A SpaceX, do magnata Elon Musk, marcou para esta quarta-feira (27) o primeiro voo tripulado partindo de solo dos Estados Unidos em nove anos, com dois astronautas da Nasa. A partida está prevista para as 17h33 (de Brasília), do Centro Espacial Kennedy, na Flórida — se o tempo permitir.
Se as condições meteorológicas estiverem desfavoráveis, o lançamento deverá ser adiado para o sábado (30). E a previsão indica chuva no Cabo Canaveral na tarde desta quarta.
A cápsula Crew Dragon transportará os astronautas Doug Hurley e Bob Behnken rumo à Estação Espacial Internacional (ISS) a partir do foguete Falcon 9.
Leia mais:O presidente Donald Trump estará entre os espectadores para assistir ao lançamento, que recebeu autorização apesar dos meses de confinamento devido à pandemia de coronavírus.
Em razão das restrições impostas pela pandemia de Covid-19, o público em geral foi convidado a acompanhar o lançamento da Crew Dragon pela transmissão ao vivo.
Destinado a desenvolver naves espaciais privadas para transportar astronautas americanos ao espaço, o programa de tripulação comercial da Nasa começou sob o governo de Barack Obama.
Trump o vê como símbolo de sua estratégia para reafirmar o domínio americano do espaço, tanto militar, com a criação da Força Espacial, quanto civil.
O atual presidente ordenou que a Nasa retorne à Lua em 2024, um cronograma difícil de cumprir, mas que deu novo impulso à famosa agência espacial americana.
Nos 22 anos desde o lançamento dos primeiros componentes da ISS, apenas naves espaciais desenvolvidas pela Nasa e pela agência espacial russa levaram equipes para essa estação.
A agência americana apostou no seu famoso programa de ônibus espaciais: naves espaciais enormes e extremamente complexas que levaram dezenas de astronautas ao espaço por três décadas.
Seu custo impressionante – US$ 200 bilhões para 135 voos – e dois acidentes fatais acabaram por encerrar o programa.
O último ônibus espacial, Atlantis, viajou em 21 de julho de 2011.
Depois, os astronautas da Nasa tiveram de aprender russo e viajar para a ISS no foguete russo Soyuz, que decola do Cazaquistão, em uma parceria que sobreviveu às tensões políticas entre Washington e Moscou.
Os Estados Unidos pretendiam, no entanto, que este fosse um acordo temporário.
A Nasa confiou a duas empresas privadas, a gigante da aviação Boeing e a SpaceX, a tarefa de projetar e construir cápsulas que substituiriam os ônibus espaciais.
Nove anos depois, a SpaceX, fundada por Musk, o empresário sul-africano que também criou o PayPal e a Tesla, está pronta para o lançamento.
‘Uma história de sucesso’
A Nasa concedeu à SpaceX mais de US$ 3 bilhões em contratos desde 2011 para construir a espaçonave.
A cápsula será tripulada por Robert Behnken, de 49 anos, e Douglas Hurley, de 53, ambos com uma longa história de viagens espaciais: Hurley pilotou o Atlantis em sua última viagem.
Cerca de 19 horas depois, vão atracar na ISS, onde dois russos e um americano esperam por eles. A operação levou cinco anos a mais do que o planejado, mas, mesmo com os atrasos, a SpaceX derrotou a Boeing.
O voo de teste da Boeing de seu Starliner fracassou, devido a sérios problemas de software, e terá de ser refeito.
“Tem sido uma história de sucesso”, disse à AFP Scott Hubbard, ex-diretor do Centro Ames da Nasa no Vale do Silício, que agora leciona em Stanford.
“Houve um grande ceticismo“, lembrou Hubbard, que conheceu Musk antes da criação da SpaceX e também preside um painel consultivo de segurança da SpaceX.
“Os líderes da Lockheed, da Boeing, me disseram em uma conferência que os caras da SpaceX não sabiam o que estavam fazendo”, contou à AFP.
A SpaceX finalmente chegou ao topo com seu foguete Falcon 9.
Desde 2012, a empresa reabastece a ISS para a Nasa, graças à versão de carga da cápsula Dragon.
A missão tripulada, chamada Demo-2, é de fundamental importância para Washington por duas razões. A primeira é quebrar a dependência da NASA em relação à Rússia. E a segunda é catalisar um mercado privado de “órbita terrestre baixa”, aberta a turistas e empresas.
“Prevemos um dia, no futuro, que teremos uma dúzia de estações espaciais na órbita terrestre baixa. Todas operadas pela indústria comercial“, disse o diretor da NASA, Jim Bridenstine.
Musk mira mais alto: está construindo um enorme foguete, o Starship, para circunavegar a Lua, ou até viajar para Marte e, finalmente, tornar a humanidade uma “espécie que habite vários planetas”. (Fonte:G1)