Correio de Carajás

Acusado de assalto quase é morto pela população

Não é exagero dizer que guardas civis municipais salvaram a vida de Romário dos Santos Ozório, de 23 anos, acusado de roubar uma moto na cidade de Parauapebas, junto com outro comparsa, que estava armado e conseguiu fugir com a motocicleta roubada. Romário, por sua vez, não teve a mesma sorte: foi apanhado pelos populares e levou uma surra daquelas. Parte do espancamento foi filmada e circula em pelo menos dois vídeos diferentes em grupos de WhatsApp desde o feriado de 1º de maio, data do assalto na Cidade Jardim.

O caso se registrou por volta de meio-dia, quando a equipe da Guarda Municipal de Parauapebas, composta pelo inspetor Oliveira e pelos agentes Diones Silva, Gesiel e Moisés, foi acionada por populares de que uma pessoa estava sendo linchada na Avenida C, na Cidade Jardim. Chegando ao local foi constatada a veracidade dos fatos.

#ANUNCIO

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O acusado se identificou e disse ser morador de Curionópolis. Quando foi pego, ele estava em outra motocicleta, uma Titan 150 de cor branca e placa OTQ-7776, sem registro de roubo. Romário foi levado ao hospital para atendimento, já que estava bastante ferido, e em seguida foi apresentado na 20ª Seccional de Polícia Civil de Parauapebas.

Iconografia da violência

Chama atenção neste caso os vídeos gravados com parte do espancamento do acusado. Sentado no chão e sem camisa, ele é agredido a chineladas, com um capacete, pontapés e socos por uma multidão que deseja extravasar toda a raiva contra o sujeito que representa o ataque a seu direito de propriedade e ao direito de sair de casa sem ser ter uma arma apontada contra sua cabeça.

Em um dos vídeos, enquanto o acusado é espancado, uma voz grita ao fundo, mais de uma vez: “Mata logo!” Ao mesmo, o dono da moto roubada afirma, olhando nos olhos do assaltante: “Tu roubou o cara errado”. A reação das pessoas é compreensível, dado o alto índice de roubo ao patrimônio em Parauapebas e no Brasil, de forma geral. Mas as cenas abrem espaço para questionamentos, como, por exemplo, até que ponto o cidadão tem direito de promover linchamentos medievais em plena praça pública?

Em um dado momento do vídeo, a vítima tenta amarrar o assaltante com um fio, para que ele espere imobilizado a chegada das autoridades de segurança. Nessa hora é possível ver as mãos da vítima manchadas de sangue; não por acaso o mesmo sangue que escorre do corpo do assaltante. Ironicamente, talvez seja apenas isso, o sangue, um ícone de violência, o único traço de humanidade registrado nos vídeos. 

Saiba mais – Depois de escapar do linchamento, que poderia terminar em morte, o acusado foi levado a audiência de custódia, na 1ª Vara Criminal de Parauapebas, onde o juiz Ramiro Almeida Gomes, manteve a autuação em flagrante por roubo majorado.

(Chagas Filho com informações de Ronaldo Modesto)

Não é exagero dizer que guardas civis municipais salvaram a vida de Romário dos Santos Ozório, de 23 anos, acusado de roubar uma moto na cidade de Parauapebas, junto com outro comparsa, que estava armado e conseguiu fugir com a motocicleta roubada. Romário, por sua vez, não teve a mesma sorte: foi apanhado pelos populares e levou uma surra daquelas. Parte do espancamento foi filmada e circula em pelo menos dois vídeos diferentes em grupos de WhatsApp desde o feriado de 1º de maio, data do assalto na Cidade Jardim.

O caso se registrou por volta de meio-dia, quando a equipe da Guarda Municipal de Parauapebas, composta pelo inspetor Oliveira e pelos agentes Diones Silva, Gesiel e Moisés, foi acionada por populares de que uma pessoa estava sendo linchada na Avenida C, na Cidade Jardim. Chegando ao local foi constatada a veracidade dos fatos.

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O acusado se identificou e disse ser morador de Curionópolis. Quando foi pego, ele estava em outra motocicleta, uma Titan 150 de cor branca e placa OTQ-7776, sem registro de roubo. Romário foi levado ao hospital para atendimento, já que estava bastante ferido, e em seguida foi apresentado na 20ª Seccional de Polícia Civil de Parauapebas.

Iconografia da violência

Chama atenção neste caso os vídeos gravados com parte do espancamento do acusado. Sentado no chão e sem camisa, ele é agredido a chineladas, com um capacete, pontapés e socos por uma multidão que deseja extravasar toda a raiva contra o sujeito que representa o ataque a seu direito de propriedade e ao direito de sair de casa sem ser ter uma arma apontada contra sua cabeça.

Em um dos vídeos, enquanto o acusado é espancado, uma voz grita ao fundo, mais de uma vez: “Mata logo!” Ao mesmo, o dono da moto roubada afirma, olhando nos olhos do assaltante: “Tu roubou o cara errado”. A reação das pessoas é compreensível, dado o alto índice de roubo ao patrimônio em Parauapebas e no Brasil, de forma geral. Mas as cenas abrem espaço para questionamentos, como, por exemplo, até que ponto o cidadão tem direito de promover linchamentos medievais em plena praça pública?

Em um dado momento do vídeo, a vítima tenta amarrar o assaltante com um fio, para que ele espere imobilizado a chegada das autoridades de segurança. Nessa hora é possível ver as mãos da vítima manchadas de sangue; não por acaso o mesmo sangue que escorre do corpo do assaltante. Ironicamente, talvez seja apenas isso, o sangue, um ícone de violência, o único traço de humanidade registrado nos vídeos. 

Saiba mais – Depois de escapar do linchamento, que poderia terminar em morte, o acusado foi levado a audiência de custódia, na 1ª Vara Criminal de Parauapebas, onde o juiz Ramiro Almeida Gomes, manteve a autuação em flagrante por roubo majorado.

(Chagas Filho com informações de Ronaldo Modesto)