Em Altamira, na região sul do Pará, uma prisão fora do comum foi realizada nesta semana pela Polícia Civil. Um homem de 25 anos é acusado de ‘stalkear’ uma mulher e fazer ameaças constantes a ela. A palavra em inglês é empregada para definir alguém que importuna de forma insistente e obsessiva outra pessoa.
A história de horror vivida pela vítima, que facilmente poderia ser roteirizada nas telas de cinema, começou em novembro do ano passado, quando o homem em questão a conheceu no local de trabalho dela.
A partir do primeiro contato as visitas dele se tornaram mais frequentes até que ficaram constantes, o que começou a incomodar a mulher. “Eu não aguentava mais esse homem me perseguindo. Ia e vinha com medo do meu trabalho (…). Percebi que ele não tinha comportamento normal porque na cabeça dele eu tinha algo com ele, trazia presentes e vinha todo dia, uma coisa doentia mesmo”, conta a mulher.
Leia mais:A intensidade da perseguição foi aumentando até que o homem começou a ameaçar tanto a vítima quanto colegas de trabalho dela. Em uma carta escrita por ele e entregue no estabelecimento, o acusado dizia que caso a vítima não ficasse com ele, também não ficaria com outra pessoa.
Como os dois não possuíam relacionamento – fora da cabeça dele – o caso não se enquadrava inicialmente na Lei Maria da Penha, que cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. O advogado Geunys Santos passou a acompanhar o desenrolar dos fatos e identificou o perfil do homem como o de um ‘stalker’. Descobriu-se, ainda, que ele possuía uma passagem criminal por tentativa de homicídio.
O caso foi levado ao Tribunal de Justiça do Estado do Pará e, em decisão incomum, foram determinadas medidas protetivas à vítima. “Em decisão inédita no Estado do Pará, até onde eu tenho conhecimento, o juiz plantonista de Altamira deferiu medidas protetivas em favor da mulher para que ele não se aproxime dela, mantenha distância de 200 metros, não se aproxime da família e nem de testemunhas do processo. É uma decisão muito acertada no meu ponto de vista, que vai colaborando nesta linha que a gente segue em proteção aos direitos da mulher”, explicou.
Mesmo sem envolvimento entre os dois, a decisão foi baseada na lei contra a violência à mulher. O homem, entretanto, ignorou a ordem judicial e retornou ao local de trabalho da vítima, onde acabou preso pela Polícia Civil pela desobediência.
“A vítima procurou a delegacia para se queixar de uma perseguição, um rapaz vinha ameaçando ela no local de trabalho, em horários inconvenientes e de forma ostensiva. Diante disso, tomamos a atitude de tombar o procedimento criminal contra ele, mas ele não obedeceu à determinação judicial de afastamento e foi preso em flagrante por descumprir a medida protetiva”, informou a delegada Alessandra Insabrald, que atua no caso. Conforme ela, o acusado segue recolhido na carceragem de Altamira.
Já a vítima voltou a dormir com mais tranquilidade. “É um alivio saber que ele está preso porque tive muitos problemas com isso, tive um abalo emocional porque era muito difícil saber que estava sendo perseguida por um homem que eu nunca tinha visto na minha vida e que achava que poderia mandar nas minhas escolhas. Não é não! Seja para a violência doméstica ou para um stalker”, afirma. (Luciana Marschall – com informações de Rede Vale do Xingu – SBT)