Correio de Carajás

Crise e desemprego estão levando o homem de volta ao campo

Toda crise traz em seu interior um conjunto de mudanças que reflete na economia, na sociedade e causa impacto social em qualquer território. Devido à crise econômica, o desemprego se alastrou em Parauapebas e novos segmentos da economia surgiram, principalmente no campo.

No município, segundo o Recadastramento Agrícola feito pela Secretaria de Produção Rural em 2017, para definir os projetos para o campo, a população rural cresceu quase 30% desde o último cadastro realizado em 2013.

Esse “êxodo urbano” tem no desemprego sua mola propulsora. À medida que as empresas terceirizadas que prestam serviços para a mineradora Vale reduziram mão de obra, dispensando funcionários, uma massa de trabalhadores começou a procura alternativas de sobrevivência para sustentar suas famílias.

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Isso pode ser comprovado pelo número cada vez maior de hortas urbanas que possui Parauapebas. Se no passado, as hortas eram restritas à zona rural, agora qualquer terreno baldio ou espaço reduzidos viram alternativas para as famílias plantarem.

Os números refletem tal crescimento. Segundo dados da Sempror, em 2017, a Feira do Produtor recebeu 29.743 mil quilos dos itens que compõem as hortas como: chicória, cheio verde, alface, pimenta de cheiro, vinagreira, salsa, couve, rúcula e almeirão.

O aumento na produção tem reduzido o preço para o consumidor. O molho de cheiro verde, por exemplo, pode ser comprado por R$ 2,00 ou menos. O preço no passado já chegou até R$ 3,00, segundo a Secretaria.

De acordo com o agrônomo da Sempror, Ozeas Matos Lopes, que atua no segmento há duas décadas, o município hoje presta assistência técnica para mais de 100 hortas entre urbanas e rurais. Além da assistência, a procura por cursos de formação aumentou consideravelmente.

Ano passado foi lançado um pacote de 36 cursos para os produtores rurais de vários segmentos. Este ano, na avaliação do secretário municipal de Produção Rural, Eurival Martins, o Totô, o número de cursos passará de 100.

Para Martins, a “procura por conhecimento é um sinal que os trabalhadores rurais estão despertando para aprender mais e produz melhor”.

Formação

O sucesso dos cursos de qualificação, destaca o secretário, é que o Programa de Qualificação está sendo levado direto aos trabalhadores do campo.

Muita gente tem procurado fazer curso de qualificação para melhorar produção agrícola

Através da ampliação de seu leque de relacionamento institucional, a Secretaria firmou parcerias com várias entidades como: Embrapa, Adepará, Emater, Senar, Sebrae, Ufra e Incra para ofertar serviços e qualificação aos trabalhadores.

Segundo a Secretaria, os cursos são ministrados conforme a produção da localidade e os mais procurados são Derivados do Leite, Panificação, Processamento de Frutas, Piscicultura, Enxertia e Poda, Horticultura, entre outros.

Do início do ano até agora, mais de 100 pessoas aprenderam a plantar sua horta, por meio de formações que foram realizadas nas localidades PA Renascença, Vila Albani e Palmares Sul.

Hidroponia

A Hidroponia é o cultivo de produtos sem o contato do solo, através da água enriquecida com nutrientes necessários para o desenvolvimento de hortaliças, frutas ou legumes. No município, mais de 20 produtores de hortaliças utilizam essa técnica de plantio.

A vantagem, segundo o agrônomo Ozeas, é que a técnica permite a produção o ano todo, não tendo sazonalidade, podendo o produtor firmar contrato para fornecer com frequência para os grandes mercados do município.

Cooperativismo

Outro ponto que tem estimulando a permanência do homem no campo, segundo a Secretaria, é o cooperativismo. Os trabalhadores estão recebendo apoio para se organizarem em cooperativas para fortalecer a produção visando atender o mercado local e regional. A Sempror traz, na segunda quinzena deste mês, o segundo módulo do Curso de Cooperativismo avançado para cooperativas agrícolas do município e produtores que pretendem formar cooperativas de produção.

Em parcerias com a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), os cursos, destaca a Sempror, têm sido procurados por muitos segmentos e fazem parte do processo de organização dos trabalhadores e da produção local.

De acordo com Raquel Rosa, da Sempror, “Parauapebas vive o desafio permanente de estimular a diversificação da economia para sair da dependência exclusiva da mineração, que tem data de validade para acabar no município”.

Neste sentido, a agricultura familiar é apontada como uma das saídas para o município. (Tina Santos – com informações de Raquel Rosa)

 

Fotos: Sempror