Na tarde desta quinta-feira, 19, o crescente aumento no nível dos Rios Tocantins e Itacaiunas atingiu a marca dos 12 metros e 53 centímetros, o que obrigou mais famílias a saírem de suas casas e procurar os abrigos ou alugueis para fugirem da enchente. Na Folha 32, Núcleo Nova Marabá, a Prefeitura de Marabá alugou um galpão como medida emergencial para refugiar os atingidos.
Desde a quarta-feira, 18, por volta do meio-dia, o galpão já começou a receber os flagelados. Na manhã desta quinta-feira, 19, o Correio de Carajás esteve no local e contabilizou 18 famílias alojadas no local. Logo na entrada, havia duas servidoras da Secretaria de Assistência Social, Proteção e Assuntos Comunitários (SEASPAC) realizando cadastramento das famílias.
As servidoras informaram ao chegarem ao galpão nesta manhã, 19, já havia várias famílias por lá. Os cadastramentos foram feitos com aqueles ainda não cadastrados, por questões de controles, além de averiguarem com as famílias as necessidades de mais urgência de cada uma.
Leia mais:No galpão, os barracos ainda não foram construídos. Segundo a Defesa Civil, o material está em falta. Os banheiros químicos estavam sendo instalados pela manhã e não havia muita estrutura, já que o piso do galpão era de barro. No entanto, o local era coberto, o que já evitava a chuva.
Entre as famílias abrigadas no galpão da 32, estava a de Suelen Cristina, que veio da Avenida Marabá. Com cadastro feito desde segunda-feira, 12, só na noite da quarta-feira, 18, ela e sua família conseguiram sair da residência, que estava tomada pela água.
“A água veio subindo muito rápido, conversei com a Defesa Civil e eles pediram para aguardar que meu nome estava na lista para mudança, mas essa mudança nunca chegava. À noite (ontem) que um abençoado do Exército passou lá em casa, viu nossa situação e ajudou a gente a vir para cá”, conta Suelen, enquanto preparava o café da manhã para o filho.
Mas a grama não é verde para todos. Nadeja Santos perdeu quase tudo para a água que invadiu sua residência, na Rua Magalhães Barata, conseguindo salvar apenas um colchão e a televisão. Como se fosse pouco, Nadeja ainda precisa cuidar do esposo, que sofreu um acidente de trabalho e lesionou o pé, levando 22 pontos, por ter se ferido com uma serra elétrica.
“Eu não sei mais o que fazer, quando cheguei aqui só conseguir me sentar e chorar. Não temos o que comer, móveis eu perdi tudo, só conseguir salvar isso (disse apontando para o colchão e a TV). Pedimos que o poder público, ou alguém, venha nos ajudar, nem que seja uma ambulância para meu esposo poder fazer um curativo”, apelou Nadeja.
ENQUANTO ISSO NA ORLA
No cartão postal de Marabá, a Orla Sebastião Miranda, a nova marcação do nível do rio deixou o trecho que dá acesso ao Bairro Santa Rosa e à Colônia Z-30 quase inacessível, já que a água invadiu as ruas. Na parte mais alta, que dá acesso à Praça São Félix de Valois, a água ainda não atingiu a via, no entanto, parte da praça já está alagada.
Próximo à área onde há os alagamentos – sentido Z-30 – vários barqueiros aproveitam para realizar o translado de pessoas até o outro lado, onde estão os abrigos. Eles cobram o valor de R$ 2 por pessoa a cada viagem. Próximo ao local, foi possível ver pessoas aproveitando para fazer fotos da paisagem.
SITUAÇÃO ATUAL
Até o momento, por volta das 16 horas, a Defesa Civil construiu nove abrigos públicos distribuídos em vários bairros da cidade. O número de famílias atingidas está em 983 por todo o município, sendo que os bairros mais atingidos são Santa Rosa, na Rua Magalhães Barata (Velha Marabá), Belo Horizonte, São Miguel da Conquista, Independência e Carajás I e II.
Segundo a Defesa Civil, já são contabilizadas 1.971 pessoas desabrigadas, 744 pessoas desalojadas e outras 197 pessoas que estão no andar de cima de suas residências. Vinte caminhões contratados pela Defesa Civil e do Exército trabalham realizando o transporte das famílias atingidas. (Zeus Bandeira)