Correio de Carajás

Acusado de atentado à sede da Porta dos Fundos está preso no Rio

Brasileiro foi preso pela Interpol em Moscou em setembro de 2020 e, em janeiro de 2022, a Justiça russa autorizou a extradição. Fauzi é suspeito de integrar o grupo que jogou coquetéis molotov na fachada da produtora, no Rio.

O economista e empresário Eduardo Fauzi, suspeito de integrar o grupo que jogou coquetéis molotov na fachada da produtora Porta dos Fundos, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, foi extraditado da Rússia – em guerra com a Ucrânia – para o Brasil nesta quinta-feira (3).

Fauzi chegou ao Brasil pelo Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, e a extradição foi concluída com a chegada dele ao Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio. Durante o trajeto da Rússia ao Brasil, o homem foi escoltado por agentes federais.

Em Moscou, Fauzi foi conduzido por policiais brasileiros da Interpol. Chegando ao Rio, ele ficará preso no Presídio José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte carioca. A informação foi confirmada pelo g1.

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De acordo com o site “Argumenty i Fakty”, a assessoria de imprensa do Ministério do Interior da Rússia informou que a extradição ocorreu no Aeroporto Internacional de Vnukovo.

Eduardo Fauzi foi preso pela Interpol em Moscou em setembro de 2020. Em janeiro de 2022, a Procuradoria-Geral da Rússia autorizou a extradição dele.

O ataque contra a produtora aconteceu em dezembro de 2019, na véspera do Natal. Os investigadores afirmam que cinco pessoas participaram do crime e que Fauzi foi o único que fugiu com o rosto descoberto.

A defesa de Fauzi confirmou a extradição e disse que ele será conduzido ao sistema de detenção provisória do RJ.

“A defesa aguarda deliberação do MPRJ sobre eventual denúncia a ser formulada, assim como a reavaliação da prisão preventiva do Eduardo pela justiça estadual. A defesa entende que a prisão cautelar – com a conclusão do processo de extradição – perde todos os fundamentos, reafirma o desejo do Eduardo em colaborar com a Justiça, com a entrega de documentos como do passaporte pessoal. Por fim, em breve, após contato com Eduardo em solo brasileiro, a defesa emitirá nota atualizada sobre seu retorno ao país”, acrescentaram os advogados.

O ataque

 

Produtora do Porta dos Fundos é alvo de ataque no Rio — Foto: Arquivo Pessoal
Produtora do Porta dos Fundos é alvo de ataque no Rio — Foto: Arquivo Pessoal

Segundo a investigação da Polícia Civil do Rio, cinco criminosos participaram do ataque à Porta dos Fundos, em 24 de dezembro de 2019, poucos dias depois de o grupo exibir um programa especial de Natal, no Netflix, que insinuava que Jesus Cristo teve uma experiência homossexual depois de 40 dias no deserto.

Foram arremessados coquetéis molotov na fachada da produtora. O grupo fugiu do local.

Fauzi foi flagrado por câmeras de segurança depois de descer do veículo usado na fuga, momentos depois do ataque. Para identificar o suspeito, os policiais analisaram gravações de mais de 50 câmeras de segurança.

A avaliação de integrantes do grupo é a de que, caso não houvesse um segurança no local, todo o prédio poderia ter pegado fogo. Ninguém ficou ferido.

Fauzi chegou a ser réu na Justiça Federal pelo crime de terrorismo, mas uma nova decisão, do desembargador Marcello Ferreira de Souza Granado, mudou a tipificação. O caso saiu, então, da competência da Justiça Federal e os autos retornaram para a Justiça do Rio de Janeiro.

Passagens na polícia

Eduardo Fauzi Richard Cerquise tem 41 anos e é formado em economia pela UFRJ. Cinco dias após o ataque contra a produtora Portas dos Fundos, ele foi identificado pela polícia e teve a prisão decretada. Contudo, nesse momento, ele já tinha deixado o país. A fuga foi premeditada, como ele afirmou em uma entrevista ao site do projeto Colabora.

“Achavam que fui muito estúpido para não cobrir o rosto e não alterar a voz, mas fui conectado o suficiente pra ser avisado do mandado de prisão a tempo de viajar pra fora do país”, disse Fauzi.

Eduardo Fauzi tem uma vasta ficha criminal: doze passagens pela polícia. É investigado pela prática de crimes como ameaça, lesão corporal e formação de quadrilha. Em 2013, foi acusado de manter um estacionamento irregular no Centro do Rio de Janeiro.

Ele também mostrou seu temperamento agressivo durante uma fiscalização da prefeitura, ao agredir pelas costas o então secretário municipal de Ordem Pública do Rio, Alex Costa, enquanto ele dava uma entrevista. Fauzi foi processado por agressão pelo tapa. Mas o crime prescreveu antes que ele fosse julgado.

Eduardo também já foi acusado de crimes duas vezes por sua ex-mulher, com quem teve dois filhos.

Segundo documentos obtidos pelo Fantástico, a primeira acusação foi feita em 2009. O casal estava na rua, no bairro de Botafogo, na Zona Sul do Rio, quando discutiu. Segundo consta no boletim de ocorrência, a ex mulher foi empurrada por Eduardo e começou a gritar por socorro. Os dois acabaram sendo levados para a delegacia por policiais militares.

Eduardo Fauzi no embarque no Aeroporto do Galeão no dia 29 de dezembro  — Foto: Reprodução/ TV Globo
Eduardo Fauzi no embarque no Aeroporto do Galeão no dia 29 de dezembro — Foto: Reprodução/ TV Globo

A segunda acusação foi registrada em 2016. Depois de cobrar na Justiça o pagamento de pensão alimentícia, a ex-mulher afirmou em depoimento ter recebido as seguintes ameaças:

  • “Posso te prejudicar de várias maneiras”.
  • “Você anda muito sozinha na rua. Cuidado com o que pode acontecer com você”.

 

Após o ataque à produtora, a polícia apreendeu, na casa de Fauzi e em outros dois endereços ligados a ele, R$ 119 mil, duas armas de brinquedo, facas, e uma camisa de uma associação que se diz nacionalista.

Em janeiro de 2020, o economista e empresário foi expulso do PSL, legenda à qual era filiado desde outubro de 2001.

(Fonte:G1)