O corpo da enfermeira Divina Ferreira da Costa, de 63 anos, foi sepultado neste domingo (20), no Cemitério Parakanã, em Canaã dos Carajás. Linha de frente no combate ao coronavírus, a servidora municipal acabou contraindo Covid-19 e morreu distante de casa, em Palmas, capital do Tocantins, abandonada pela gestão do prefeito Jeová Andrade.
Diabética, hipertensa e obesa, a enfermeira recebeu o primeiro atendimento no Hospital de Campanha de Canaã. O quadro se agravou e após muita espera ela foi transferida para o Hospital de Campanha de Marabá. Após chegar lá, não teve mais qualquer ajuda do município onde adoeceu salvando vidas.
Após protestos de amigos e familiares cobrando apoio da administração municipal eles precisaram organizar uma vaquinha para juntar dinheiro e fazer uma última tentativa de salvar a vida de Divina. Os valores arrecadados a levaram para Palmas, porém tarde demais.
Leia mais:A equipe da TV Correio (SBT) acompanhou a chegada do corpo de Divina no Hospital Municipal, onde foi recepcionado por um corredor de familiares e amigos vestindo branco. Lá, duas pessoas tentaram atrapalhar o trabalho da equipe e um homem chegou a chamar a Polícia Militar.
No cemitério, a Reportagem procurou Jeová Andrade, que acompanhou o sepultamento. Ele lamentou a perda, mas ao ser questionado sobre a situação da Saúde Pública municipal e a recusa em ajudar Divina, o prefeito deu as costas para o repórter e saiu caminhando sem responder. Confira na reportagem completa de Nyelsen Martins:
A Prefeitura Municipal de Canaã do Carajás encaminhou nota sobre o assunto nesta terça (22). Segue, na íntegra:
Dona Divina estava afastada desde março, por ser do grupo de risco, e inclusive estava na zona rural de Canaã, com a família. Quando ela precisou de internação, foi atendida pelo município, e quando precisou de UTI, foi transferida pelo município para Marabá, onde ficou internada.
Por opção da família, ela foi encaminhada para uma UTI particular, em Palmas, e a prefeitura fez a transferência. A UTI foi paga por amigos da Secretaria de Saúde, pois a prefeitura não tinha legalidade para fazê-lo, uma vez que ela já tinha sido encaminhada para a UTI em Marabá.
Quando ela precisou fazer hemodiálise, aí sim, a família realmente fez uma vaquinha para ajudar. Infelizmente, ela passou apenas por uma sessão de hemodiálise, e faleceu.