Correio de Carajás

“A Fibralink dobrou de tamanho na pandemia”, diz CEO da Empresa

CEO da maior empresa do segmento de internet banda larga em Marabá relembra que houve uma busca frenética por qualidade e quem estava pronto expandiu. “Quase 30% dos que foram para home office não voltaram e continuam trabalhando de casa até hoje”

Rodrigo Barroso: “Marabá já tem 5G. A gente não viu ainda, mas já existe e a Fibralink é parceira de uma rede dessa tecnologia”/ Fotos: Evangelista Rocha

Detentor de vasto conhecimento em ciências da computação e tecnologia, o diretor-executivo da Fibralink, Rodrigo Barroso, comanda hoje aquele que é o maior provedor de internet fibra óptica em Marabá, levando atendimento de qualidade também a Parauapebas, Xinguara, Redenção, São Domingos dos Araguaia, Canaã dos Carajás e Itupiranga. Há mais de 15 anos no mercado de telecomunicação, a empresa possui propósito de ligar, através das redes, cidades paraenses e – spoiler – de outro estado, também.

Em entrevista de quase 40 minutos aos repórteres Ulisses Pompeu e Thays Araujo, na última sexta-feira, 27, Rodrigo fala sobre os desafios de oferecer uma banda larga de qualidade na Amazônia Oriental, seus diferenciais, satélites de baixa órbita, os serviços oferecidos pela empresa e algumas dúvidas recorrentes envolvendo o 5G.

A seguir, acompanhe a íntegra da entrevista e assista ao vídeo junto com a Reportagem no Portal Correio de Carajás:

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Correio de Carajás: De onde você é e como veio parar em Marabá?

Rodrigo Barroso: Eu fiz faculdade de Ciências da Computação e terminei em 1999. Em 2000 entrei no mestrado na Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, enquanto trabalhava com tecnologia naquele estado, que é o maior polo de desenvolvimento de softwares do país. Desenvolvi softwares desde 1994 até 2006, quando fui convidado para vir a Marabá trabalhar em uma universidade particular e, dentro dela, a gente criou a IR Tecnologia, que é a mesma empresa Fibralink hoje, mas que que só veio a se tornar a Telecom em 2014, dentro de uma área de desenvolvimento de projetos para grandes empresas aqui em Marabá. Então, em 2014, decidimos mudar o nome fantasia e entrar na área de telecom. Aí nasceu a Fibralink.

Correio de Carajás: Quantos colaboradores a FibraLink tem atualmente e em quantas e quais cidades ela está estabelecida?

Rodrigo: Hoje estamos em oito cidades. São elas Marabá, Parauapebas, Itupiranga, São Domingos, Xinguara, Redenção, Rio Maria, Canaã dos Carajás. Rio Maria vai inaugurar daqui a alguns dias e Canaã inaugurou tem pouco mais de um mês. Ao todo, há 340 colaboradores no grupo FibraLink, atualmente.

Correio de Carajás: Oferecer Internet banda larga na Amazônia tem mais desafios do que em cidades do mesmo porte do Sul e Sudeste do País?

Rodrigo: Aqui, na Amazônia, temos cidades com áreas geográficas maiores, ou seja, mais cabo pra menos gente, com menor densidade demográfica. Isso faz com que o nosso payback, que é o tempo de retorno do investimento, seja maior. Por outro lado, temos uma concorrência um pouco menor que em outras regiões do País. Apesar de que tecnologia é igual para todas, pois a mesma tecnologia que é colocada à disposição no centro de São Paulo, há no centro de Nova Iorque. Hoje, com essa popularização desses equipamentos, não existe diferença de tecnologias.

Obviamente, a chegada dos circuitos e internet são mais dificultosos aqui, mas a FibraLink tem todos os possíveis circuitos, a empresa que mais tem proteções de rede pra chegada do conteúdo de internet, com os principais repositórios de conteúdo locais doados por grandes players do mercado.

Então, resumindo, nós fomos o primeiro provedor a uma rede GPON na tecnologia atual, sendo a mais moderna no Norte do País. Isso dá um diferencial ao nosso negócio há mais de dez anos. Quando você fala Amazônia, está apontando para uma região que é muito grande ao nível geográfico. Quando você pega os dados do IBGE do último censo, vê as maiores cidades e a densidade geográfica do Pará fora da região metropolitana, com Marabá e Parauapebas liderando os números.

Um dos muitos data centers que a Fibralink tem espalhados pelo Estado do Pará para dar qualidade no sinal de internet

Correio de Carajás: Muito se fala e se discute sobre universalização da internet banda larga, inclusive para todos os moradores das periferias? Estamos perto de alcançar isso?

Rodrigo: Bom, eu diria que 80% do mundo está conectado. Então, esse é um número sem precedentes. Nunca foi tão conectado. A popularização da internet é clara. É uma ida sem volta. Tudo está se digitalizando, essa globalização existe. A densidade dos conteúdos está se descentralizando. Isso quer dizer conteúdos mais próximos do usuário, aumentando a velocidade, a banda, melhorando a qualidade desses serviços.

O smartphone hoje é o dispositivo mais importante do mundo. No Brasil, a gente tem mais de um dispositivo por pessoa. Então, é uma média muito alta, ao nível mundial também. E aí a gente tem outras tecnologias que tão evoluindo e se mostrando potenciais pra esse atendimento de áreas mais remotas, como é o caso dos satélites de baixa órbita.

Já existem duas ou três empresas operando mundialmente e há uma tendência, sim, de que esse alcance um maior número de pessoas. São milhares de satélites a uma distância da terra muito abaixo do que era antigamente, quando ficavam a cerca de 100 quilômetros da terra. Atualmente, ficam em torno de 20 quilômetros de distância da Terra, fazendo com que o tempo de resposta melhore.

Então, com essa modal de satélites consiga alcançar esses 15% ou 20%, da população que está em áreas mais remotas, para tenham acesso mais facilmente a internet.

Dois fatores fazem com que isso seja importante. O primeiro é o IOT, ou a internet das coisas. Com isso, temos o carro autônomo e a integração de tudo que é objeto ao nível terrestre, para se conectar pelo celular. A gente tá falando agora de 5G, mas há discussão forte sobre o 6G, que será uma nova geração. Isso acontece com o apoio desses satélites de baixa órbita. Mas, a fibra ótica permanece como meio de chegada a um custo muito baixo ao cliente. Essa é uma tecnologia que tem ainda uma sobrevida de 20 a 30 anos pelo menos e quando isso acabar ao nível de tronco, que liga as cidades, que liga os continentes, sempre vai ter fibra ótica. Nenhuma tecnologia sem fio vai ter capacidade de ligar troncos.

Correio de Carajás: Sobre os satélites de baixa órbita: eles significam concorrência direta para os provedores de internet com fibra óptica, como a Fibralink?

Rodrigo: Não, não são. Eles são uma boa opção para clientes da zona rural, porque são usados em fazendas. Esse serviço possui antenas de altíssima qualidade com um link bom por ser sem fio, mas a nível urbano não é uma boa opção, porque as mensalidades ultrapassam os trezentos reais, com equipamentos caros. E eles não têm suporte local. Nós estamos falando de um investimento de mais de R$3.000, com a mensalidade de mais de R$300 para uma banda de 100 mega, apenas. Fazendo uma analogia com a fibra ótica, estamos falando de um investimento com ativação a custo zero com a mensalidade de R$99 e com 600 megas, e com um suporte que atende no mesmo dia.

Correio de Carajás: O home office e o estudo on-line estiveram em evidência no período de quarentena recente e a internet era um bem essencial. Esse segmento cresceu ainda mais nesse período?

Rodrigo: Eu posso dizer que a gente quase dobrou de tamanho durante pandemia? Para quem estava pronto pra crescer com a estrutura de gente de equipamento de rede, cresceu bastante. Para quem não estava, encolheu. Quando a gente fala em crescimento do home office no meio da pandemia, obviamente, relembramos que havia uma busca por um circuito que atendesse os jovens usando televisão, videogame, enquanto trabalhavam em casa. Ou seja, todo mundo conectado. O fato de consumirmos conteúdo em alta qualidade, como 4K, consumia muita banda. Então, sim, foi uma busca frenética por qualidade e a gente estava pronto para tudo que precisava para essa expansão. Nós crescemos. E, quase 30% desses que foram para home office não voltaram. Então continuam o home office, continuam trabalhando de longe.

Correio de Carajás: Que tipo de impacto o 5G, para os dispositivos móveis, terá na internet banda larga contratada quando ele estiver devidamente acessível em Marabá, por exemplo?”

Rodrigo: Marabá já tem 5G. A gente não viu ainda, mas já existe. Em algumas partes da cidade você já tem e a gente é parceiro de uma rede 5G. Nós temos o nosso chip FibraLink 5G. Muita gente confunde o cinco G do seu roteador em casa, que também é uma frequência 5.8gHz com 5G do celular. São duas coisas diferentes. Telefonia móvel é uma coisa, e internet fixa é outra coisa.

Falando da internet móvel 5G, que atende a tráfegos altíssimos, a regra de quando eu estudei de redes continua até hoje. Nenhuma rede sem fio, até o momento, substitui uma rede com fio a nível de performance, qualidade e segurança. Isso é fato. O 5G atende a velocidades altíssimas, mas ele tem controle de tráfego e de franquia. Então, você não vai chegar na sua casa e assistir a um filme em seu aparelho de telefone usando dados móveis porque isso vai custar muito caro. Essa é a primeira premissa.

O 5G foi criado para que uma densidade de pessoas, num lugar geograficamente menor, consiga atender os seus anseios digitais com qualidade. Essa é uma limitação do 4G. Por exemplo, nós podemos estar em um estádio de futebol com 10 mil pessoas, assistindo ao jogo, e consumindo ao mesmo tempo esse jogo, porque uma antena 5G vai conseguir atender todo mundo com qualidade. No 4G isso não era possível. Mas, há uma desvantagem. No 4G você tem torres e as torres de comunicação em alguns km de distância, atendendo muita gente em um espaço grande com a única torre. No 5G você aumenta a densidade de antenas, então você tem necessidade de ter várias antenas nos postes de energia. Isso faz com que você atenda muitas pessoas com muita banda.

Apesar disso, continua dependendo da fibra ótica pra ligar essas antenas. Resumindo, o 5G é muito legal para conectar objetos, como carro autônomo e a geladeira da sua casa. Ele foi criado pra isso. Você reduz a necessidade de cabeamento em áreas corporativas ou até em uma fazenda por exemplo.

O time de colaboradores da Fibralink ultrapassa 300 pessoas, a maior parte atuando no relacionamento com clientes

Correio de Carajás: Como você interpreta a crise por que passam Twitter e Facebook, que promoveram milhares de demissões de funcionários?

Rodrigo: É uma reformulação estratégica e, claro, que também tem um pequeno pedaço aí de uma robotização de processos. Já é o Inteligência Artificial tomando conta de algumas profissões internamente, mas não chamo de crise. Eles são muito dinâmicos e por isso estão no topo. Eles não têm medo de mudança e estão prontos pra essa mudança. Então, é uma troca de cadeiras e uma nova estratégia de aumentar a produtividade, alcançando resultados. (Thays Araujo e Ulisses Pompeu)