Em entrevista coletiva realizada nesta sexta-feira (20) a delegada Ana Paula Trigo Mattos, titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Criança e ao Adolescente (Deaca), falou sobre a investigação que culminou na prisão do professor Marcos Vinícius da Costa Araújo, acusado de estupro de vulnerável contra oito alunas dele, com idades entre 8 e 9 anos.
Segundo a delegada, uma das crianças, que é colega de turma das vítimas, viu o professor abusando de uma menina dentro da sala de aula e ao chegar em casa contou para a mãe o que havia presenciado na escola.
“A mãe da criança procurou a delegacia e registrou boletim de ocorrência. A partir daí nós iniciamos a investigação, na qual identificamos que todos os atos libidinosos eram cometidos na sala de aula quando o acusado ficava sozinho com as alunas. Inclusive, aproveitava os dias em que uma estagiária não comparecia à escola para cometer os crimes”, explicou.
Leia mais:Durante a entrevista, a delegada ressaltou que os pais precisam ficar atentos a todos os locais que os filhos frequentam, pois os abusos podem ser cometidos por pessoas do convívio da criança uma vez que não existe um perfil de estuprador.
“Mesmo que o acusado seja uma pessoa conhecida da comunidade, seja uma pessoa que é da igreja, ou casada, uma pessoa simpática e querida pela população, não significa que essa pessoa não vá cometer o crime. Prova disso é que muitos acusados são pai biológico, irmão, pastor ou padre. Então, não existe um perfil, por isso os pais precisam ter atenção seja na igreja ou na escola porque infelizmente o estuprador não apresenta perfil”, afirmou.
ENTENDA O CASO
Marcos Vinícius da Costa Araújo foi preso na última terça-feira (17) por meio de um mandado de prisão preventiva cumprido pela Polícia Civil. De acordo com a investigação, o acusado é professor da rede municipal de ensino e utilizou sua função para cometer os abusos contra as alunas. Essas informações foram obtidas graças ao trabalho da psicóloga Rafaela da Paixão Gurjão, do Parápaz, que realizou intensa escuta especializada e tratamento psicológico com todas as menores vítimas de Marcos Vinícius.
Também foi cumprido um mandado de busca e apreensão na residência do acusado, onde foram apreendidos um computador, um celular e pendrives, que foram encaminhados ao Centro de Perícias Científicas (CPC) Renato Chaves.
A reportagem do Correio de Carajás apurou que Marcos Vinícius trabalhava em uma escola no Núcleo Morada Nova, onde é bastante conhecido pela comunidade e querido pelos colegas educadores, inclusive considerado um professor exemplar. Ele foi encaminhado ao Instituto Médico Legal ainda na tarde de terça-feira para passar por exame de corpo de delito e a reportagem do Correio de Carajás tentou ouvi-lo, porém Marcos Vinícius preferiu ficar em silêncio. Segundo a delegada Ana Paula, as investigações continuam e o acusado continuará preso até o julgamento.
OUTROS PAIS DEFENDEM O PROFESSOR
No dia seguinte à prisão, quarta-feira (18), o Correio de Carajás conversou com três pais de alunos do professor, que dá aula para duas turmas (uma pela manhã e outra à tarde). Luzeni Santos Alves, de 33 anos, é mãe de três filhos e reside em Morada Nova.
Ela disse que o filho de 9 anos faz o terceiro ano do fundamental com Vinícius, sobre quem ela disse que sempre agiu com muita seriedade e nunca soube de nada que desabonasse sua conduta. “Meu filho é aluno dele desde o ano passado e sempre vou deixá-lo e buscá-lo na escola. Nunca soube de nenhuma reclamação de pais sobre a conduta dele. Fiquei surpresa com essas denúncias”, disse.
Outro pai, Paulo Santos Campelo, também atestou que o filho de 10 anos nunca viu, não presenciou e nem aconteceu nada com ele praticado pelo professor Vinícius. “Sempre estou na escola, diariamente, e não há nada contra esse professor. Essa é uma história muito confusa”, avaliou.
Raimunda Rodrigues da Silva, outra mãe de aluno que conversou com a Reportagem disse que também é educadora em outra escola, assim como o esposo. O casal tem três filhos e sempre conversam com eles sobre qualquer atitude suspeita de maiores de idade.
“Sempre separamos um dia para conversa para falar sobre a relação com a escola e até os vizinhos. Eles são instruídos desde pequenos a nos contar. Meu filho ficou um ano e meio com o professor Vinícius. Ele me garantiu que o professor nunca fez nada com ele e nem com outro aluno, declarou.
Ainda de acordo com ela, quando a história surgiu, o casal conversou mais ainda com a criança. “Mas não houve nada. Creio que esse professor é inocente. Se eu percebesse algo, seria a primeira a denunciar”, garantiu. (Fabiane Barbosa)