Correio de Carajás

Número de casamentos despenca em Marabá durante a pandemia

No mês das noivas, maio, uma notícia desagradável: o número de casamentos despencou em Marabá, na ordem de 40%. Também pudera: o cenário de pandemia causado pelo coronavírus adiou o sonho de muitos casais da cidade que planejavam celebrar o matrimônio em 2020. Como outros planos que tiveram de ficar para depois, o da união regada a muitas flores, música, champanhe, família e amigos reunidos, precisou entrar na lista por medidas de segurança e saúde.

Por orientação dos órgãos de saúde, reuniões que promovam aglomerações de pessoas estão proibidas. As festas de casamento que foram planejadas com muitos convidados, dando a possibilidade de contágio do vírus, se enquadram nessa categoria, e os noivos e noivas vão precisar esperar um pouco mais para celebrar esse grande dia.

O Portal Correio entrevistou Marcela Comin, proprietária do Cerimonial Organize, que precisou adiar seis casamentos só no primeiro semestre de 2020. “São seis histórias de amor que tiveram de aguardar para acontecer, sem contar com as formaturas e aniversários infantis e de 15 anos”, relata Marcela.

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Marcela conta que pelo menos seis cerimonias de casamento precisaram ser adiadas no primeiro semestre de 2020 / Foto: Divulgação

Ela calcula que há pelo menos cinco empresas que atuam com organização de eventos e que ficaram sem atividades por conta da pandemia.

Não bastando isso, há outros ramos envolvidos na organização de um grande casamento, que também ficam sem essa opção de atividade, como fotógrafos, videomakers, casas de eventos, decoradores, buffets, boleiras, doceiras, maquiadoras, cabelereiras, empresas de som e iluminação, cantores (bandas), corais, lojas de aluguéis, seguranças, limpeza, empresa de gerador, garçons, bar de coquetéis, entre outros citados por Marcela.

“Sem contar com os serviços terceirizados que todas essas empresas contratam, seja para execução, montagem ou desmontagem do evento. São mais de 100 famílias diretamente ligadas e dependentes desse ramo de eventos”, lamenta Marcela.

Até mesmo cerimônias com poucos convidados e mais reservadas não foram cogitadas por Marcela, por medidas de segurança. “Infelizmente, com a propagação dessa pandemia e o cumprimento da quarentena, fomos impossibilitados de realizar qualquer tipo de evento, a menos que fosse online. Meus clientes foram orientados e tenho certeza que apesar de tudo não se arriscariam. Fizemos os adiamentos progressivamente com cuidado para não tomar nenhuma atitude precipitada”, pontua.

E por falar em adiamento, Marcela acredita que somente no início do segundo semestre as atividades de eventos possam ter um retomada, ainda que reduzida. “Eu sei que pelo menos agora no início, nada será como antes, teremos de tomar mais cuidado com a higiene e a saúde. A quantidade de convidados também não poderá ser como antes, dependendo do tamanho da casa de eventos”, prevê a empresária.

Por enquanto, o que ela pode fazer é aguardar que os órgãos de saúde elaborem um protocolo para orientar como deverão ser organizados eventos tão grandiosos, como um casamento. “Mas o fato é que comemorações sempre existirão. Casamento é uma celebração milenar e o amor sempre dá um jeito de ser celebrado”, finaliza Marcela, com confiança de que dias melhores virão.

CARTÓRIOS (O AMOR NÃO PODE ESPERAR)

Mas enquanto uns aguardam que a pandemia acabe para realizar um grande evento para seu casamento, outros não quiseram perder tempo e procuraram um cartório para oficializar na justiça a sua união.

Lucas Guimarães e Samanta Holanda, por exemplo, estão namorando há quatro anos e não quiseram esperar a pandemia passar para oficializar o relacionamento. “Não precisamos parar nossas vidas por conta do vírus. O mais importante é estarmos juntos, por isso decidimos não esperar mais”, explica o noivo, Lucas.

Vale lembrar que os cartórios estão funcionando normalmente, como serviços essenciais. Saiane Sales trabalha em um cartório de Marabá que realiza casamentos civis e explica que houve uma queda de até 40% na procura pela oficialização da união. “Provavelmente, muitos decidiram adiar por conta da pandemia”, supõe.

Só na semana passada, Saiane conta que foram realizados entre cinco e seis casamentos, de forma bem restrita, permitindo apenas os noivos e as duas testemunhas necessárias para o procedimento.

Saiane Sales explica que houve uma queda de até 40% na procura pelo casamento no civil / Foto: Josseli Carvalho

Para os casais que não querem esperar o fim da pandemia, basta procurar um cartório para primeiramente dar a entrada no processo. “O casal deve estar munido de RG, CPF, comprovante de residência, certidão de nascimento, além de trazer as duas testemunhas que também devem apresentar documentos de identificação com foto. O casamento fica, então, agendado para 20 dias após a data da entrada”, explica Saiane.

Os valores para a união civil variam de R$ 335,00 até R$ 900,00, e o casal deve optar pela forma como se casarão. “O menor valor cabe quando o casal se casa apenas no civil, e no ofício há a comunhão parcial de bens, onde não há a necessidade de fazer a escritura. Quando há a necessidade da escritura, que funciona quando o casal deseja ter comunhão ou separação total de bens, o valor já fica mais alto, pois acrescentamos o preço da escritura também”, justifica Saiane.

Como serviço essencial, os cartórios seguem funcionando normalmente, inclusive para casamentos civis / Foto: Josseli Carvalho

Ela finaliza informando que por conta da pandemia, os casamentos civis somente são realizados presencialmente no próprio cartório. (Zeus Bandeira, Josseli Carvalho e Ulisses Pompeu)