Nesta sexta-feira (17), o advogado Raphaell Braz assumiu a defesa de Anna Terra Valadares Cunha, que foi acusada junto com sua companheira Glenda Sousa Nunes, de ter provocado a morte do filho de Glenda, o bebê Gabriel, que tinha pouco mais de um mês de vida. As duas viviam juntas e foram presas na cidade de Parauapebas, no dia 29 do mês passado. Para o advogado, a morte foi um acidente, uma infelicidade, mas não houve crime.
Para o Correio de Carajás, por telefone, o advogado belenense contou a versão de sua cliente. Segundo ela, não houve briga nem discussão na casa delas naquela noite, conforme dito pelas testemunhas em depoimento. Além disso, o laudo pericial feito nas duas não constatou lesões, o que fortalece a tese de que não aconteceu nenhuma briga. “Essa hipótese é totalmente absurda”, resume.
Raphaell Braz vai mais longe e aposta que, mesmo se tivesse ocorrido uma desavença, nenhuma das duas teria coragem de descontar na criança, que era “o amor da vida das duas”. Para ele, a versão mais plausível e crível é de que por uma infelicidade do destino, Glenda pode ter dormido por cima do bebê, que morreu. O advogado diz acreditar que o laudo na criança irá comprovar essa hipótese quando for inserido nos autos.
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PREVENTIVA
Raphaell Braz explicou que o Poder Judiciário decretou a prisão preventiva de Anna Terra e Glenda, após o flagrante. Em seguida, os primeiros advogados que atuaram no caso pediram a revogação da prisão, mas isso foi negado sob o argumento de que postas em liberdade elas estariam pondo em risco a ordem pública.
É justamente aí que a defesa discorda, porque, segundo o advogado, Anna Terra nunca teve envolvimento com crimes, é trabalhadora, mora na cidade há muitos anos e nunca teve conduta de maus tratos aos filhos. “Não tem razão para ter qualquer prejuízo para a ordem pública”, argumenta.
Braz observa que a preventiva é uma medida extrema em qualquer caso criminal e que a segregação cautelar imposta à cliente dele gera enorme prejuízo tanto para ela quanto para a família.
AGRESSÃO
Um desses prejuízos, além do estigma social, é que Anna Terra e Glenda tiveram a integridade física colocadas em risco justamente por agentes penitenciários dentro do Centro de Recuperação Feminino de Marabá (CRFM). “No mesmo dia que ela chegou aqui em Marabá foi brutalmente agredida por agentes penitenciários”, denunciou o advogado.
Ainda de acordo com ele, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP) agiu rápido e os agentes envolvidos na agressão estão respondendo a processo administrativo disciplinar. Raphaell Braz fez questão de frisar que a maioria dos servidores da SEAP é formada por bons trabalhadores e, por isso mesmo, ele lamenta que uma minoria tenha feito esse tipo de coisa. “Infelizmente em toda instituição sempre tem um ou outro agente despreparado e covarde”, comenta.
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De acordo com informação prestada pelo Instituto Médico Legal (IML) de Parauapebas, o laudo que deverá constatar a causa da morte da criança será finalizado dentro de um prazo de 60 dias, ou seja: provavelmente no início de setembro. (Chagas Filho)