Correio de Carajás

Adolescentes são os mais “fujões” da vacina em Marabá

No dia 19 de janeiro de 2021, Marabá comemorava a primeira pessoa vacinada, a agente de serviços gerais do HMM, Rosinalva Castro. Desde então, ultrapassamos a marca de 182 mil vacinados e, embora a situação ainda seja de alerta, há luz de esperança: a vacinação.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as vacinas contra a Covid-19 foram testadas em grandes ensaios e estudos controlados que incluem pessoas de diferentes faixas etárias, sexo, etnias e condições crônicas. No Brasil, todo material utilizado ainda tem que ser aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) antes de chegar no braço.

Mesmo com tantos estudos e informações dos especialistas e órgãos competentes, muitas mentiras e questionamentos ainda circulam, criando dúvidas na população, principalmente sobre a segurança e eficácia das vacinas, além da necessidade de tomar todas as doses.

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Esquema vacinal completo

Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde do Pará (Sespa), atualizados em 3 de fevereiro, em Marabá a maior taxa de pessoas que não retornam para completar o esquema vacinal estão entre os adolescentes de 12 a 17 anos. Foram 22.929 vacinados com a primeira dose, o equivalente a 75,11% do programado, contra 7.412 vacinados com a segunda dose, o que equivale a apenas 24,28% da meta.

“Já estamos dentro do prazo que essa faixa etária deveria ter tomado a segunda dose. Houve muita empolgação e foi um público que procurou se vacinar no começo, mas não retornou para tomar a segunda dose. Pedimos aos jovens e seus pais que se conscientizem e completem o esquema vacinal”, pede Fernando Gomes, coordenador de imunização da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

As pessoas que se recusam a vacinar ou a completar o esquema vacinal estão entre as principais causas dos aumentos de internações e óbitos no município. Após meses com apenas 2 óbitos, em janeiro o município voltou a registrar 20 mortes e em fevereiro já são 9 óbitos registrados em 11 dias. Segundo dados da Sespa 94% dos pacientes em UTI no estado não estão com o esquema vacinal completo.

“É bem evidente que temos uma variante transmissível e que temos um aumento no número de casos, como vem ocorrendo em todo mundo”, explica o médico infectologista do município, Harbi Othman, destacando que o aumento das estatísticas de mortes não é maior por causa da vacina. “Esse impacto da vacina é visível”, completa.

Vacinação infantil

Atualmente, há duas vacinas liberadas para as crianças, a Pfizer e a Coronavac. A médica pediatra, Maria Angélica Carneiro da Cunha, explica que as vacinas atuam com uma partícula do vírus e que não podem induzir infecções ou doenças. “Elas mimetizam o vírus e induzem a imunização. Muitas vacinas no mercado utilizam o vírus enfraquecido. Essa é uma partícula do vírus ou o vírus morto. A vacina não é capaz, pela própria constituição dela, de induzir uma infecção ou a doença”, explica.

Ela explica que todo medicamento ou vacina existentes possuem efeitos adversos, mas estes não são justificativas para não se medicar ou imunizar. “Temos que colocar na balança o risco e benefício que enfrentamos. É melhor o efeito colateral da vacina ou o risco da doença? A vacina só é liberada depois da fase 3 ou 4 da pesquisa. Não é algo que está sendo experimentado. É algo que já está em fase de controle clínico para a população”, reforça

Ela também ressalta como as fake news têm efeito negativo na atuação dos órgãos de saúde e pede que a população imunize seus filhos. “Os Estados Unidos vacinaram 8 milhões de crianças e não há nenhum caso de morte por vacina. As notícias falsas têm atrapalhado nosso trabalho”.

O infectologista, Doutor Harbi Othman, também desmistifica alguns boatos que circularam pela internet, como a de que a vacina provoca risco de miocardite. “As crianças têm um risco menor de ter miocardite pela vacina do que de desenvolver a doença por causa do vírus da covid. A vacina acaba sendo uma proteção contra miocardite inclusive”.

Estratégias

A secretária adjunta de saúde, Mônica Borchat, explica que a SMS está trabalhando na conscientização e informação à população e que as vacinas continuam disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e que a secretaria retomará a vacinação itinerante. (Fonte: Secom PMM)