Exemplo do que aconteceu no início do mês passado, criminosos voltam a dar um novo tipo golpe usando o WhatsApp em Marabá. O crime funciona da seguinte maneira: o estelionatário compra um chip, cria uma conta no aplicativo usando uma foto de algum parente ou amigo da vítima e entra em contato com a pessoa para pedir dinheiro via transferência bancária, se passando pela outra pessoa. Em Marabá, os alvos dos bandidos têm sido pessoas conhecidas, profissionais liberais, como fotógrafos.
É o caso da fotógrafa Núbia Suriane, que foi alvo dos bandidos. Inclusive, um familiar dela chegou a fazer depósito na conta dos criminosos. Núbia usou suas redes sociais para denunciar o caso e expor os números (94)99233-5660 e (94)99181-7419, que são usados pelos golpistas. A fotógrafa publicou em suas redes sociais as fotos de pessoas conhecidas na cidade que, a exemplo dela, também foram vítimas dos golpistas.
Suriane gravou um vídeo em que deixa claro: “Estão usando a minha foto, um WhatsApp como se fosse o meu, porque o meu não é, porque o meu está comigo, pedindo dinheiro. Não estou pedindo dinheiro pra ninguém, não deposite! Entendeu?”. Outros fotógrafos conhecidos na cidade, como Évila Carolina e Raphael Rapharazzo também foram vítimas.
Leia mais:Até mesmo o nome do empresário Wagner Miranda, que está em tratamento médico fora de Marabá, foi usado pelos golpistas, que se aproveitaram do momento para induzir pessoas conhecidas dele a depositar dinheiro em contas bancárias de outros Estados.
Audácia
O que chama atenção nesse caso é que os estelionatários, em alguns casos, sequer mudaram o número do WhatsApp que usaram em junho e estão com as mesmas contas de WhatsApp mudando apenas a foto e o nome dos alvos, numa clara demonstração de que não estão nada preocupados com as investigações policiais.
Por telefone, o delegado Vinícius Cardoso das Neves observa que estamos vivenciando atualmente uma verdadeira avalanche de estelionatos por meio digital, seja por Facebook, Instagram, WhastApp. Uma característica desses golpes é que os estelionatários são pessoas de outros Estados e que nem conhecem a vítima.
O policial alerta que o crime é feito de maneira simples. “Nesse caso é até um golpe bastante rudimentar, porque os criminosos utilizam outro número qualquer com a foto da pessoa e pedem para fazer depósito em uma conta de outro Estado”, relata Vinícius, ao observar ainda que as pessoas que é necessário adotar algumas medidas de precaução para evitar cair nessa armadilha.
Ainda de acordo com o delegado, é importante sempre conferir a foto e o número telefônico das pessoas que entram em contato e telefonar diretamente para a pessoa. E no caso de já ter sido vítima, a recomendação é ir até a delegacia imediatamente para registrar Boletim de Ocorrência, com o máximo de detalhes possíveis, para que a polícia possa descobrir quem está por trás do crime.
Investigação
Vinícius Cardoso explicou que há uma investigação em curso em Marabá e o procedimento da Polícia Civil tem sido de tentar primeiramente “derrubar” o WhatsApp do golpista e entrar em contato com a polícia local de onde foi feito o saque para que vá atrás dos responsáveis pelas contas.
Porém, segundo ele, a grande dificuldade de dar celeridades nas investigações se deve ao fato de que as cartas precatórias endereçadas a outros Estados não estão sendo cumpridas com a rapidez necessária porque as polícias estão postergando o cumprimento das diligências não urgentes, aquelas em que não há violência física contra as vítimas, como é o caso desse tipo de golpe.
Por sua vez, o delegado Márcio Maio, que começou a rastrear os bandidos em junho, disse naquela época que esses estelionatários eram pessoas de cidades como Goiânia, Aparecida de Goiânia e outros municípios do Mato Grosso. Segundo ele, a Polícia Civil do Pará está em contato com a PC desses estados. (Chagas Filho)