Desde o início de junho, os moradores de áreas afetadas pela enchente em Marabá correm atrás do saque do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). O objetivo da liberação é ajudar os atingidos pelo evento climático que castigou o município entre janeiro e março. Com o prazo no limite, porém, o fluxo de trabalhadores que têm direito à operação subiu de modo considerável em agências da Caixa e no Comitê Bolsa Família, principal destino dos habilitados à retirada. Longas filas, senhas contadas e burocracia no processo são rechaçadas pelos cidadãos.
Marivaldo Pereira da Silva é soldador de uma empresa de postes e mora em área alagadiça na Folha 33, núcleo Nova Marabá. Ele levantou cedo para ir até o comitê aguardar na fila por uma das minguadas 70 senhas que são distribuídas por dia. Nem uma a mais. “Ontem eu vim pela manhã e não consegui [pegar a senha]. Muita gente”, comenta.
Ao ser indagado pelo veículo de comunicação, ele reclamou da aglomeração de pessoas e da burocracia no pós-senha. “Depois de pegar a senha, temos que ir à Defesa Civil. Feito o procedimento lá, precisamos voltar para cá [Bolsa Família]. A enrolação é grande”, afirma o trabalhador, que pretende investir o valor na reforma da casa.
Leia mais:Também ouvida pela Reportagem, a doméstica Francisca dos Santos Lima destacou a escassez de filas para atender à alta demanda. “É um desrespeito com a população. Deveriam distribuir mais senhas. Olha a quantidade de pessoas”, exclama ela.
A liberação da verba para os formais tangidos pelas águas ocorre porque a prefeitura decretou estado de calamidade pública no período. O valor máximo para o saque depende do saldo disponível em conta e é limitado a R$ 6.220. Conforme a Caixa, o trabalhador não pode ter feito saque do fundo em período inferior a um ano.
De acordo com as regras do FGTS, o saque pode ocorrer em caso de necessidade pessoal, urgente e grave, decorrente de desastre natural causado por chuvas ou inundações que tenham atingido a área de residência do trabalhador, quando a situação de emergência ou o estado de calamidade pública for reconhecido, como aconteceu em Marabá.
Os beneficiários têm até este domingo, dia 12, para se resolverem. O pagamento será feito em até cinco dias úteis depois do encaminhamento dos documentos. (Vinícius Soares e Josseli Carvalho)