Correio de Carajás

A Marabá Bucólica de Domingo Nunes entra em exposição nesta sexta, 06, às 19h

Foto: Divulgação

É dia, ainda cedo, se pode ver no outro lado do céu a lua desaparecer de fininho entre as nuvens varadas de sol. A sensação da madrugada se vai em um gole d’água. É chegada a hora do trabalho. Os cachorros correm na rua, há choro de criança e peixe tratado na orla, aberto ou inteiro. Ela vai com seu menino do lado para o rio. E diante de nós, ela volta, retratada por Domingos Nunes. E é este cenário simples e natural que podemos encontrar na exposição “Marabá Bucólica”, do artista visual, que será lançada nesta sexta-feira, 06, a partir das 19h, na Galeria Vitória Barros, na Nova Marabá.

Celebrado no cenário cultural marabaense como um dos artistas vivos de maior prestígio, Domingos Nunes, nasceu e cresceu em Marabá, onde construiu a carreira dele como autodidata. Com uma fala alegre e simples, ele conta o passo a passo da trajetória artística dele. “Eu sou filho de marabá, eu moro até hoje na mesma casa em que eu nasci aqui na Norberto de Melo, na Velha Marabá. Moro eu e minhas irmãs e meu atelier é aqui mesmo. Comecei a pintar e desenhar muito novo, aqui mesmo. Não fiz curso nenhum de pintura, naturalmente abracei essa profissão, porque tenho talento próprio”, conta Domingos.

Da convivência com o cotidiano simples e repleto de natureza do entorno de onde mora, Nunes encontrou inspiração para primeiras obras dele. “Desenhava e pintava o que me rodeava, no caso as matas, as castanheiras, os castanhais, e eu vendo aquilo tudo de perto dos ribeirinhos fui tendo esse laboratório natural. Fui ficando mais velho, melhorando as minhas habilidades e a partir dos 20 anos comecei a fazer obras para vender”, relembra.

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Foi neste período que Domingos teve aproximação com a técnica do nanquim, motivada pelo movimento de desenho chamado Nanquim Amazônico – inspirado por Augusto Morbach, e também começou a circular com sua produção nos salões locais. “Já fiz mais de 10 exposições. Comecei na casa da cultura, ainda muito jovem, com os desenhos a nanquim. Na realidade, começamos todos os artistas de marabá com pinturas a nanquim. Aí, na época, eu exibi mais de 15 obras nesta técnica, que foi muito bem aprovada”, rememora o artista.

Hoje, com quase 70 anos, Domingo Nunes possui obras em inúmeras instituições públicas e acervos particulares, e encerra o ciclo de exposições do ano de 2019 da galeria de arte Vitória Barros. São 16 obras que versam sobre a natureza e sociedade, narrativas que se misturam com a própria história de Domingos.
Para o artista, a exposição “Marabá Bucólica” é um festim da produção dele, que segue em pleno vapor. “Eu cheguei nessa idade que estou e pra mim é o ponto mais alto da minha carreira. Todas as obras foram feitas com afinco e mostrando a nossa região. É uma alegria poder compartilhar esse trabalho com o público”, comemora.
E para a alegria dos admiradores do trabalho de Domingo Nunes, ele anuncia que não pretende parar tão cedo: “Tem muita coisa ainda da nossa região para ver, para pintar. Eu ainda vou fazer uma outra exposição em breve. Já estou produzindo novos materiais”.

Para quem tiver interesse em adquirir uma das obras expostas na galeria, elas estarão à venda após a vernissage e podem ser compradas a vista ou no cartão. A exposição “Marabá Bucólica”, de Domingo Nunes fica em exposição até o dia 03 de janeiro, na Galeria Vitória Barros, localizada na Avenida Itacaiúnas, 1519, Nova Marabá. A entrada é gratuita. (Bianca Levy)