Diversos beneficiários do Auxilio Emergencial do Governo Federal foram parar na Delegacia de Polícia Federal em Marabá na manhã desta segunda-feira (15). Todos apresentaram queixas semelhantes: foram vítimas da ação de hackers, que têm se aproveitado do intervalo de tempo entre a liberação do dinheiro e do saque para desviar os valores das contas.
A maioria dos presentes na Delegacia Regional da PF era composta por pessoas humildes, idosos e moradores de localidades da zona rural de Marabá e municípios vizinhos.
Antônio dos Santos é morador do Núcleo São Félix, e hoje estaria recebendo a segunda parcela do seu auxílio, mas ao chegar à agência da Caixa Econômica Federal, teve uma surpresa nada agradável. “Fui informado pelos servidores da Caixa que meu auxílio havia sido desviado. Alguém pagou um boleto no valor do benefício e zerou minha conta. Não souberam me informar quem foi, apenas que o boleto foi pago no dia 3 de junho”, narra Antônio.
Leia mais:Outra vítima do golpe é Antônio Eugênio, morador da Folha 33, que devia ter sacado seu auxílio no dia 12 de junho, mas devido a uma consulta médica que precisava fazer, acabou deixando para ir no dia seguinte. “Quando cheguei na agência me informaram que o benefício não estava mais na conta. Na sexta-feira ele havia sido retirado com o pagamento de um boleto. É uma situação que me deixa desesperado, pois eu precisava desse dinheiro”, lamenta Eugênio.
Até mesmo Edna Gomes, que mora no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Porto Seguro, a 25 km de Marabá, foi alvo da ação dos hackers. A conta digital para recebimento do auxílio havia sido criada para ela automaticamente, com dados do Cadastro Único (CadÚnico), no entanto o dinheiro do benefício nunca chegou nas mãos de Edna.
“Nunca revelei meus dados para ninguém, até porque eu nunca consegui abrir o aplicativo, meu cadastro foi feito automaticamente, mas agora descobri que alguém levou meu benefício”, reclama Edna.
Um caso diferente, porém, que também configuraria como golpe, é o de Jânio Araújo, residente da Vila Diamante, Km 40, em São João do Araguaia. Ele entregou seus documentos para que um terceiro realizasse seu cadastro.
“Na primeira parcela ele veio junto comigo e fez o saque, depois me levou em outro local onde uma mulher tinha um dinheiro para passar para ele. Foi quando ele tirou uma foto do meu cartão para essa mulher transferir o dinheiro para minha conta, e ainda havia pegado a quantia em espécie que ela iria transferir para ele do meu auxílio. Mas esse dinheiro nunca chegou na minha conta, e quando fui receber a segunda parcela, me informaram que já havia sido retirado”, narra Jânio.
Beneficiada pelo CadÚnico, Edna também foi vítima do golpe
Jânio cedeu seu cartão para um terceiro que possivelmente desviou o seu auxílio
PF EM INVESTIGAÇÃO
O delegado da PF, Marcelo Mascarenhas, alerta que a ação dos hackers contra os beneficiados do Auxílio Emergencial está acontecendo em todo Brasil. “Estamos em uma ação conjunta da PF de todo o País para chegar até esses criminosos. Posso adiantar que as investigações já estão bem avançadas. No caso, os responsáveis devem responder pelo crime de estelionato majorado, previsto no art. 171 do Código Penal”, explica o delegado.
O delegado Mascarenhas ainda alerta para que os beneficiados não aceitem a ajuda de terceiros para fazer qualquer operação relacionada ao Auxílio Emergencial. “Somente de funcionários da Caixa, e também não devem utilizar aplicativos que não sejam os oficiais e nem mesmo acessar links suspeitos enviados por WhatsApp”, recomenda.
Caso um beneficiário tenha sido vítima da ação dos hackers, o delegado Mascarenhas recomenda que compareça primeiro à agência da Caixa Econômica Federal para contestar o desvio do dinheiro. “Os servidores da Caixa entregarão para a vítima um comprovante de que o auxílio foi desviado. Esse comprovante deve ser apresentado na Delegacia da PF para registro da ocorrência”, finaliza o delegado. (Zeus Bandeira e Josseli Carvalho)