Correio de Carajás

Coronavírus mata guerreiro, infecta cacique e até pajé Suruí está internado no HMM

O povo Suruí está encurralado com a chegada de um inimigo invisível. Na última semana, o novo coronavírus entrou com força na comunidade e levou morte, medo e desespero à comunidade indígena mais pobre da região.

Localizada a 100 Km de Marabá, cortada pela BR-153, entre São Domingos do Araguaia e São Geraldo do Araguaia, a comunidade Suruí não recebe subvenção de nenhuma empresa de mineração e, talvez, por isso, eles são uns dos mais pobres da região e dependem da comunidade externa. Parte de suas terras é varrida, ano a ano, por queimadas vindas de fazendas vizinhas, o que destruiu castanhais que proveem parte da sua alimentação e renda.

Na última quinta-feira, 4, um guerreiro da comunidade, Warini Suruí, morreu em um hospital de Marabá. Na sequência, outros quatro indígenas foram diagnosticados com a covid-19 e uma lista com outros 30 – entre idosos, mulheres, jovens e crianças estão com os sintomas da doença.

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O cacique Mairá Suruí, em contato com a Reportagem do CORREIO DE CARAJÁS na manhã deste domingo, disse que ele mesmo está com sintomas da doença, além de outras lideranças e membros da comunidade.

“O meu povo está sofrendo. Pegamos uma gripe terrível e metade da comunidade adoeceu. Muitos já se recuperaram e estão de pé, tomaram remédio caseiro e já melhoraram. Só os mais velhos e os hipertenso que estão ainda se recuperando devagarzinho porque estão fraco e não estão conseguindo se levantar”.

Contou que já testaram positivo para a doença Ivaí Surui, Api Suruí, Kussamaru Suruí e Arikassu Suruí. “Todos são os mesmos sintomas: falta de cheiro, falta de paladar, dor de cabeça, febre e dor nos ossos”.

Neste momento, outros dois membros da comunidade estão internados no Hospital Municipal de Marabá: Api Suruí e o pajé Arikassu Suruí. A situação de ambos é delicada.

Quatro promotores estaduais estão, neste momento, tentando mobilizar autoridades para prestarem assistência em saúde com qualidade para os Suruí.

Nesta segunda-feira, conforme a Reportagem do CORREIO levantou, será inaugurada uma ala do Hospital de Campanha de Marabá especialmente para atender indígenas. Serão dez leitos direcionados para as comunidades, inicialmente.

Funai se posiciona

Procurado pela Reportagem do CORREIO, Marcelo Mello de Menezes, coordenador da Funai em Marabá, lembrou que a questão da saúde indígena é de responsabilidade do DSEI, mas que a Funai acompanha e faz gestão, com atuação participativa.

Relatou que no dia 5 de junho, ou seja, última sexta, a Coordenação Regional do Baixo Tocantins transportou e distribuiu 138 cestas de alimentos e produtos de higiene e limpeza doados pelo CIMI de Marabá e mais de 60 caixas de produtos de higiene e limpeza (sabonete, água sanitária, sabão em barra e creme dental), doados pela empresa Vale às 156 famílias residentes nas sete aldeias da TI Sororó, da etnia Suruí. (Ulisses Pompeu)