📅 Publicado em 29/09/2025 11h02✏️ Atualizado em 29/09/2025 11h05
Setembro chega ao fim nesta terça-feira (30), mas a pauta da inclusão das pessoas com deficiência não deve se encerrar com o calendário. Criada para reforçar a importância da acessibilidade, da igualdade de direitos e da valorização da diversidade, a campanha Setembro Verde precisa ser lembrada ao longo de todo o ano.
Voltada a promover a inclusão social, combater o capacitismo e incentivar a doação de órgãos e tecidos, a campanha representa mais do que uma cor ou um mês simbólico: chama a atenção para as lutas cotidianas de pessoas que enfrentam barreiras físicas, sociais e culturais em busca de espaço e visibilidade na sociedade.
Foi com esse olhar que o Correio de Carajás mergulhou na história de superação do marabaense Jefferson Eragon, influenciador digital amputado há quatro anos. Ele encontrou um novo propósito de vida após um acidente de trânsito ocorrido em 2021.
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Ao Correio de Carajás, Jefferson relembra aquele 5 de março de 2021, quando seguia para casa após o trabalho. Sem imaginar, perderia o pé esquerdo depois que um veículo invadiu a preferencial e atingiu a moto em que estava. “Foi uma fase muito difícil porque eu tive que me adaptar à nova realidade, tive que me aceitar, me olhar no espelho e saber que era aquilo dali para frente”, recorda.
O choque foi imediato. “Da noite para o dia, eu tive que simplesmente aceitar a nova realidade. Desde levantar da cama até tomar banho, tudo se tornou diferente”, relata.
Ele compartilha que, aos 29 anos, precisou reaprender a viver. Tarefas simples se transformaram em obstáculos. “No início foi tão difícil. Sempre falava: como eu sinto falta de levantar da cama para pegar um copo de água na geladeira, de abraçar os meus pais nos corredores. Eu fazia tudo, mas com limitação e fragilidade”, desabafa.
DOR, PACIÊNCIA E APOIO
A reabilitação exigiu dor, paciência e apoio familiar. Hoje, quatro anos depois, Jefferson reconhece que o caminho é longo e requer resiliência.
“O processo é doloroso, é demorado, mas é possível. Há uma vida depois da amputação. A amputação não é o fim, é o recomeço”, afirma.

Aos 34 anos, ele visita hospitais e compartilha sua história com pessoas que passam pela mesma experiência. “No passado, quando aconteceu comigo, eu suplicava a Deus que me desse um direcionamento. Hoje eu entendo o meu propósito”, diz.
Mais do que relatar a própria trajetória, o marabaense defende a educação inclusiva e oportunidades igualitárias. Para ele, deficiência não é rótulo e a inclusão transforma. Ainda assim, acessibilidade e igualdade permanecem como desafios urgentes.
Antes do acidente, o esporte era parte fundamental de sua rotina. Corrida, crossfit e outras atividades físicas estavam presentes no dia a dia. Com a amputação e a prótese, foi preciso se adaptar. “Eu pensava: será que eu vou conseguir? E quando me permiti, eu consegui”, lembra. Mesmo com limitações, ele garante que tentava do seu jeito, respeitando seu tempo.
Nas redes sociais, o influencer compartilha suas vivências com mais de 20 mil seguidores. Se enxerga como referência, ao mostrar que existe vida depois da amputação. “Quando volto ao hospital e encontro pessoas que estão passando pelo mesmo processo, lembro do que vivi. Já estive ali e sei que existe vida depois da amputação”, afirma.
A VIDA DEPOIS DA AMPUTAÇÃO
E hoje, quatro anos após o acidente, ele garante que mantém o mesmo compromisso: provar que nenhum obstáculo é maior que a vontade de vencer e que há uma vida depois da amputação.
Recomeços podem ser dolorosos e lidar com a diferença na sociedade também. Mas quando há apoio, o fardo se torna mais leve, e é exatamente essa diferença que Jefferson busca levar adiante.