Apenas neste semestre, o escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) em Melgaço, no Arquipélago do Marajó, planeja elaborar pelo menos 50 projetos de crédito rural da linha Floresta do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) para ribeirinhos investirem no manejo de açaizais nativos.
O extrativismo de açaí de várzea é o carro-chefe da agricultura familiar no município. Com liberação pelo Banco da Amazônia (Basa), cada família receberá em torno de R$ 26 mil, perfazendo um total de $ 1,3 milhão.
Leia mais:A iniciativa é abrigada pelo Centro de Referência em Manejo de Açaizais Nativos do Marajó (Manejaí), do Projeto Bem Diverso, uma parceria entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento (Pnud), com recursos de doação do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF).
A base é a tecnologia do Manejo de Mínimo Impacto de Açaizais Nativos, que considera triplicar a produção de frutos a partir do ajuste entre açaizeiros e outras espécies florestais (andiroba, pracaxi, virola, entre outras) na mesma área. Pela distância adequada entre cada planta e com a manutenção de espécies que captam e reciclam nutrientes do solo, os açaizeiros se beneficiam e se desenvolvem melhor.
De acordo com o chefe do escritório local da Emater em Melgaço, o engenheiro florestal Milton Costa, “a intervenção não só transforma uma tonelada em três, por exemplo, no espaço de um hectare; o manejo facilita com que os extrativistas diversifiquem as atividades, aproveitando com sustentabilidade os outros produtos da floresta, como óleo e madeira”, explica.
O trabalho da Emater sobre manejo de açaizais no município vem se intensificando desde agosto, quando se iniciou uma série de capacitações in loco nas comunidades, também com o apoio da Embrapa. Já foram capacitadas 120 famílias em três comunidades às margens do Rio Capim (Bom Jesus do Rio Capim, Lago do Camuim e Santa Luzia do Rio Capim) e uma, do rio Camutá (Nossa Senhora das Graças).
Os cursos duram dois dias e incluem teoria e prática. Ao longo das aulas, a turma deixa pronta uma tarefa (50m por 50m) em uma área indicada pela própria comunidade.
O próximo está previsto para o fim de janeiro, na comunidade São Sebastião, no rio Carutá, com 30 participantes. A programação da Emater é realizar pelo menos um curso por mês, assim cobrindo o máximo possível de comunidades. (Agência Pará)