Correio de Carajás

Ação da DECA resulta em 34 sem-terra indiciados

Sem-terra ouvem delegado Ivan, da DECA, sobre a necessidade de deixarem a ocupação da fazenda / Fotos: Divulgação

Depois de dois dias de operação, equipe da Delegacia Especializada de Conflitos Agrários (DECA) de Marabá, sob o comando do delegado Ivan Pinto da Silva, autuou nada menos de 34 trabalhadores rurais sem-terra pelos crimes de esbulho possessório e desobediência. Noticiado pelo CORREIO, em primeira mão, o caso em questão diz respeito à ocupação da Fazenda Santa Clara, que fica dentro do município de Marabá, porém mais perto do perímetro urbano de Parauapebas.

Os indiciamentos foram por esbulho possessório porque os sem-terra ocuparam a fazenda e também por desobediência, porque havia ordem judicial para que permanecessem a pelo menos 1.500 metros da área.

A Delegacia de Conflitos Agrários auxiliou na retirada dos pertences das famílias

Em razão disso, os sem-terra foram levados para a delegacia de Parauapebas, onde prestaram depoimento durante toda a noite de quarta-feira, até quinta. Houve inda diligências realizadas desde a madrugada até o final da manhã, segundo informou o próprio delegado Ivan Silva.

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Depois de lavrar o Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), contra os 34 sem-terra que participaram da nova ocupação à fazenda Santa Clara, a DECA acompanhou a retirada dos pertences dos sem-terra que estavam no interior da propriedade rural. “Os sem-terra continuam no Acampamento Boa Esperança, onde ficam baseados. Contudo, após a intervenção da DECA, todos que estavam na Fazenda Santa Clara deixaram a invasão”, explicou o delegado Ivan Pinto da Silva.

A ocupação foi desmobilizada e os sem-terra indiciados, após denúncia do fazendeiro

Entenda o caso

Conforme noticiado pelo CORREIO, o fazendeiro Hamilton Ribeiro disse que esta foi a quarta vez que os sem-terra entraram em suas terras e, por isso, ele se pediu socorro à DECA para retira-los de lá. Ainda segundo ele, as ocupações são sempre marcadas por depredação, saques e até mesmo tiros. “Já arrancaram a cerca várias vezes, matam gado, roubam mobílias da casa; tem umas 40 ocorrências (policiais); atiram na gente, já atiraram no vaqueiro”, denunciou.

Por outro lado, Amilson Abreu Cardoso, presidente da Associação de Moradores do Acampamento Boa Esperança, disse que os sem-terra só resolveram ocupar a fazenda porque estavam desesperados de fome e precisam plantar. “Nós estávamos sem ter onde plantar, sem ter o que comer, em estado de calamidade. Por isso decidimos vir pra cá pra plantar”, alegou.

ENTRE ASPAS

“Os sem-terra continuam no Acampamento Boa Esperança, onde ficam baseados. Contudo, após a intervenção da DECA, todos que estavam na Fazenda Santa Clara deixaram a invasão”, diz o delegado Ivan Silva, da DECA. (Chagas Filho)