Prova da atenção da sociedade civil organizada ante a pandemia da covid-19, uma comitiva formada pelas comissões de Saúde e Direitos Humanos da Subseção Marabá da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) esteve no Hospital de Campanha instalado no Carajás Centro de Convenções a fim tanto de conversar com os responsáveis pela operação da unidade quanto de inspecionar a estrutura do local e avaliar o fluxo de atendimentos a pacientes diagnosticados com o novo coronavírus.
Liderada por Ismael Gaia, presidente da OAB Marabá, a comitiva explorou quatro pontos na visita à unidade: o acolhimento familiar (comunicação entre o paciente e os familiares); a falta de medicamentos (antibióticos); a regulação de pacientes do Hospital Municipal de Marabá (HMM) para o Hospital de Campanha; e a inspeção na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e na nova ala clínica para atendimento de indígenas. Houve reunião com médicos antes da inspeção.
A comitiva foi recebida pelos médicos Edson Eduardo Pramparo, diretor-geral do hospital, Roberto Said Boutros, diretor clínico, e Juan Meira de Miranda, diretor técnico, além do advogado Guilherme Nava, representante da Inai — Organização Social (OS) que gerencia a unidade de referência.
Leia mais:Sentados à mesa, os advogados abordaram queixas recebidas pela OAB Marabá quanto ao acolhimento de familiares dos pacientes internados em leitos clínicos e de tratamento intensivo. Conforme os membros da comitiva, uma possível dificuldade de comunicação entre as duas partes (paciente e familiar) estava havendo. Os gestores do Hospital de Campanha, então, apresentaram a ala “Acolhimento Familiar”, ativada na última segunda-feira (8), que pretende resolver o problema.
Outra situação exposta pelos advogados foi a falta de medicamentos, principalmente antibióticos, para os pacientes. A isso, os administradores admitiram que houve falta de insumos na semana passada, mas que o problema logo foi detectado e solucionado. Entretanto, os médicos do hospital ponderam que o desafio de se adquirir tais medicamentos é enorme pela alta demanda em tempos de crise.
Outro tópico levantado pela OAB Marabá foi a regulação de pacientes do Hospital Municipal para o Hospital de Campanha. Os médicos administradores, por seu turno, comunicaram que tal procedimento tem ocorrido de maneira tranquila. Todavia, há dificuldades específicas e pontuais no cadastro dos pacientes via sistema. Desse modo, pacientes que não estejam com a covid-19 não são admitidos na unidade.
Após a reunião, os advogados visitaram todas as alas do Hospital de Campanha, passando por leitos e espaços de atendimento. Eles foram acompanhados por uma enfermeira que fez ampla apresentação de todos os setores vistoriados, sobretudo os referentes aos blocos onde estão instaladas as UTIs. A comitiva teceu vários questionamentos e a cada um foi respondida.
Na oportunidade, a comitiva da OAB Marabá também conheceu a nova ala clínica destinada à comunidade indígena em tratamento de covid-19. A nova área, implantada no Hospital de Campanha no último dia 6, reforça o atendimento aos indígenas da região de Carajás, sendo mais uma medida de combate ao novo coronavírus pelo estado.
No momento da inspeção, dois nativos já estavam sendo atendidos na unidade, sendo um pajé da etnia Suruí e um cacique da tribo Gavião Parkatejê, que está na UTI. O espaço foi totalmente adaptado para melhor atender a comunidade durante o tempo de internação, respeitando sua cultura, seus hábitos e suas tradições. (Vinícius Soares)