Figura das mais talentosas e um dos ícones do designer gráfico e das charges no Pará e no Brasil, Arnaldo Torres, o Atorres, faleceu em Belém na madrugada desta sexta-feira (22). Ele tinha apenas 55 anos, 30 deles dedicados à profissão, bastante conhecido pelo seu trabalho como cartunista do jornal Diário do Pará, na capital. Também esteve aqui em Marabá em algumas oportunidades nos últimos anos, ajudando no aprimoramento dos procedimentos aqui do Jornal CORREIO.
Cartunista premiado nacional e internacionalmente, editor de arte do Diário, Atorres sentiu uma forte dor na cabeça e foi levado a um hospital particular no Bairro de Batista Campos. Chegou a ser atendido, mas não resistiu.
“Ele foi um dos pilares de sustentação do início da arrancada do sucesso do Diário. O Atorres era, na minha modesta opinião, um dos maiores chargistas do Brasil. Ele acreditou no projeto de que o Diário poderia um dia chegar a liderança do mercado paraense e com a ajuda dele chegamos lá. Ele, acima de tudo, era uma pessoa de caráter, um amigo que eu perdi”, disse emocionado Jader Filho, diretor-presidente do grupo RBA.
Leia mais:Quem também prestou suas homenagens foi o Diretor Geral do Grupo RBA, Camilo Centeno: “O Atorres era um dos maiores talentos que eu conheci. A capacidade dele de se expressar em uma charge era fantástica. Eu recebi muitos elogios de terceiros pelo trabalho que ele fazia. Além disso, as artes das capas do jornal sempre foram diferenciadas quando feitas por ele. Os trabalhos nos vários anuários, cadernos especiais etc. foram obras de arte deixadas por ele. Grande perda! Isso sem falar no jeito dele de ser: simples, tranquilo e atento aos fatos. Vai fazer uma enorme falta pra todos nós. Que Deus o acolha em paz e dê conforto à família neste momento”.
Carinhosamente chamado de “Torres” pelo diretor de redação do DIÁRIO, Clayton Matos, Atorres vivia um ótimo momento em sua carreira. “O Torres vivia o seu melhor momento. Nunca o vi tão inspirado, motivado, criativo. Ele só precisava de uma chance e não a desperdiçava. Qualquer homenagem ainda será insuficiente pra retribuir tudo o que ele entregou ao Diário. Além disso, era um conselheiro de todas as horas. Deixa um vazio imenso, mas também um legado que tentaremos seguir com todas as nossas forças”.
Para Mauro Neto, gerente executivo do DOL, a dor da perda também é irreparável. “Estou arrasado. O conheci há mais de 30 anos, ainda no prédio antigo do Diário, na Gaspa Viana. Éramos jovens, sedentos por conquistas e ele, sempre criativo, com aquele sorriso de lado e risada marota, era um contador de história. As contava com o mesmo humor que colocava nas suas charges fantásticas. Foi um talento diferenciado e suas capas serão lembradas sempre pela qualidade gráfica. Perda irreparável para o jornalismo paraense”, sintetiza.
Ronald Sales, Coordenador Sênior do DOL, lembrou que Atorres “sempre se colocou à disposição em participar diretamente dos projetos do DOL. Com ideias nas charges exclusivas para o portal, facilitando a capacitação da própria equipe do site. Dizia que queria fazer com que cada um aprendesse o essencial para trabalhar no online. Muito próximo da gente. Grande perda”.
A competência, o caráter e a amizade do chargista também foram destacados por Gerson Nogueira, membro consultivo do Grupo RBA e colunista no Diário: “Atorres era um profissional de altíssimo nível, sem ficar devendo a ninguém do eixo Sul-Sudeste em sua área. Um artista, acima de tudo, empenhado na criação e na construção de grandes projetos, além de uma pena afiada nos cartuns. Foi fundamental na formatação visual do Diário, pedra de toque da modernização que se consolidaria nos anos seguintes. Estou triste com sua partida, mas muito honrado por trabalhar ao seu lado por tantos anos nas redações do Diário. Lamento não termos viabilizado o projeto de um livro sobre futebol com ilustrações dele, mas fica pra próxima. Que Deus o tenha”, finalizou.
O velório está ocorrendo desde às 8 horas na Igreja dos Capuchinhos. O sepultamento será realizado pela tarde.
TRAÇO FORTE E TRAJETÓRIA SINGULAR
Reconhecido pela rapidez e perspicácia em suas obras, quase sempre irônicas e muitas vezes polêmicas (como as charges devem ser), Atorres trabalhou na extinta A Província do Pará como diagramador por 7 anos e iniciou como ilustrador no Diário do Pará em 1994, assinando a charge da capa.
Em 1997, assumiu o comando da editoria de arte do jornal chefiando a equipe de paginação e ilustração e assinando os projetos gráficos do jornal.
Lançou os livros “Antes Charge do que Nunca” e “Leão, Papão e Outros Bichos”, ambos coletânea de charges publicadas no jornal Diário do Pará.
Atorres também trabalhou em várias agências de publicidade no Pará, possuía um centro de formação e ministrou inúmeros cursos e workshops, no Pará e pelo Brasil, ensinando a centenas de profissionais não somente técnicas de ilustração, mas também a aperfeiçoarem o olhar sagaz que transformou suas produções em obras singulares e que deixarão muitas saudades. (Da Redação, com DOL)