Esta sexta-feira (22) amanheceu mais difícil para boa parcela da população de Parauapebas, que precisou começar a limpar o interior de casas e comércios e contabilizar os prejuízos decorrentes da forte chuva que caiu por aproximadamente meia hora no final da tarde da quinta (21). O Bairro Rio Verde foi o mais afetado, tendo diversos estabelecimentos, além do Mercado Municipal, tomados pela água.
Moradores colocam a culpa nos bueiros do bairro que estão entupidos de lixo e não foram limpos antes do período chuvoso. “Prejuízo grande e nunca vi chuva assim, a água entrou porque tá tudo entupido, qualquer chuva a água sobe, não desentupiram de jeito nenhum os bueiros e qualquer chuva a água sai aqui em cima, sobe na rua, é sacanagem”, declarou Gonçalo dos Santos, que teve três guarda-roupas perdidos dentro de casa.
O comerciante Lizaldo Macedo diz vive no bairro desde 1984 e esta foi a primeira vez que a água chegou ao estabelecimento dele. “Nem sabemos mais o que dizer porque se tivessem limpado os bueiros não teria acontecido isso, nunca botou (prefeito) um homem dele pra limpar nada aqui na feira, já vinha alaganbdo com qualquer chuvinha que tinha, ontem subiu tudo, se tivesse desentupido não tinha chegado no meu comércio”, disse.
Leia mais:Ele comenta que até freezer de colega viu boiando na rua durante o alagamento. “As minhas bacias tão tudo cheias de água e não vende mais isso, uma crise dessa, a venda já tá ruim, agora piorou”, desabafou.
A feirante Ilda Costa Freire diz que anualmente quem trabalha no Mercado Municipal sofre as consequências das chuvas de inverno. “Todo ano, toda chuva que dá, alaga todo o mercado e o prefeito é conhecedor da história e faz nada por nós, ele só fala que vai fazer e não faz nada por ninguém, não é de hoje. Ele prometeu ajeitar os feirantes, mas não fez nada”, diz.
Ainda ontem, o técnico de som Carlos Cavalcante Costa já sabia que havia perdido bastante dinheiro quando viu a loja ser tomada por água. “É o prejuízo que ficou, nossa empresa começando agora e prejuízo de mais de R$ 30 mil, pra quem nem pagou ainda. E quem vai pagar agora somos nós. Mas é esse o nosso governo, isso o vem se repetindo há muito tempo, mas as autoridades não tomam providências e a gente vai pagando o preço”, reclamou.
Com um balde, Rosivaldo Lopes tirava a água e a lama que invadiu os cômodos do local que é a residência e o comércio da família. “A gente mora aqui há três anos e a água foi muito grande, perdemos muita coisa, muita farinha, de 30 a 40 sacos, freezer boiou, sofá, cama, prejuízo muito grande. Foi desespero, um metro de água dentro de casa, roupa e sapato jogado fora, a água molhou tudo, não presta mais nada”, disse.
A chuva começou a cair por volta das 17 horas, acompanhada de raios, trovões e ventos. O Corpo de Bombeiros precisou usar botes para resgatar pessoas de diversos pontos alagados. Procurada pelo Correio de Carajás, a assessoria de comunicação encaminhou nota informando que durante e após a forte chuva foi realizado todo o atendimento de emergência às famílias que tiveram suas residências atingidas de alguma forma.
“As equipes da Defesa Civil ficaram de plantão e atenderam 46 famílias, das quais quatro tiveram que ser remanejadas de suas residências e foram acolhidas por familiares ou vizinhos. Uma casa foi levada pela enxurrada.
Importante destacar que os problemas de alagamento e enxurradas no município deverão ser sanados com o Programa de Saneamento Ambiental, Macrodrenagem e Recuperação de Igarapés e Margens do Rio Parauapebas (Prosap), que terão suas obras iniciadas ainda neste semestre e que serão financiadas pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com contrapartida do município.
Além do atendimento das equipes da Defesa Civil, máquinas e profissionais da Secretaria Municipal de Obras (Semob) e de Serviços Urbanos (Semurb) atuam na limpeza de bueiros e vias.
De acordo com o boletim da Defesa Civil de Parauapebas, emitido nesta sexta-feira (22), às 9:15, a chuva de ontem resultou em 25 pontos de alagamento, dois de deslizamentos, cinco de enxurrada e seis de inundações. O nível do Rio Parauapebas chegou à 5,57 metros, acima da média histórica para o mês atual, e o volume de chuva no período de aproximadamente 30 minutos foi em média 69,5 mm. A Defesa Civil do município pode ser acionada pelos números 3356-2597 ou 199.”
(Luciana Marschall, Ronaldo Modesto, Tina Santos e Theiza Cristhine)