Quem nunca teve dificuldade de resistir ao olhar “pidão” de um cachorro? Mas, afinal, por que as feições desses peludos são tão apelativas para nós? Um novo estudo da Universidade Duquesne, nos Estados Unidos, revela as principais características anatômicas que podem explicar o fenômeno. Spoiler: os próprios humanos teriam contribuído para isso.
Apresentada no último dia 5 de abril na reunião anual da Associação Americana de Anatomia, a pesquisa se baseia na anatomia de pequenos músculos usados para formar expressões faciais, os chamados de músculos miméticos.
Em humanos, essas estruturas se contraem rapidamente, mas também se cansam com facilidade, o que explica por que podemos formar expressões faciais de maneira ágil, mas não mantê-las por muito tempo. As células musculares com contrações mais lentas, por sua vez, são mais eficientes para movimentos longos e controlados, e não se cansam tão rapidamente.
Leia mais:Para entender como isso se dá em cachorros, os cientistas compararam as fibras dos músculos miméticos em amostras faciais de lobos e cães domesticados. Estima-se que as duas espécies divergiram geneticamente há cerca de 33 mil anos, quando humanos começaram a criar lobos seletivamente.
Os resultados revelaram que, assim como os humanos, cães e lobos têm músculos faciais com predominância de fibras de contração rápida, mas os lobos têm uma porcentagem maior de fibras de contração lenta em relação aos cachorros.
“Essas diferenças sugerem que ter fibras musculares mais rápidas contribui para a capacidade do cão de se comunicar efetivamente com as pessoas”, observa Anne Burrows, professora do departamento de fisioterapia da Universidade Duquesne, em comunicado. “Ao longo do processo de domesticação, os humanos podem ter criado cães seletivamente com base em expressões faciais semelhantes às suas, e com o tempo os músculos dos cães podem ter evoluído para se tornarem ‘mais rápidos’, beneficiando ainda mais a comunicação entre cães e humanos”.
A pesquisa também constatou que cães têm um músculo mimético inexistente nos lobos que seria o responsável pelo “olhar pidão”. Outras diferenças em ter mais fibras de contração rápida está nos movimentos pequenos, como o clássico levantar de sobrancelha. As fibras de contração lenta, por sua vez, são importantes para movimentos musculares estendidos, como os que os lobos fazem ao uivar.
(Fonte: Revista Galileu/G1)