A delegada Ana Carolina concluiu hoje, quarta-feira, 15, o inquérito policial sobre a morte da menina Carla Emanuelly Miranda Correia, que foi estuprada e morta da terça-feira, 7, da semana passada. Segundo a delegada, que é titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), o inquérito vai ser enviado ainda hoje ao Ministério Público Estadual (MPPA), para oferecimento de denúncia crime contra Deyvyd Renato Oliveira Brito e Irislene da Silva Miranda, padrasto e mãe da menina, que tinha apenas um ano e oito meses.
O inquérito concluiu, com base em laudos preliminares de necropsia, que a criança era agredida na cabeça pelo padrasto com pancada, para que ela desmaiasse e ele praticasse o estupro. A delegada chegou a essa conclusão, devido aos inúmeros hematomas que a menina tinha no cérebro e porque vizinhos ouvidos no inquérito disseram nunca ter ouvido o choro da criança, inclusive no dia em que foi agredida e estuprada, que resultou em sua morte.
“A quantidade de hematomas na cabeça da criança era assustadora. Isso mostra que ele [padrasto] sempre dava uma pancada na cabeça dela, para que desmaiasse, para ele, então, estuprá-la. Tudo isso com a permissão da mãe, que depois que a menina recobrava a consciência lavava suas partes íntimas para eliminar o sangue e esconder o estupro”, afirma a titular da Deam.
Leia mais:Segundo Ana Carolina, alguns resultados de exames específicos, que foram encaminhados ao IML de Belém, ainda não foram divulgados, mas os já realizados comprovam que a criança morreu de traumatismo crânio-encefálico, por forte pancada na cabeça. Para ela, Deyvyd agiu como das outras vezes, bateu na cabeça da criança, ela desmaiou e ele a violentou.
Depois, como a criança não recobrou a consciência, ele foi até a casa de um vizinho pedir álcool, provavelmente para colocar no nariz da menina, para tentar reanimá-la. Paralelo a isso, a mãe da garota a lavou, como de costume após os atos animalescos do marido contra a filha, e estendeu a calcinha da menina no varal.
Só que a garota não retornou e eles decidiram, então, buscar ajuda dos vizinhos, para levá-la ao hospital. “Na casa deles não tinha água encanada e um dos vizinhos contou que ela foi pedir água no horário do crime. Isso mostra que a mãe lavou a criança, que estava inconsciente, talvez para tentar esconder o crime, caso a menina precisasse ir para o hospital, como acabou acontecendo. Eu encontrei a calcinha que a menina usava suja de sangue na região anal, pendurada no varal”, relata a delegada.
Na avaliação de Ana Carolina, a menina não resistiu dessa vez, porque a pancada que ele [padrasto] deu foi muito forte ou então pela somatória dos seguidos traumas que recebia na cabeça, para ser abusada sexualmente. A menina ainda apresentava vários ferimentos pelo corpo.
Esses ferimentos, diz a delegada, eram causados durante os rituais religioso macabros, onde era provavelmente ofertada como oferenda às entidades cultuadas pelo padrasto. Para concluir o inquérito em 10 dias, Ana Carolina montou uma força-tarefa, que trabalhou no fim de semana, na coleta de provas contra o casal.
Ela acredita que o casal deve ir a Tribuna de Júri pelo crime de feminicídio da criança. Carla Emanuelly foi agredida e estuprada na manhã de terça-feira, 7, e teve a morte confirmada, após não apresentar mais funções cerebrais, na tarde quarta-feira, 8.
No hospital, na hora do atendimento, a mãe da menina disse que a menina tinha caído da cama e batido a cabeça. Depois, quando foi examinada, uma enfermeira viu as lesões na região íntima da criança e logo suspeitou que ela tinha sido estuprada.
O hospital acionou a Polícia Militar e, na frente dos policiais, Irislene admitiu que o companheiro tinha violentado a criança na hora que ela foi ao açougue comprar carne. Versão mentirosa, segundo a conclusão do inquérito.
De acordo com o apurado, ela estava em casa e presenciou toda cena animalesca e ainda tentou encobrir o crime do marido. Os dois foram presos em flagrante pelo estupro e morte da menina. (Tina Santos- com informações de Ronaldo Modesto)