Correio de Carajás

Residencial Magalhães: Briga por casa quase termina em mortes

Na noite de domingo (14), por voltas das 22 horas, três guarnições da Polícia Militar foram acionadas par atender a uma ocorrência de disparos de arma de fogo no Residencial Magalhães, Núcleo São Félix. Cinco homens armados em uma caminhonete foram autuados em flagrante por tentativa de homicídio contra três pessoas, durante uma luta corporal. Toda a celeuma foi causada pela tentativa de se apossar de uma casa onde as vítimas estão morando, no Residencial Magalhães, que virou “terra de ninguém”, desde que foi abandonado pelo governo federal.

Com os acusados foram apreendidos quatro munições de calibre 28, dois facões, duas facas e um pé de cabra. Os acusados dizem que parte das armas pertencia às ditas vítimas.



Armas, munições e ferramentas foram apreendidas pela PM com os abordados

Os acusados foram identificados como Diego Alves Bonfim, de 33 anos; José Paulo Maurício da Silva, de 53; Jakson Silva de Sousa, de 29; José Nascimento dos Santos, de 49 anos; e Alexon dos Santos Bonfim, de 53 anos. Eles foram autuados por homicídio qualificado, na modalidade de crime tentado, mas receberam Alvará de Soltura para responder às acusações em liberdade.

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As vítimas foram identificadas como Doriel Lima da Silva, Oziel Silva da Mata, Josiel Silva da Mata e Patrícia Silva da Mata, todos irmãos. Um dele, Oziel da Mata, confessou para a Justiça que invadiu uma casa no Residencial Magalhães, passando nela a residir, mas que na noite de domingo os acusados chegaram na residência, portando armas, de fogo e efetuaram disparos para obriga-lo a sair da residência. Foi aí que aconteceu toda a confusão que envolveu também seus irmãos, que estavam lá para defendê-lo.

Nos depoimentos, o acusado Diego Bonfim confessou os fatos, mas alegou que os ocupantes do imóvel também estavam armados, inclusive chegaram a lesiona-lo. Outro flagranteado, José Santos, disse que eles realmente foram até a residência, mas não viu arma de fogo e que lá chegando foram recebidos a pauladas pelas pretensas vítimas.

Os acusados foram apresentados na 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil
 

Por outro lado, José Paulo, também acusado, confessou os fatos, mas também alegou que não portavam arma de fogo e que foram agredidos pelos invasores da residência. O depoimento dele foi igual ao de Alexon Bonfin, que também disse que agiram em legítima defesa, porque sofreram lesões por parte dos ocupantes do imóvel.

Por último, o flagranteado Jakson Sousa também disse que ninguém levou arma de fogo para o embate, bem como os ocupantes do imóvel portavam barras de ferro e pedaços de madeira, de modo que ele foi agredido fisicamente.

Os cinco andavam nesta caminhonete quando foram localizados pela Polícia

Descaso

No dia 26 de abril do ano passado, começou a se intensificar a ocupação das casas do Residencial Magalhães, que é um aparelho do Programa Minha Casa Minha Vida, que não chegou a ser concluído pelo governo federal (Caixa Econômica) e pela HF Engenharia. A invasão foi motivada justamente porque os imóveis – todos cobertos, embora nunca concluídos e entregues para as famílias cadastradas – estavam obviamente desocupados.

Quatro meses depois, o juiz Heitor Moura Gomes, titular da 2ª Vara Federal de Marabá, emitiu mandado liminar de reintegração de posse em favor da HF Engenharia e Empreendimentos LTDA em relação a todas as 3 mil construções do Residencial Magalhães, e em favor da Caixa Econômica Federal em relação à parte delas, 1.500 unidades habitacionais. Mas o problema continua.

De lá para cá, muita gente tem ocupado residências, tem vendido imóveis e, nessa negociação ilegal toda, apareceram casos em que o mesmo imóvel passou a ser disputado por mais de uma família. Houve situações contornadas com uma boa conversa ou negociação de valores, mas o caso de domingo quase termina em morte. (Chagas Filho – colaborou Josseli Carvalho)