As praias, balneários e igarapés foram oficialmente liberados no domingo (12), pelo Decreto Municipal nº 69/2020, e a Reportagem do Portal Correio foi até o principal cartão postal do verão marabaense para verificar como está se dando esse retorno. Emergida desde meados do mês de maio, a Praia do Tucunaré já estava sendo utilizada por veranistas, mesmo antes da publicação do documento que regula o uso.
Existem dois pontos oficiais na Orla de Marabá para realizar a travessia, um na rampa da Colônia Z-30 e outro próximo da Praça Duque de Caxias, e este último foi o escolhido pela equipe de reportagem para embarcar até a praia.
No local, havia alguns ambulantes comercializando acessórios como óculos de sol, chapéus, protetor solar, e outros adereços. Na escada que dá acesso aos barcos, havia um fluxo pequeno de pessoas, além da presença de seis guardas municipais que fiscalizavam quem estava atravessando, e dando orientações para que os barcos não fossem lotados.
Leia mais:Na área de embarque, havia uma plataforma, que deveria estar sendo utilizada para facilitar o acesso, porém, ela se encontrava danificada e inutilizável.
Um dos barqueiros do local, Arnaldo Pereira, relatou que a plataforma é de responsabilidade da Prefeitura, pois, segundo ele, a Associação de Barqueiros de Marabá paga uma quantia de quase R$ 2 mil anualmente para que o município zele pela infraestrutura dos portos.
“Já presenciei passageiros caindo daquela plataforma, por tentar embarcar lá. Nossa associação paga uma taxa todo ano, para que sejamos regularizados, e nem ao menos nossa balsa está em condições de utilizarmos”, queixa-se Arnaldo.
Além do problema com a plataforma, Arnaldo comentou que a fiscalização estava se dando apenas nos dois portos principais, dando liberdade a barqueiros clandestinos que faziam a travessia em outros pontos, e não contribuem com a associação.
“Acho que se é necessário fiscalizar, precisa ser todos que estão atuando na travessia. Por que não verificar nos demais locais, onde estão os clandestinos? Ficam cerca de oito guardas em cima de um único ponto, acho que precisam distribuir melhor isso”, acrescenta o barqueiro.
O valor para atravessar o Rio Tocantins aumentou em 67%, custando agora R$ 5,00 por pessoa, tanto para ir, quanto para voltar. No barco, foi difícil manter o distanciamento de 1,5m, já que havia cerca de 10 passageiros a bordo. Também foi disponibilizado salva-vidas para crianças, e aos adultos que quisessem usá-los.
A travessia dura em média 10 minutos, e nela o uso da máscara foi mantido, mas ao chegar à praia, foi notável que a maioria das pessoas não se preocupou em continuar com elas.
O clima nas barracas era agradável, as mesas estavam distanciadas na medida do possível, e a música estava dentro do volume permitido pela lei ambiental.
Na barraca de Dona Terezinha, a mais popular na Praia do Tucunaré, a movimentação era grande, com muitos pratos saindo a todo o momento, desde uma porção de calabresa, até o peixe frito. O preço variava entre R$ 30,00 das porções simples de tira-gosto, e ia para mais de R$ 80,00 das refeições completas.
“Não tenho do que reclamar, estamos vendendo bastante comida, e não tivemos problema quanto à proibição da venda de bebidas alcoólicas. A maioria dos clientes aceitou bem a regra, os guardas estavam sempre aqui perto orientando as pessoas, então não tive problemas”, diz Terezinha.
Alyne Lopes é de Parauapebas, mas veio passar o final de semana com seu pai que reside em Marabá. Ela conta que ficou sabendo da liberação da praia e resolveu aproveitar.
“Estamos cansados dessa quarentena né, então decidimos vir pegar um solzinho. O passeio está ótimo, não está tendo ‘muvuca’, nem confusões, e isso é bom”, comenta Alyne.
Um problema recorrente é a questão da poluição, que insiste em se repetir todos os anos. Foi possível perceber muitas embalagens plásticas, garrafas PET, pacotes de biscoitos e salgadinhos, que boiavam no rio e se acumulavam na margem.
Andando pela praia, também foram vistas diversas barracas de camping, mas não é possível afirmar se os donos iriam acampar no local, tendo em vista que o Decreto proíbe acampamentos.
Segundo o major Valmir, da Polícia Militar, o movimento estava tranquilo e os veranistas receberam compreensivelmente as orientações repassadas.
“Passamos conversando com todos que estão na praia, orientando sobre as normas do Decreto, bem como, fazendo a fiscalização quanto ao consumo de bebidas alcoólicas. Estamos com 35 agentes, e somando com os demais órgãos de segurança, dá uma média de 75 policiais”, contabilizou o Major Valmir.
O Corpo de Bombeiros também estava na ativa, com oito agentes na Praia do Tucunaré e cinco na Praia do Geladinho. Segundo o aspirante Emílio, havia uma média de 400 a 500 pessoas no Tucunaré.
“Esperávamos uma movimentação maior para o primeiro dia, mas tudo segue na normalidade, sem ocorrências relevantes. A principal preocupação é no uso das áreas corretas para banho, pois precisamos manter os banhistas longe de onde há o fluxo de barcos”, explica o Aspirante Emílio.
REGISTRO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS
O coordenador da Vigilância Sanitária, Daniel Soares, explicou ao Portal Correio que apesar da intensa fiscalização, ainda há pessoas que conseguem atravessar com bebidas alcoólicas.
“Geralmente, eles vêm com os isopores e caixas térmicas pelos pontos de embarques não oficiais, e acabam conseguindo chegar até a praia. Mas todo o nosso efetivo continua fazendo vistorias e quem é flagrado consumindo, é orientado a descartar”, explica Daniel.
O coordenador explica ainda que a pandemia continua, e por isso, seguir as normas do decreto é essencial. “É importante lembrar a população que a doença ainda existe, apesar do retorno das atividades, e precisamos seguir as orientações para evitar o contágio do novo coronavírus”, adverte Daniel.
RESPOSTA DA PREFEITURA
A Reportagem do Portal Correio procurou a Prefeitura de Marabá para solicitar um posicionamento a cerca dos problemas identificados na visita à Praia do Tucunaré.
Sobre a situação da plataforma, que deveria estar funcionando para facilitar o acesso dos veranistas aos barcos na hora do embarque, a Secretaria Municipal de Viação e Obras Públicas (Sevop) respondeu que “está tomando orçamento para a recuperação da plataforma, que deve voltar a ser utilizada assim que passar por uma reforma”.
Em relação à fiscalização dos barqueiros que atuam, clandestinamente, com a travessia de veranistas em pontos de embarque não oficiais, o secretário municipal de segurança institucional, Jair Guimarães, informou que o Município tem conhecimento desse problema.
“Não temos como colocar um agente para cada barqueiro, mas vamos reverter esse cenário após uma reunião onde estudaremos estratégias para adaptar a fiscalização. E vale lembrar à população, que a pandemia ainda não acabou, pois ainda há pessoas morrendo de covid-19 em Marabá”, disse Jair.
E por fim, sobre o acumulo de lixo jogado na praia, a Assessoria de Comunicação (Ascom) da Prefeitura, informou que as equipes de Garis dos Rios estarão entrando em ação ainda nessa semana, e a limpeza será reforçada com a instalação de lixeiras.
A Ascom também pediu a colaboração da população, orientando que levem sacolas para o descarte do seu lixo, e tragam de volta à cidade para depositá-las corretamente nas lixeiras. (Zeus Bandeira)