O Rios de Encontro encerrou seu 8º Festival Beleza Amazônica na última sexta-feira, 13, com realização da Rua Bem Viver, uma programação para crianças na comunidade Cabelo Seco, onde o projeto iniciou em 2009. A terceira semana do festival integrou apresentações do espetáculo Rio Voador nas escolas José Mendonça Vergolino, Judith Gomes Leitão e Plínio Pinheiro, na Velha Marabá, entre os dias 5 e 12 deste mês, celebrando uma década de parcerias.
A programação culminou com uma apresentação sobre o colapso climático na Câmara Municipal no dia 11 de dezembro, que convidou os vereadores a se manifestarem na COP 25 (Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU), na Espanha, através de um retrato com mudas de plantas medicinais, distribuídas para todos os vereadores.
Gestora dos seis jovens artistas e coordenadores do AfroRaiz, Manoela Souza explica que o “Rua Bem Viver” é a última ação comunitária da década. “Mas foi uma inovação extraordinária. AfroRaiz realizou uma distribuição de plantas medicinais e livros de porta em porta. Depois, promoveu uma biblioteca, ciranda de brincadeiras, passarela de beleza amazônica e cine coruja comunitário, tudo na rua, durante seis horas, para 80 crianças, mães e avós. A risada, cooperação e cultivo de comunidade, autoconfiança e celebração de diversidade afirmaram direitos da criança e do adolescente, justiça social e climática, cidadania e democracia participativa sem uma palavra de discurso”, diz Manoela.
Leia mais:Para Dan Baron, coordenador eco-pedagógico do Projeto, o festival deste ano foi muito significativo e colaborou na devolução da autoconfiança coletiva do AfroRaiz, acumulada durante quatro anos de formação artística afro-brasileira e 11 anos de ação artístico-amazônica às escolas onde eles estudaram. “O espetáculo Rio Voador inspirou mais de 1000 alunos que os alertou sobre colapso climático, a crise civilizatória atual até o assassinato da inocência, antes de dançar a energia amazônica de Bem Viver. AfroRaiz transformou auditórios em palcos de esperança e motivação”, pondera ele.
A volta as suas escolas e ruas depois de uma turnê internacional encerra um experimento de 11 anos de formação comunitária. Para Dan, através de projetos de autonomia e de superação, em 2019 eles prepararam os jovens arte-educadores para sua saída em janeiro de 2020, para estudar na faculdade ou plantar projetos de bem viver como profissionais, nas escolas e comunidades da região. “Eles precisam viver e voar, independentemente do projeto”, diz.
Paralelamente, Rios de Encontro vai dedicar 2020 a desenvolver sua Universidade Comunitária dos Rios, organizando uma década de arquivos, traduzindo sites e publicações em vários idiomas e realizado cursos de formação. “A ação comunitária continuará, mas vamos criar uma nova base econômica e ecológica para sustentar o projeto em tempos de políticas federais de ‘austeridade’ contra a cultura, educação e direitos humanos. Assim, transformamos a crueldade de austeridade em pesquisa sobre a democratização de bem viver comunitário”, encerra.