassinada em circunstâncias muito estranhas. Diante disso, Elziane passou a ser investigada e foi por fim acusada como mandante do crime e agora condenada.
Mas, chama atenção o fato de que os homens que foram presos como autores do crime chegaram a ser presos e foram levados a tribuna do júri, mas foram absolvidos. Esse é um dos fatos nos quais a defesa se apega para pedir um novo julgamento. (Chagas Filho)