Correio de Carajás

As sete maravilhas de dona Teresinha em Marabá

Foi adotada, casou-se com um jogador de futebol, teve onze filhos, estudou no Colégio Plínio Pinheiro, voltou ao Plínio como professora, viajou muito na vida e curte a aposentadoria (pleníssima). Esse é um breve resumo das sete maravilhas de Teresinha Maravilha Santis.

Ela nasceu em 6 de fevereiro de 1952, na Velha Marabá, e diz ter orgulho de viver em sua cidade por 68 anos. Foi criada por pais adotivos, para quem foi entregue assim que nasceu. E talvez o sorriso espontâneo justifique o sobrenome pelo qual foi reconhecida por colegas de profissão.

Ela nasceu em 6 de fevereiro de 1952, na Velha Marabá, e diz ter orgulho de viver em sua cidade por 68 anos. Foi criada por pais adotivos, para quem foi entregue assim que nasceu. Seu nome é Teresinha Maravilha Santis. E talvez o sorriso espontâneo justifique o sobrenome pelo qual foi reconhecida por colegas de profissão.

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Conheceu o marido João Carlos de Oliveira Santis quando tinha 18 anos e com ele teve 11 filhos, os quais lhe dera – até agora – cinco netos. O meio século de convivência do casal serve de referência para toda a família.

O ano de 1957 a marcou muito. Teresinha Maravilha tinha cinco anos de idade e foi quando acompanhou, pela primeira vez, a cheia dos rios Tocantins e Itacaiunas. “A enchente sempre trazia muita expectativa aos moradores da Marabá Pioneira quanto à mudança de casa. Aquilo, para nós, crianças, era uma diversão incrível”.

Ela é professora e diz que nasceu para a profissão. Desde criança, segundo sua mãe, Teresinha brincava de ser professora. Na juventude, escolheu o magistério, mesmo podendo optar entre inúmeras carreiras. “Eu sempre fui muito apaixonada por escola e, principalmente, por sala de aula. O meu amor maior sempre foi estar misturada com os alunos”.

Dona Teresinha passou muito tempo sem estudar por ter filho e casa para cuidar, mas diz que sempre esteve atenta aos cursos intervalares do então Campus da Universidade Federal do Pará (UFPA) em Marabá. Tanto que ela foi aluna da primeira turma de Pedagogia, em 1987, quando fez seu primeiro vestibular para se dedicar à graduação.

“Não tentei mestrado e doutorado por uma escolha pessoal. Era muito sofrimento. Ora não tinha professor, ora não tinha uma disciplina, mas nós recuperávamos no semestre seguinte e era essa luta. Hoje, quando eu vejo os inúmeros cursos que têm aí, eu fico brigando com meus netos: ‘Olha, gente, vocês não imaginam o tanto que a vó de vocês sofreu para fazer essa faculdade’”.

Ela conta, entretanto, que aguarda portaria para se aposentar, com a sensação do dever cumprido. “Eu tive muitos alunos e, pelos encontros e reencontros com ele, nós sabemos que alguma coisa acrescentamos, alguma coisa ficou marcada em suas vidas”.

Teresinha Maravilha conta que ministrava as disciplinas de Sociologia e Filosofia no Ensino Médio e trabalhou cerca de 48 anos como professora, em paralelo com a atividade que desempenhava no comércio, na loja “A Credilar”, durante o dia. À noite, dona Terezinha sempre se dedicava à escola e dava um jeito de “substituir colegas que tinham problemas de saúde ou atender um pedido de diretor que estava precisando de alguém”.

Ela cursou Pedagogia, fez todas as habilitações e passou de vez para a função de educadora em tempo integral, após ser aprovada em um concurso do Estado, onde trabalhou por mais 32 anos.

Ainda sobre a sua carreira como professora, Teresinha relata ter se engajado em muitas lutas para reforma de escolas e melhores condições salariais para a categoria. Ela recorda que a situação dos prédios público, no passado, era precária, mas que hoje nota elevada mudança.

Ela afirma nunca ter sofrido um desgosto em sala de aula. “A satisfação em dar aula foi e continua sendo tão grande, que eu não me recordo de nenhuma discussão que deixasse sequela em sala de aula, cena muito vista nos dias atuais em várias escolas do País, o que me deixa triste”.

Recorda que foi aluna da Escola Estadual Plínio Pinheiro e que voltou à instituição como professora, onde lecionou por muitos anos. “Eu tenho muito amor e carinho por esta escola”.

TRABALHO ESTENDIDO

Também relata que, nas suas últimas semanas de trabalho no Colégio Plínio Pinheiro, recebeu muito carinho de colegas e alunos, o que a fez ficar mais um tempo. Esse tempo, conta ela, foi de dois anos. “Eles me ovacionaram. Fizeram uma festa de despedida para mim. Aquilo me contagiou tanto que eu fiquei mais um pouquinho de tempo para cumprir o período da aposentadoria”.

A senhora de sorriso fácil gosta muito de Marabá. Já viajou para vários lugares, mas sempre está de volta à cidade natal. “Eu não sei o que me prende, o que me atrai. Eu sempre gosto de estar por aqui”.

A professora relembra que acompanhou o surgimento dos núcleos Cidade Nova e Nova Marabá na sua vivência aqui na cidade. “Acho que foi isso que me prendeu a Marabá, ver esse progresso chegando. Isso me traz muita satisfação”.

A relação de Teresinha com o Estádio Zinho Oliveira é de antes mesmo do lançamento da pedra fundamental. Diz que sempre gostou de futebol, assim como seu pai, Manoel Maravilha de Oliveira, o Mestre Manduca. Inclusive, o marido João Carlos Santis foi jogador de futebol no passado. “Sou uma torcedora de coração do Azulão e sempre que posso acompanho as viagens do clube”, destaca com orgulho.

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