Elisângela Rocha é empresária do ramo de peças e manutenção de motocicletas. Criada em berço católico, ele tem, atualmente, 42 anos de idade, e descobriu um câncer de mama em 2021. Resignada, ela acredita que a doença veio para fortalecer ainda mais sua fé. Dois anos depois, está curada e crendo ainda mais no amor e na misericórdia divina.
Ao CORREIO, em uma entrevista emocionante, ela conta como Deus a preparou para um dos momentos mais difíceis da sua vida. Casada e mãe de duas filhas, uma de 4 anos e outra de 13 anos, Elisângela relembra os dias que antecederam a descoberta do nódulo no seio até a cura.
Sobre o câncer, ela diz que foi amparada pelo rosário e pelo amor. Nesse período, descobriu quem eram seus amigos de verdade, ganhou de volta o afeto do irmão que estava longe há quatro anos e teve sua família ao lado. Todo o sofrimento foi pela fé.
Leia mais:“Recebi um convite de uma amiga para eu fazer o rosário que acontece às 4 horas da madrugada, com o Frei Gilson. Quando ela me convidou, tive aquele impacto: ‘poxa, esse horário’. Mas, fui lá. E, no primeiro dia o frei falou para fazer uma relação das graças que queríamos alcançar. E assim fiz, às 4 horas da manhã. Fiz vários pedidos e os que mais seriam impossíveis, alcancei na primeira semana. Isso me deu ânimo. Fiz os 40 dias de rosário, fui à igreja e dei meu testemunho. Logo depois, comecei a sentir um nódulo no meu seio. Não dei muita importância, porque achei que era uma glândula. Até que decidi ir ao médico ginecologista. Ele disse que não era nada, mas por via das dúvidas me passou uns exames”, detalha Elisângela.
Após a tomografia, ela foi encaminhada a um médico mastologista, que por sua vez solicitou a biópsia. Como o resultado demorava – mais ou menos 60 dias de espera – o esposo que se encarregou de buscar.
Elisângela conta que era por volta das 12 horas, quando o marido chegou em casa e ela perguntou o resultado. Sem conseguir falar uma palavra sequer, o homem apenas balançou a cabeça em sinal positivo.
“Nesse momento estava passando a missa no canal da Canção Nova, que tenho o habito de deixar ligado. As lágrimas vieram. Chorei muito, muito. É um baque saber que estar com câncer. Num primeiro momento só se pensa na morte e que acabou tudo. Fiquei abalada demais. Chorei muito. À noite, eu e meu marido fomos pedalar, e eu pedalando e as lágrimas rolando. Passei aquela noite em claro, só chorando. Olhava pra minha filha de 4 anos e imaginava o que seria dela. Só chorava. De manhã, às 6 horas, decidi ir para a academia. Não sei te dizer, mas quando cheguei em casa acabou o choro, acabou tudo. Cheguei com uma força tão grande, que pra mim aquilo ali nem existia. E, na hora me veio que eu precisava fazer algo para Nossa Senhora, criei o Terço dos Amigos”, conta ela, que convidou algumas pessoas e, durante um ano, o terço era realizado todas as quintas-feiras na casa de um dos integrantes.
À reportagem, ela conta que recebeu tanto carinho de amigos e desconhecidos, com palavras de conforto, abraços de pessoas que não a conheciam. Isso me fortaleceu tanto. “Eu não sabia o valor de um abraço. Vi o cuidado de Deus comigo. Foi tudo bem cuidado, e sei que Nossa Senhora estava ao meu lado”, diz Elisângela, que passou por 12 sessões de quimioterapia.
Ela relembra que durante todo o processo de tratamento, percebeu o cuidado divino. Uma das amigas lhe disse em um certo momento para que ela não se preocupasse, que Deus estava cuidando dos detalhes. E Elisângela sentia isso.
A cirurgia de mastectomia aconteceu. As quimioterapias foram feitas. E a cura veio trazendo uma nova Elisângela. Mais forte, com a fé renovada e valorizando ainda mais as pequenas coisas do dia a dia.
“Maria é minha mãe e que intercede por mim. Ela ficou ali, aos pés de Jesus, só vendo aquele sofrimento. Quem mãe aguenta isso? Ela fez isso por mim, me sustentou. Quando o dia amanhece, agradeço a Deus e faço o terço, porque quem tem uma mãe como ela, tem tudo. Qualquer angústia, sofrimento, recorra a Nossa Senhora porque, com certeza, seus pedidos serão aceitos. Ela não vai fazer o milagre, Maria não faz milagre, ela intercede. Eu tenho uma mãe que cuida de mim. Sou muito grata. Foi amor todo tempo. Sou amada”, diz, entre lágrimas.
No último domingo, 8 de outubro, Elisângela Rocha participou do Círio de Nazaré, em Belém, acompanhada de amigas, para pagar uma promessa pela cura do câncer.
Em Marabá, todos os anos, faz o percurso do Círio segurando a corda, e só não foi ano passado por conta da doença. Ela enfatiza que neste dia 15 de outubro estará na procissão – de novo na corda – agradecendo Nossa Senhora por todas as bênçãos recebidas. “Não tenho pedido nenhum para fazer”, finaliza.
(Ana Mangas)