Leonardo Nascimento dos Santos, de 23 anos, morreu na noite deste domingo (9) após abordagem da Polícia Militar na residência onde vivia, no Bairro Tropical, em Parauapebas. Conforme os militares, ele reagiu durante o procedimento policial utilizando uma arma de fabricação caseira, mas foi baleado pela guarnição e não resistiu ao ferimento.
De acordo com o delegado Jailson Lucena da Silva, plantonista da 20ª Seccional Urbana de Polícia Civil, a Polícia Militar foi acionada após um motorista que presta serviço por aplicativo ter sido assaltado por uma dupla.
“Levaram cordão, celular, bens pessoais e o motorista identificou, um dia após ter sido assaltado, um dos indivíduos que haviam subtraído ele na noite anterior”, conta o delegado, acrescentando que dessa forma os policiais chegaram primeiro a um adolescente de 17 anos.
Leia mais:“Esse entregou os bens que haviam sido subtraídos e foi questionado onde estava o comparsa, então o adolescente levou a PM até a residência onde estaria o outro. Lá, a guarnição foi surpreendida com um disparo de arma de fogo, com uma arma caseira que usava munição calibre 28, teve o revide proporcional à força que usada e a PM ceifou a vida dele em defesa da própria vida”, explica Lucena.
O plantonista destaca que Leonardo e o adolescente não estavam mais em período de flagrante e sequer ficariam presos se ambos fossem encaminhados para a delegacia. “No caso ele teria sido apenas autuado pelo porte da arma e poderia sair pagando fiança”, finalizou.
Na casa onde ocorreu a morte estava a irmã de Leonardo, Ilzimar Nascimento. Ela relata que os policiais bateram na porta por volta das 23h40, se identificando. “Eu abri, eles entraram e ficaram lá no quarto com ele (Leonardo). Eu fui pra sala, não sei o que foi, se ele reagiu eu não sei, mas acho que reagiu”, disse, acrescentando nunca ter visto arma com o irmão e que ele não tinha passagens criminais. Leonardo estava desempregado.
O corpo dele foi removido pelo Instituto Médico Legal (IML) enquanto o adolescente foi encaminhado para a unidade policial, acompanhado da mãe. Ela informou ao Correio de Carajás que estava na igreja acompanhada dos outros dois filhos menores quando uma viatura passou pelo local. “Senti um aperto no coração e a minha filha disse que Deus revelou pra ela a polícia invadindo a minha casa atrás do meu filho”, relembra.
Ela decidiu deixar o culto e voltar para a residência, onde encontrou a viatura. “Dois minutos e eles saíram com ele algemado e eu sem entender. Ele é usuário de drogas, isso eu entendo, que ele é usuário de drogas”, conta, mas acrescentando não saber o que levou o filho a praticar assaltos.
“Só sei que encontraram com ele um punhal que ele tinha comprado umas semanas antes. Eu até tinha chamado a atenção e ele ainda disse que servia pra cortar as coisas, a carne, que era pra eu usar. Sempre que eu olhava para aquele negócio me dava um aperto no coração”, relata.
Ela diz que desconhecia qualquer envolvimento do filho com roubos. “Eles falaram que ele estava envolvido em assalto, eu não tenho certeza porque a mãe é a última a saber das coisas. Eu saio pra fazer minhas diárias, deixo os meninos em casa, o pai deles sai pro trabalho, só chega 7 ou 8 da noite. Às vezes ele (adolescente) arruma diária de capinar quintal. Como ele é usuário de drogas eu sentei e conversei, ele já me disse que tentou, mas não consegue mais parar”.
Conforme ela, Leonardo morava duas quadras abaixo, na mesma rua, e vez em quando passava na casa dela. “Ele (filho) me falou que ele tinha um parceiro que tinha morrido. Foi uma surpresa muito grande, a gente cria filho com tanto amor e carinho e nunca quer que aconteça isso, já vim de uma família muito sofrida…”, finaliza. (Luciana Marschall e Ronaldo Modesto)