Correio de Carajás

Adonei finge caridade após Justiça obrigá-lo a empossar concursados

Após mais de três anos de luta para serem empossados em um concurso realizado em 2016, 332 candidatos aprovados no Município de Curionópolis são forçados a lidar com a Prefeitura fingindo um ato de caridade a favor deles. A cerimônia de posse ocorreu nesta segunda (3), após o município ser obrigado a cumprir decisão do juiz Thiago Vinicius de Melo Quedas em ação ajuizada pelo Ministério Público.

Em nota divulgada pela Prefeitura Municipal, a administração afirma que poderia recorrer da decisão judicial, “mas o prefeito Adonei Aguiar, sensibilizado com os servidores que estavam sem trabalho no período da pandemia provocada pelo Novo Corona Vírus, decidiu acatar a ordem judicial e deu posse aos novos servidores”.

O posicionamento é uma piada de mau gosto com quem brigou contra o próprio Adonei para ter o direito reconhecido. O certame foi realizado no último ano de mandato do prefeito Wenderson Chamon, o Chamonzinho, atualmente deputado estadual. Conforme Bruno Rafael Costa Cunha, admitido para o cargo de motorista, os aprovados chegaram a entregar a documentação.

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Acontece que em 2017 Adonei Aguiar assumiu a prefeitura e o sonho dos aprovados virou pesadelo. Outro concursado, Edison Sousa da Silva, também empossado como motorista, conta que o grupo passou a acompanhar dezenas de contratações sem justificativa feitas pela administração pública. “A nova gestão infelizmente caiu na mão de Adonei Aguiar e ele começou a contratar gente a torto e direito”.

Bruno retoma a história contando que em meio a esse cenário o prefeito utilizou um vereador para dar entrada em uma ação judicial que acabou suspendendo temporariamente o concurso. O certame, entretanto, foi novamente validado no mesmo processo, mas a administração de Adonei não acatou e passou a recorrer de todas as decisões.

Após manifestações e muita briga, o Ministério Público entrou na disputa e moveu ação que foi julgada a favor dos concursados e fez o órgão ministerial pressionar o cumprimento. A intimação foi entregue ao então prefeito Raimundo Nonato Holanda da Silva – uma vez que Adonei estava afastado por corrupção – e ele retomou o trâmite para posse.

“Em 8 de junho entregamos de novo a documentação e em 18 de junho fizemos exames médicos. Aí publicaram o termo de nomeação em diário oficial, para poder cumprir com o prazo judicial. Em seguida, pediram 30 dias para organizar a posse e lotação dos servidores. Esse prazo acabava justamente neste dia 3 (segunda)”, resume Edison.

Bruno conta que quando os concursados souberam que Adonei voltaria a assumir o cargo um frio percorreu a espinha de todos. “Ficamos preocupados, na última reunião antes dele voltar, com o procurador, perguntei se o Adonei poderia interferir no nosso processo, mas ele (procurador) disse que não porque o prazo de recurso já tinha acabado”, relembra.  

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Nem mesmo o dia obrigatório da posse foi fácil para a turma de concursados. O termo estava agendado para ser entregue às 8 horas desta segunda, mas acabou entregue apenas meio-dia.

“Hoje (terça) amanhecemos felizes, com a sensação de missão cumprida porque não foi fácil, foi árdua nossa batalha”, observa Bruno. Edison diz finalmente se sentir uma pessoa contemplada. “A partir de agora vamos nos comprometer em dar o melhor de nós ao serviço público e à Prefeitura de Curionópolis”, finaliza. (Luciana Marschall)