Correio de Carajás

As armadilhas a evitar na Rússia

Milhares de turistas estrangeiros já chegaram à Rússia para acompanhar a Copa do Mundo de futebol, que começa nesta quinta-feira (14/06). Para evitar armadilhas e mal-entendidos causados pelo choque de culturas, a DW preparou algumas dicas do que fazer e do que evitar durante o torneio.

Olhos e ouvidos bem abertos

Nas ruas de Moscou, vale uma lei muito simples: a do mais forte. E os mais fortes costumam ser carros tão pesados que mais parecem pavimentadoras de asfalto e automóveis de luxo, às vezes acompanhados de modelos básicos com luz azul. Ou seja: definitivamente, os mais fortes não são nem os pedestres, nem os ciclistas.

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Semáforos e faixas de pedestres são considerados vagas sugestões a regras de trânsito que existem, ao menos, na teoria. Na prática, essas regras são respeitadas como as leis marxistas de antigamente: depende do caso.

Muita gente admira as largas avenidas com dez faixas de Moscou, que dão ares de generosidade à capital russa. Por outro lado, os foguetes sobre quatro rodas costumam acelerar nessas vias pavimentadas. Por isso, os pedestres precisam abrir bem olhos e ouvidos. E, para quem quer atravessar a rua, a dica é: use a passagem subterrânea. Pode ser que você tenha que andar cem metros a mais, mas você vai ficar vivo.

No metrô, fique calado

Por mais selvagens que os russos sejam ao volante, no metrô, eles se transformam em cavalheiros. Se uma mulher com idade avançada entra num dos vagões, os homens lhe oferecem as cadeiras.

No metrô, os russos reconhecem os estrangeiros por causa de suas tentativas de iniciar uma conversa – em vão. Não adianta porque o barulho do trem subterrâneo é extremamente alto. Assim, a maioria dos russos olha fixamente para as telas de seus celulares, já que existe internet sem fio no metrô. Mas cuidado: a rede Wifi é desprotegida. Se você tiver dados confidenciais no seu celular, saiba que é possível invadir o seu aparelho.

Sempre leve o seu passaporte

A União Soviética está morta, mas o amor pelos “documentos” continua vivo na Rússia. Por isso, visitantes estrangeiros devem sempre andar com o passaporte, especialmente ao deixar o quarto do hotel. No metrô, na rua ou no estádio, pode ser que um oficial peça o documento. No pior dos casos, quem não tiver o passaporte pode ir parar na delegacia. Os policiais deverão agir com rigidez especial durante a Copa e não dão chance para discussões.

Evite comer na rua

Dá fome torcer, fazer figa, agitar bandeiras, abraçar conhecidos e desconhecidos, soprar vuvuzelas, gritar e bater tambores. Mas, na Rússia, quem tem um estômago fraco deve evitar comida de rua – ou pode se arrepender e passar dias no banheiro em vez de ir ao estádio. Por isso, mate a fome em restaurantes – há muitos deles e são relativamente baratos.

Não há regras sem exceção – como na hora de matar a sede. O Kvas, bebida popular na Rússia e outros países do Leste Europeu, é desconhecido na maior parte do mundo. De baixo teor alcoólico, é produzido pela fermentação de pão, não tem gosto tão amargo como a cerveja e nem é tão doce quanto um refrigerante, mas é muito refrescante.

A bebida, quase sempre tirada na hora como um chope, costuma ser vendida em parques, diante de estádios ou simplesmente nas esquinas. Você precisa experimentar!

Não compre nada na rua

Produtos que parecem extremamente baratos à primeira vista podem sair caros porque simplesmente não funcionam. Exemplos são cartões de celular vendidos na frente de estações de trem, carregadores de celulares ou brinquedos que desmontam no momento em que as crianças os pegam nas mãos. Mas turista pode encontrar produtos de boa qualidade em lojinhas que ficam em passagens subterrâneas ou estações de trem. Por pouco dinheiro, é possível comprar guarda-chuvas, sutiãs, meias, as típicas bonecas russas matrioscas, perucas e até smartphones.

Lojinhas em passagens subterâneas oferecem qualidade melhor do que vendedores de rua

O cliente nem sempre tem razão

A máxima britânica “o cliente tem sempre razão” ainda não se consolidou direito na Rússia, para não dizer que é um conceito completamente estranho a muita gente no país. Os clientes – especialmente os estrangeiros – atrapalham a tranquilidade de vendedores, garçons ou comissárias e comissários de bordo.

A relação entre aquele que tem algo e aquele que quer algo é, sobretudo, uma questão de poder na Rússia. Empresas do país até podem produzir aviões, computadores ou cortadores de titânio de qualidade, mas os negócios não avançam porque falta o serviço em torno.

Outro exemplo para explicar aos turistas é que os russos cozinham uma comida fantástica, mas o garçom pode chegar a retirar os pratos antes de o cliente comer o último pedaço. E quem gosta de sentar numa mesa vazia num restaurante? Servir bem é outra coisa.

O atendimento de clientes requer um longo aprendizado. Após a queda da União Soviética, os russos mal tiveram tempo para se acostumar a estruturas de uma economia de mercado. Para os visitantes estrangeiros, isso significa que a decepção será menor se eles levarem esse fator em conta antes da chegada à Rússia.

No final das contas, os russos mais do que compensam essa falha com sua hospitalidade dentro de casa, onde há mesas fartíssimas e a vodca jorra abundante.

Não participe de competições de vodca

Tolstói descreveu a inclinação dos russos para a audácia – especialmente quando se trata de beber – em Guerra e paz. Bebe-se muito álcool em festas na Rússia – mas “com cultura”. Significa que rimas e brincadeiras para beber, sempre seguindo uma determinada ordem, e comida bastante gordurosa fazem parte do ritual.

Mas, ocasionalmente, a situação sai do controle. Recentemente, dois jovens morreram na região dos Montes Urais quando ativaram uma granada de mão com a intenção de fazer uma foto espetacular. Desde então, a polícia usa a imagem como prova da causa de morte dos dois. (dw.com)