📅 Publicado em 07/08/2025 14h08✏️ Atualizado em 07/08/2025 16h00
Tentando anular desde ontem o Tribunal de Júri em que Will Sousa é réu pela morte de Flávia Alves, a advogada Cristina Longo conseguiu cancelar a sessão no início da tarde desta quinta (7) ao abandonar a defesa.
A juíza Alessandra Rocha, presidente da Sessão do Tribunal do Júri, redesignou o julgamento, mas ainda não foi informada a nova data.
Cristina Longo foi destituída da defesa pela magistrada. Em um primeiro momento, a responsável pelo caso de Will será a Defensoria Pública, para onde a juíza já determinou a remessa dos autos. “Acredito que não tem como não realizar a destituição da defesa, até porque, nessas circunstâncias, o réu ficou sem defesa, o réu está aqui sozinho”, afirmou a magistrada.
Leia mais:Além disso, Alessandra Rocha informou que irá notificar a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Subseção de Marabá e o Comitê de Ética sobre a atuação da advogada, considerando, segundo ela, que a urbanidade no trato e no desenvolver dos trabalhos não coadunam com o que se espera a partir do Estatuto de Ética da OAB.
MANDADO DE SEGURANÇA
Antes de iniciar o júri, Cristina Longo informou ao Correio de Carajás que havia impetrado um mandado de segurança no Tribunal de Justiça do Estado do Pará para suspender ou adiar a sessão.
Conforme ela, o Ministério Público informou à magistrada responsável pelo caso que provas não foram colocadas no prazo correto, o que, alega, não ocorreu. “Sabemos o que a gente fez e estamos dentro do prazo, não concordamos de forma alguma com essa situação”, diz.
BATE BOCA
O cancelamento de Belém não veio e, ao longo da sessão, a advogada se exaltou diversas vezes. A juíza Alessandra Rocha chegou a cortar o microfone dela.
A situação ocorreu em meio ao depoimento de Walter Ruíz, delegado de Polícia Civil que presidiu o inquérito do caso Flávia Alves. A advogada passou a fazer questionamentos incisivos sobre a condução das investigações e tanto ela quanto a autoridade policial ficaram exaltados.
A juíza precisou intervir para Cristina Longo moderar as perguntas, mas em seguida houve nova exaltação por parte de Cristina, levando a juíza a silenciar o microfone.
Durante a discussão, Cristina disse a Magella que “o teu papel seria promover e o meu defender. O teu papel não está sendo cumprido e o meu está”. Na sequência, a promotora, de maneira veemente, exigiu que a advogada de defesa a respeitasse. “Me chame de excelência ou de senhora”, determinou Magella.
Enquanto as duas trocavam duras palavras, a juíza pedia ordem no tribunal e que Cristina se acalmasse. Ao final do bate-boca, Cristina tirou a beca, abraçou Willian e se retirou.
O Correio de Carajás não conseguiu ouvir a advogada após sua retirada do salão de júri e a mãe de Willian, profundamente abalada e em prantos, não teve condições de gravar com a reportagem. Por sua vez, Cristine Magella foi ouvida.
PROMOTORA CRITICA POSTURA DE ADVOGADA
Ela criticou a postura da defesa e afirmou que, desde o início da sessão, houve tentativas de anular o julgamento com base em argumentos considerados infundados. Segundo Cristine, Cristina Longo tentou dissolver o conselho de sentença alegando nulidades processuais, como a juntada de documentos fora do prazo legal.
“Ela apresentou documentos no domingo e na segunda-feira, o que desrespeita o artigo 479 do Código de Processo Penal, que exige que qualquer material a ser exibido em plenário seja juntado com antecedência mínima de três dias úteis”, explica a promotora. O pedido já havia sido indeferido pela juíza responsável, com base em manifestação do Ministério Público, mas foi reiterado durante a sessão, gerando reação da plateia, especialmente de familiares da vítima.
Com a insistência e sem novos encaminhamentos viáveis para a defesa do réu, a advogada deixou o plenário e desconstituiu sua procuração, o que, segundo Cristine Magella, poderá ser analisado pelo Conselho de Ética da OAB. “Isso gera prejuízo até mesmo ao próprio cliente. Agora ele precisa constituir outro advogado ou será assistido pela Defensoria Pública”, afirma. A promotora também lamenta a situação: “Não é a postura que esperamos de advogados atuantes no Tribunal do Júri ou mesmo em qualquer processo”.
Ainda de acordo com a promotora, a juíza determinou que Willian Sousa permanecerá preso preventivamente, já que o motivo do adiamento partiu da própria defesa. No entanto, a remarcação da sessão ainda não tem data definida. Cristine ressaltou que a pauta do Tribunal do Júri em Marabá está lotada até o fim do ano, já que os julgamentos ocorrem apenas às quintas-feiras.