Correio de Carajás

Acusado de fornecer faca usada em homicídio é inocentado em júri popular

De camisa branca, de costas Cauan narra sua versão dos fatos/ Foto: Luiz Carlos Silva/Correio de Carajás

Em Sessão do Júri realizada na manhã de ontem, terça-feira (8), na Câmara dos Vereadores de São Domingos do Araguaia, Cauan Santos Lima foi inocentado da acusação de ter participado do homicídio de Jamilton Brito Ferreira, o “Piauí”, na época com 42 anos. O crime ocorreu há quase cinco anos.

O julgamento teve início por volta das 9h40 e só foi concluído pouco antes 14h, sendo aberto ao público, embora pouca gente tenha comparecido à sessão. Estiveram presentes o promotor de justiça Gilberto Lins, fazendo a acusação, o juiz Bruno Felipe Espada, presidindo a sessão, e o defensor público Luiz Paulo Cardoso, que fez a defesa do réu, além de sete jurados e quatro testemunhas do caso, entre elas a viúva, um vizinho e o escrivão de Polícia Civil que registrou o boletim de ocorrência.

Durante a sessão, as testemunhas relataram que Cauan dos Santos teria entregado uma faca a Anderson Bezerra dos Santos, que a usou para desferir os golpes na vítima. Essa versão foi confirmada pelo réu, mas alegando não saber que a faca seria usada para matar alguém.

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Em uma audiência feita por videoconferência em 2020, época da pandemia, a avó do réu informou que dias antes do crime o neto tinha a arma do crime, que pertencia a Anderson Bezerra, guardada em casa. No dia do acontecido, relatou ela, Cauan teria pedido a faca em tom elevado à avó, que intimidada a entregou. Cauan então passou a faca para Anderson, que seguiu cometer o crime.

Em sua defesa, Cauan confessou que de fato a arma estava guardada em sua casa, mas que devolveu ao dono sem saber que ele premeditou matar a vítima. “Ele disse que só ia ‘furar’ o Piauí, a faca era dele, eu tive que devolver”, argumentou durante o julgamento. Cauan dos Santos ainda chegou a ficar preso por quase seis meses por conta do crime. Atualmente, mora e trabalha como pintor industrial em Canaã dos Carajás.

Anderson Bezerra está foragido desde o crime

Depois de todas as partes terem apresentado suas versões, o caso passou por votação dos jurados, que, em unanimidade, decidiram que Cauan não teve culpa na morte.

Ao Correio de Carajás, o defensor público Luiz Paulo Cardoso disse estar satisfeito com o resultado. “Estou feliz com o que ficou decidido porque vejo que não houve prova concreta que apontasse a vontade ou dolor de que o réu ágil com a intenção de matar a vítima”, comentou, acrescentando que o corpo de jurados entendeu que não havia prova para a condenação do réu.

O promotor de justiça do município, Gilberto Lins, informou que irá analisar se o Ministério Público irá recorrer da decisão. “No momento, preferimos não nos manifestar, mas se o MP entender que é possível, há sim a possibilidade de recorrer”, disse.

O CASO

Conforme a investigação da Polícia Civil, na tarde de 26 de outubro de 2019, Jamilton Brito Ferreira, o “Piaui”, estava bebendo em um bar na esquina entre as ruas Aloísio Chaves e José Mota, no bairro Novo São Domingos, quando Anderson Bezerra teria o afrontado. Antes de ser iniciada uma briga, a vítima foi levada embora por algumas pessoas que estavam no estabelecimento. Anderson, contudo, teria ido até Cauan para pegar uma faca que lhe pertencia e, em seguida, foi atrás de Jamilton Brito.

Jamilton Brito foi morto em 2019

A vítima estava na frente de casa, na travessa Luiz Carlos Lopes, a uma quadra de onde a confusão teria começado, encostada em um carro na companhia de vizinhos e da mãe, quando Anderson Bezerra chegou com a arma em punho. Na frente de todos que ali estavam, ele golpeou a vítima seis vezes. Em seguida, fugiu em uma motocicleta que era pilotada por outra pessoa e que está foragida até hoje.

Jamilton ainda foi socorrido pelos vizinhos e levado às pressas ao hospital, mas devido à gravidade dos ferimentos precisou ser transferido para o Hospital Municipal de Marabá (HMM), onde acabou morrendo.

Conforme Cauan, após ser liberto da prisão, ele chegou a ir na casa da viúva levar condolências pela perda de um filho, de quem era muito amigo, morto em 2020 em um acidente de trânsito.

(Luiz Carlos Silva – Freelancer)