A alegria de Manoel Pinheiro nesta sexta-feira (29) foi saber que não está infectado pelo coronavírus e, ainda melhor, no conforto e segurança do lar. “A pesquisa é muito importante para todos, o que nos deixa tranquilos, principalmente pela importância do resultado”, comentou após ser submetido a teste rápido para covid-19, em Parauapebas.
Desde a última segunda (25), a Prefeitura Municipal realiza entrevistas à população e aplica testes rápidos em residências previamente sorteadas, com o objetivo de traçar o perfil epidemiológico da população que já pode ter sido exposta ao vírus, mesmo sem apresentar sintomas. O resultado ficou pronto em 15 minutos.
O Portal Correio de Carajás acompanhou o quinto dia da pesquisa junto ao grupo de pesquisadores, composto por 15 técnicos de enfermagem e uma enfermeira da empesa Teg Saúde. Os trabalhos desta sexta tiveram início na Rua Grécia, no Bairro Novo Horizonte, onde a casa de Manoel foi a primeira a ser visitada. Ele vive com a esposa, Alcione Morais, na faixa etária dos 40 anos, que também testou negativo.
Leia mais:O casal conta que desde o início da pandemia optou pelo isolamento e não receber visitas. Alcione conta que um sobrinho foi infectado e, para ajudá-lo, leva diariamente comida para ele, mas a deixa na porta da casa. “Faço tudo com a máxima segurança, passo álcool em gel e sempre uso máscara”, disse ela, revelando que as saídas estão restritas a mercados e farmácias.
Na mesma rua, algumas quadras abaixo, o casal Joaquim Alves dos Santos, 47 anos, e Silvana Feitosa, 43 anos, também participou da pesquisa. Os dois também não estão infectados pela covid-19, como apontou o teste rápido.
Um alívio para Silvana que teve contato com duas pessoas que testaram positivo para a doença, incluindo uma cliente que confessou estar com o coronavírus durante atendimento no salão de beleza de Silvana. “Perguntei a ele por que não me disse antes, mas sempre uso máscara, por precaução, quando atendo alguém”.
Testes
A meta é realizar 300 testes por dia, explica a enfermeira da Teg Saúde, Renata Phillips. A profissional de saúde orienta aos moradores verificarem se o pesquisador está devidamente identificado, antes de recebê-lo em casa. “É importante que o pesquisador peça autorização da pessoa para acompanhar o teste. O morador também pode solicitar para ver a carterinha do Coren e o crachá”, aconselha ela.
Renata detalha que o exame é capaz de detectar se a pessoa desenvolveu anticorpos, as defesas produzidas pelo corpo humano contra o vírus. “Os anticorpos sugerem que o contato com o vírus ocorreu, mesmo se a pessoa não tem apresentado sintomas. No máximo em 15 minutos é possível ter o resultado do teste, que é gratuito, com participação voluntária”.
Estão previstos três ciclos de entrevistas e testes, com intervalo de quatro semanas entre eles. A cada etapa, os pesquisadores farão entrevistas e testes rápidos. Os moradores e residências são escolhidos de forma aleatória, por sorteio, “conforme determina a metodologia deste tipo de estudo”, pontua Renata.
Entre as perguntas do questionário estão se o morador sentiu febre, dor no corpo, tosse, cansaço, falta de apetite, diarreia, náusea ou cefaleia nos últimos dias. Todos os moradores da casa podem fazer o exame, desde que haja permissão e autorização por escrito.
Combate à subnotificação
A diretora interina da Vigilância e Saúde, da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), Ana Carla Tomás, destaca que o estudo será essencial para identificar a real prevalência de contaminação no município. “Identificar também como está a questão do isolamento, para gente conseguir conhecer o perfil, ou, a porcentagem do isolamento domiciliar”.
De acordo com Ana Carla, o levantamento também irá apontar “quais são os locais onde a contaminação está mais frequente. Levando em consideração o público que está em domicílio, não necessariamente aquele que procurou atendimento médico”, justifica.
Segundo a diretora interina, o perfil que a Semsa atualmente traça no município é referente aos pacientes que procuraram as unidades de internação, onde os dados são lançados para a estatística do município. “Há pessoas que procuram a unidade básica, mas existem aquelas que ficaram em isolamento com sintomas mais leves”.
Por fim, destaca que a pesquisa possibilita combater uma possível subnotificação, que é conduzida por profissionais da Teg Saúde, com coordenação da Semsa e suporte financeiro da Vale. (Theíza Cristhine)