Correio de Carajás

Padre celebra 19 anos de Círio em Marabá

Círio, na definição do padre Ademir Gramelik, é o símbolo maior de fé e devoção do povo de Marabá. Histórico organizador da imponente festa, marcada sempre no terceiro domingo de outubro, ele espera massiva adesão do público ao novo formato do evento, que nesta quadragésima edição percorrerá a cidade sem presença de público e com transmissão ao vivo pelos canais de mídia.

Ademir Gramelik assumiu a composição do Círio de Nazaré na vigésima primeira procissão pelas ruas de Marabá, em 21 de outubro de 2001. A festa daquele ano foi um genuíno manifesto pela paz mundial, visto que menos de um mês antes havia ocorrido, no centro de Nova Iorque, Estados Unidos, a arremetida terrorista ao complexo World Trade Center.

O padre recorda que, na época, os fiéis levaram quase cinco horas para a conclusão do percurso entre a Catedral de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na Marabá Pioneira, e o Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, na Folha 16. “A maioria dos romeiros se vestiu de branco com pedidos de paz, em oração pelo fim dos conflitos no mundo”, relembra Gramelik.

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Como em todos os anos, houve demasiada queima de fogos de artifício e homenagens de grandes empresas, como a Leolar, que foi uma das responsáveis pela propagação do Círio. Por meio de um helicóptero do grupo, chovia pétalas de rosa e papel picado no trajeto. “Era uma demonstração de fé muito legítima”, menciona o religioso.

Para Ademir Gramelik, a comemoração do Círio espelha uma unidade de fé ao redor da mãe de Deus, que é Virgem Maria. “Que neste ano as pessoas tenham consciência de que cuidar da vida é um dever indeclinável. Precisamos nos proteger do mal que assola o mundo. Vivemos tempos difíceis, mas tenhamos esperança de dias melhores”, penhora ele.

A nossa equipe, composta por um jovem repórter e um experiente fotojornalista – que tem no currículo a cobertura de 30 edições do Círio –, conversou com o padre na Igreja São Félix de Valois, primeiro templo construído na cidade. Na ocasião, Gramelik explicou para a reportagem especial os símbolos presentes na festa religiosa.

A SANTA E A BERLINDA

A imagem de Nossa Senhora de Nazaré é o principal ícone e a razão de ser do Círio. Ela é transportada dentro de uma berlinda toda enfeitada com flores naturais e demais arranjos coloridos. A ornamentação é guardada em segredo e só revelada no domingo da procissão, quando os fiéis poderão apreciar o arranjo majestoso.

O MANTO SAGRADO

O manto é mais um dos símbolos da festa de Nazaré. A cada procissão, há sempre um novo manto envolvendo a figura de Nossa Senhora. O manto tem sempre uma conotação mística, relatando partes do evangelho sagrado de Jesus Cristo.

GUARDAS DA SANTA

Durante a procissão, a imagem de Nossa Senhora é levada sobre um carro empurrado pelos guardas da santa, que também fazem o cordão de isolamento para proteger o perímetro por onde ela passa. Nas primeiras edições, qualquer pessoa podia se candidatar ao posto de guarda da santa. Agora, a prioridade na escolha dos guardas foi destinada aos “homens do terço”, um movimento crescente nas igrejas católicas no Brasil.

A CORDA

Seja para pagar promessa ou apenas por devoção, muitas pessoas seguem segurando a corda durante toda a romaria, suportando empurrões, calor excessivo e o risco de acidentes, tudo para ficar o mais perto possível da imagem de Nossa Senhora de Nazaré. Neste ano, porém, não haverá corda em função da pandemia. (Da Redação)