Correio de Carajás

Desabrigados do Bairro Amapá invadem antiga creche

Na manhã da sexta-feira, 20, por volta das 8h30, diversos moradores do Bairro Amapá invadiram e passaram a ocupar o antigo Núcleo de Educação Infantil (NEI) Maria da Conceição Silva Pereira, por conta da enchente que atingiu o bairro. Viaturas da Guarda Municipal foram até o local para tentar conter a situação, mas tudo se resolveu no diálogo. No NEI, 15 famílias se abrigaram, vindas da Travessa São José, Rua São José e da Rua Beira Rio, que já estão tomadas pela água.

A ideia é que em cada sala, sejam alojadas duas famílias, para que todos possam se acomodar. Segundo os desabrigados, já é comum a ocupação daquela escola todos os anos em período de enchente.

Josiane Rocha é uma das moradoras que precisou deixar seu lar, devido à cheia dos rios, e foi para a escola se organizar com sua família. Ela conta que os moradores procuraram a Defesa Civil quando a água ainda estava se aproximando das casas, porém, foram informados que não haveria local para eles ficarem no momento e nem mesmo transportes para executar as mudanças.

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“Então o que aconteceu? Nós dormimos com a casa seca e acordamos embaixo d’água, então resolvemos vir para essa escola, já que os estudantes daqui já foram transferidos para o novo NEI. Entramos, cada um pegou uma sala, sem permissão mesmo, e é por aqui que vamos ficar. A polícia chegou, mas explicamos a situação e eles entenderam”, disse Josiane.

O presidente da Associação de Moradores do Bairro Amapá, Edmilson Silva, disse que esteve em uma reunião com o coordenador da Defesa Civil, Jairo Milhomem, e foi informado que foi proposto a mudança das famílias para o Campo do Tatuzão, mas, isso traria consequências, segundo Edmilson, como roubos.

“Lá é muito distante de mais de seis quilômetros, e podem roubar as coisas que a população deixa nas casas porque não pode levar. Outro ponto que desagradou a todos foi à cesta básica, que não seria ressarcida naquela localidade. Creio que se deve ter um bom senso, pois muitos moradores aqui estão desempregados e não tem condições de comprarem alimentos, principalmente após essa situação. Cheguei a tentar fazer sugestões de lugares onde poderíamos ser levados, mas Jairo não quis aceitar nossa opinião”, relata Edmilson.

O jornal CORREIO procurou a Prefeitura de Marabá para saber o que aconteceria com as famílias que se abrigaram urgentemente no NEI Maria da Conceição Silva Pereira. Em nota, a Assessoria de Comunicação apenas informou que “todas as famílias serão levadas para o galpão da Folha 32 e para o Tatuzão”, já em relação à ocupação do NEI “não foi autorizada, no entanto a Defesa Civil vai verificar amanhã (hoje, dia 21), a situação”, disse a nota. (Zeus Bandeira e Evangelista Rocha)