Uma informação revelada pela Secretaria de Saúde Pública do Pará (Sespa) no fim da última noite acendeu o alerta para casos de transmissão comunitária da covid-19 em Marabá, visto que três pacientes testaram positivo para a doença na cidade, sendo eles uma mulher de 79 anos, outra de 66 e um homem de 72 sem histórico recente de viagem. Este último, residente no núcleo Cidade Nova, não relatou contato com suspeito e nem confirmado.
Em entrevista coletiva realizada no auditório da Prefeitura de Marabá na manhã desta quinta-feira (16), a diretora de Vigilância em Saúde, Sabrina Acioly, confirmou à imprensa a ocorrência de transmissão comunitária, aquela em que não é possível rastrear a origem do contágio. Ela informou, entretanto, que dois dos três casos de pacientes confirmados com o novo coronavírus no município são importados de localidades vizinhas.
O idoso de 72 anos estava em isolamento domiciliar e, ontem à noite, foi encaminhado ao Hospital Municipal de Marabá (HMM) para internação, ficando em estado de observação e aguardando leito no Hospital Regional do Sudeste do Pará (HRSP), que é a referência no atendimento a casos de coronavírus. As duas mulheres, por seu turno, encontram-se entubadas em estado grave na unidade de terapia intensiva da casa de saúde. Todos os pacientes pertencem ao chamado grupo de risco.
Leia mais:As mulheres não são moradoras de Marabá e vieram de cidades do entorno. Uma delas é oriunda de São João do Araguaia e foi trazida pela filha após passar mal. Já o caso importado de Curionópolis, distante cerca de 130 quilômetros, reside na região de Serra Pelada. Ao constatar os sintomas e passar mal, a mulher procurou atendimento no hospital de Eldorado. De lá, foi encaminhada para o Regional, onde precisou ser internada. Assim que ela deu entrada no HRSP, seu quadro clínico se agravou e a idosa teve de ser levada para a UTI, onde atualmente se encontra.
“Por isso, a importância, mais uma vez, do isolamento social, das pessoas terem a consciência de que precisam ficar em casa, só sair se houver realmente a necessidade e, ao sair, que usem máscaras, pois ela é uma barreira”, alerta Sabrina.
Para a diretora de Vigilância em Saúde, as máscaras podem não impedir completamente a transmissão do vírus, mas servem como uma barreira de contenção. “Volto a insistir que a população deve fazer o uso de máscaras quando ir ao comércio para comprar algo ou pagar alguma conta, por exemplo”, argumenta.
Ao longo da coletiva de imprensa, Sabrina adotou tom de exortação e requereu, seguidamente, que a população se atente para a prevenção da pandemia. “Quero falar para quem possui pessoas em grupo de risco em casa, principalmente os idosos, terem cuidado. Ao retornar da rua, por favor, ter o cuidado em trocar de roupa e com a assepsia antes do contato com o idoso”, recomenda.
“A minha mãe pode estar lá dentro de casa em isolamento, mas eu que estou indo para a rua posso estar contraindo o vírus e levando para ela dentro de casa. Então, é importante também a população ter a consciência de que nós, que somos mais jovens e estamos assintomáticos, podemos também ter contato com o vírus e levar para aquele ente querido que está em casa isolado”, pondera Sabrina.
Os familiares dos pacientes confirmados com a covid-19 estão em isolamento domiciliar, sendo acompanhados pelas equipes de vigilância sanitária. Sabrina explicou que os exames realizados em Marabá são do tipo PCR, em que o material é coletado aqui e encaminhado ao Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen). Ela ressaltou, na ocasião, que esse exame só é feito em pacientes hospitalizados.
Os pacientes que apresentam síndromes gripais, como congestão nasal, febre, tosse, dor de garganta ou algum sintoma respiratório, alerta Sabrina, devem permanecer em isolamento domiciliar por pelo menos 14 dias, posto que não serão testados.
Daniel Soares, diretor da Divisão de Vigilância Sanitária de Marabá, também ressalta a importância do uso de máscara e que a população evite sair de casa. (Vinícius Soares e Luciana Marschall)