Correio de Carajás

Canaã: Conselheiros de Meio Ambiente aprovam verba milionária às vésperas das eleições

Com trânsito livre na Prefeitura de Canaã dos Carajás, administrada por Jeová Andrade, o vereador Junior Garra, preso ano passado por crimes eleitorais, parecia conduzir na última semana reunião do Fundo Municipal de Meio Ambiente que aprovou verba milionária para obra municipal. 

O encontro ocorreu na última sexta-feira (11), na Secretaria de Desenvolvimento Econômico. No local, estava também a secretária de Meio Ambiente, Simone Aparecida, convenientemente prima de Júnior Garra.

A discussão era se o fundo liberaria R$1.625.603,22 para contratação de empresa especializada em obra de construção civil para fechamento das Áreas Verdes e Áreas de Preservação Permanente (APP), na zona urbana do município de Canaã dos Carajás.

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Apesar da participação dele e de empresários da cidade, a imprensa foi expulsa da sala no momento da votação do polêmico assunto. Junior Garra foi quem incentivou a retirada da equipe da TV Correio, que acompanhava o debate. Ele aproveitou, ainda, para insultar o repórter que estava no local. Ao final, foram sete votos favoráveis à liberação do valor apenas 60 dias antes das eleições e apenas três contrários.

O valor é previsto no processo licitatório N° 011/2020 e, além dele, a Prefeitura Municipal pretende gastar mais R$ 3.090.078,48 oriundos da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), os famosos royalties da mineração. Chama a atenção valores estabelecidos em edital pela Prefeitura de Canaã dos Carajás.

De acordo com as contas do governo Jeová Andrade, o metro do alambrado não sairá por menos de R$ 312, mais que o dobro do valor de mercado. Já o metro de calçada pode custar R$ 150, ou seja, 100% a mais que o cobrado normalmente.

Enquanto pôde participar da reunião, o repórter cinematográfico Wanderson Brito flagrou troca de mensagens pelo aplicativo WhatsApp entre a secretária de Meio Ambiente e uma das conselheiras. Na conversa, esta perguntava à gestora o que poderia questionar durante a apresentação de Marcos Nascimento, auditor da Secretaria de Meio Ambiente que falava sobre o projeto. Simone Aparecida então orienta a conselheira a defender a calçada e a iluminação da obra. Ela não quis gravar entrevista.

A conselheira Roberta Sfaier, que também é advogada, se posicionou favorável à realização da obra, mesmo diante dos valores apresentados. “A continuidade das obras públicas precisa ser executada e, inclusive, é um princípio da administração pública, o princípio da continuidade, não é só porque a gente está em período eleitoral que os projetos macro e micro têm que parar”.

Do outro lado, o conselheiro Cleido Brás questionou os valores e a aprovação. “Não que eu seja contra o investimento, mas os valores é que não batem com o valor de mercado praticado. A minha opinião é que se fizesse um projeto, mas com o valor praticado de mercado”, destaca. (Nyelsen Martins e Luciana Marschall)