O risco de contágio pela pandemia do novo coronavírus (covid-19) tem mesmo deixado as pessoas apreensivas ante o cenário observado em Marabá e nas cidades vizinhas. Como muitos estabelecimentos (bares, restaurantes, casas noturnas e outros) estão fechando as portas provisoriamente e liberando os funcionários para executarem as tarefas de casa, o público-alvo (trabalhadores convencionais) de mototaxistas, taxistas de lotação e motoristas por aplicativo sumiu das ruas, provocando uma reviravolta na atividade econômica desses profissionais.
Quem foi liberado de suas funções no trabalho agora está ficando em casa. Essa, por sinal, é a principal orientação dos profissionais e especialistas em saúde, com vistas à rápida propagação da doença, que acontece pelo ar. Calcula-se que cada pessoa infectada transmita o vírus a outras duas ou três, se em contato de maneira indevida (com os calorosos apertos de mão e abraços). Uma empresa de vendas pela internet, inclusive, mudou a identidade visual, que antes era um aperto de mãos (simbolizando o fechamento de negócios) por um toque de cotovelos (gesto que remete à restrição de contato recomendada).
O mototaxista Josimar Araújo da Silva, que trabalha no Terminal Rodoviário “Miguel Pernambuco”, localizado no Quilômetro Seis, afirma que o número de corridas nos últimos dias caiu impetuosamente. “É uma infelicidade. Nesses últimos dias, eu estimo que cerca de 70% (do número de corridas) caiu. Foi uma diminuição brutal. Eu posso te garantir que isso não está agradando ninguém aqui, mas entendemos o cenário de quarentena e seguimos operando, com um cliente vez ou outra, até ordem superior”, expõe.
Leia mais:O panorama descrito por Josimar, de fato, condiz com a realidade. A Reportagem esteve na rodoviária durante pouco mais de meia hora para observar o fluxo de pessoas e pouco as motos estacionadas por ali com a finalidade de transporte de passageiros se movimentaram. Uma corrida aqui e outra acolá, como comenta o mototaxista.
Mas não são somente as motos que estão sofrendo com o baixo número de solicitações de passageiros. Na manhã de sexta-feira (20), nós percorremos em um táxi-lotação do bairro Vale do Itacaiunas, no núcleo Cidade Nova, até a sede do Grupo Correio de Comunicação, situado na Folha 33. De lá para cá, apenas dois passageiros embarcaram, cena rara nas manhãs de dias úteis em Marabá.
Os táxis, realmente, costumam circular com a lotação no limite (quatro ou cinco passageiros, dependendo do humor dos clientes em ceder espeço a mais um). De acordo com o taxista Josué Silva, os 78 carros da frota que cobra R$ 4,75 por viagem transitaram pelas ruas da cidade parcialmente vazios ao longo do dia. “O povo sumiu e isso diminuiu muito o nosso fluxo normal de passageiros. Carros nossos não ficavam aqui (gravamos com ele no ponto da Cidade Nova) vazios por mais de 30 minutos ‘nem sonhando’. Esperamos só que tudo volte ao normal depois desse coronavírus”, pondera ele.
Da mesma forma estão os motoristas por aplicativo. Colaborador de Uber, 99 Táxis e MobCar, o autônomo Hernane Barros avaliou negativamente a baixa no número de solicitações de corrida pelos três aplicativos, mas disse ter convicção de que as medidas adotadas pelas autoridades sanitárias são as mais oportunas na contenção da temida doença. “Na minha avaliação, o olhar coletivo ultrapassa o individual. Eu só estou nas ruas com meu carro porque tenho que cumprir com as minhas obrigações (contas) no fim do mês, mas já estou pensando em ficar só em casa”, argumenta.
Para ele, as restrições impostas pelos especialistas em saúde e pelo próprio decreto do Governo do Estado causaram um rebuliço na atividade profissional desempenhada por ele e pelos colegas. “Precisamos buscar alternativas para superar essa crise. Não sabemos ao certo se será provisório ou não. Pode durar vários meses, então é bom avaliar todo o contexto e buscar a prevenção, que é essencial”, complementa Hernane. (Da Redação)