Correio de Carajás

Acampamento em frente ao 52º BIS completa 6 dias e o Exército silencia

Enquanto isso, a carne está assando e dezenas de famílias estão ‘morando’ em barracas para fortalecer o protesto

O acampamento montado em frente a 52º Batalhão de Infantaria de Selva, em Marabá, chega ao sexto dia e parece não ter previsão de acabar. Os manifestantes reiteram o pedido de “intervenção federal” e clamam por uma resposta pública dos militares. Consultado oficialmente, o comando da 23ª Brigada de Infantaria de Selva mantém silêncio quanto à campana na porta de suas instalações. Os manifestantes dedicam tempo para discursos com direito a trio elétrico, sempre citando o Brasil como maior interesse do grupo.

A chuva que caiu nos últimos dias na cidade piorou o estrago que já vinha sendo feito em frente ao quartel do Exército. A grama que antes existia, deu lugar à lama, que agora deu lugar a poças de água.

A grama que antes existia, deu lugar à lama, que agora deu lugar a poças de água – Foto: Ana Mangas

Com uma grande estrutura de tendas, barracas, trio elétrico e banheiros químicos, o grupo destruiu, inclusive, parte da mata do outro lado da BR-230 para “construir” um estacionamento para seus veículos.

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Ao longo do trecho da manifestação, os participantes vestem roupas verdes e amarelas, e cartazes com os dizeres “Resistência Civil”, “Verás que um filho teu não foge à luta”, “Resistência civil contra a corrupção” e “Salve a pátria” podem ser lidos por quem transita pela via. Além disso, gritos de “salvem o Brasil” são entoados constantemente.
A manifestação pelo pedido de contestação, sem provas, da vitória de Lula (PT) nas urnas no último dia 30 de outubro, e o slogan da defesa da família, da pátria e da liberdade tem atrapalhado – e muito – o trânsito no perímetro.

Foto: Ana Mangas

Mesmo sem interditar a rodovia, o engarrafamento na BR-230, que antes era notado apenas em horários de pico, agora pode ser percebido a qualquer hora do dia.
Os manifestantes têm ocupado a beira da pista segurando cartazes e bandeiras do Brasil, deixando o trânsito dos veículos lentos.

Fazendeiros têm conseguido o apoio de dezenas de empresários. O ponto áureo foi esta segunda-feira, 7 de novembro, quando estava prevista um movimento nacional em prol dos interesses de movimentos da direita.

Os pecuaristas temem, principalmente, a volta das ocupações de propriedades rurais apoiadas pelo governo federal, como ocorria nos tempos do governo do PT.

O engarrafamento na BR-230, que antes era notado apenas em horários de pico, agora pode ser percebido a qualquer hora do dia – Foto: Ulisses Pompeu

OAB Marabá se manifesta
Através das redes sociais, a Ordem dos Advogados do Brasil, Subseção Marabá, fez uma publicação sobre o termo intervenção federal. Previsto no Art. 34 da Constituição Federal, trata-se de uma medida excepcional que afasta temporariamente a autonomia de um ente federativo.

“A exceção (intervenção) surge em casos taxativos na Constituição Federal Brasileira, sendo eles todos voltados à manutenção da saúde federativa. Saúde federativa se difere de saúde eleitoral. Sendo assim, o Instituto da Intervenção Federal não serve para contestar o sistema eleitoral e/ou resultado de eleição”, diz a publicação da OAB.

O que diz o Art. 142, da Constituição Federal
“As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”.

(Ana Mangas)