A morte de Jorge Costa Brandão, 41 anos, à 00h25 de terça-feira (19), durante ação da Polícia Militar, está sendo questionada por amigos e esposa dele. Eles afirmam que Jorge trabalhava na mineradora Vale há mais de 15 anos e que era proprietário de um lava jato, não tendo ligação com a criminalidade e também não possuía ficha criminal.
Conforme a versão apresentada pelos policiais que atuaram na ação, a guarnição realizava policiamento ostensivo no Bairro Jardim Canadá quando avistou dois homens em uma motocicleta Honda Biz, de cor rosa, em atitude suspeita, próximo à Policlínica.
Os militares afirmam que ao se aproximarem dos indivíduos para proceder com a abordagem, a pessoa que estava na garupa da moto sacou uma arma de fogo em direção aos policiais, tendo estes revidado com disparos de arma com intuito de neutralizar a ação. Ao longo do dia foi identificado o corpo da pessoa alvejada como sendo de Jorge Brandão.
Leia mais:Na manhã desta quarta (20) a equipe do Correio de Carajás procurou o 23º Batalhão da Polícia Militar, mas o comandante, Major Gledson, não estava no momento. O subcomandante, Major Emmett, atendeu à equipe e informou que será instaurado inquérito junto à Corregedoria da Polícia Militar para investigação da ação policial.
O diretor da 20ª Seccional Urbana de Polícia Civil, delegado Gabriel Henrique Alves Costa, também foi procurado para comentar o caso, mas afirmou por telefone apenas que “todo caso com intervenção policial é investigado e esse caso também será”. A Reportagem esteve na casa de Jorge e encontrou os irmãos dele, que preferiram não comentar o assunto.
A viúva, Osmarina Silva Félix, em entrevista ao Blog do Zé Dudu, afirma que o marido não andava armado e nem acompanhado por outras pessoas, declarando não entender o que aconteceu. “É mentira, ele jamais faria isso. Eu sou casada com ele há 23 anos e conheço a pessoa, tenho com ele duas filhas, uma delas menor. Eu estou inconformada, mas Deus sabe o que faz”, disse a mulher.
Em outro trecho da entrevista, Osmarina conta que Jorge “era um bom marido e excelente pai, dedicado à família, não deixava faltar nada”. Com ele, a Polícia Militar afirma ter encontrado três petecas de crack. A mulher confirmou que Jorge era usuário de drogas, relatando que ele possuía laudo médico atestando que era dependente químico e que, na única ocasião em que foi detido pela polícia, acusado de tráfico, ela apresentou este documento e o marido foi liberado livre de acusações.
O Correio de Carajás pesquisou o histórico processual do homem junto ao Tribunal de Justiça do Estado do Pará, onde constatou que ele respondia apenas a um procedimento por crime de trânsito. Já na página do Facebook de Jorge Brandão, com 1.387 amigos, um deles postou uma foto o homenageando e com os dizeres: “Seus dias de luta terminaram, seus de glória chegaram, e agora o céu é azul é todo seu”.
Neste mesmo post, amigos comentaram sobre o assunto e questionaram a morte. Um seguidor disse: “Não acredito nessa versão da polícia pq Jorge Brandao sempre foi um grande profissional. É um trabalhador!!!”.
A Polícia Militar informou à Polícia Civil que prestou imediato socorro ao indivíduo e o encaminhou ao Hospital Geral de Parauapebas, onde ele não resistiu aos ferimentos e morreu. Foi apresentado pela guarnição, que afirma ter apreendido com Jorge, um revólver calibre 38, com numeração raspada, e quatro munições, sendo que duas estavam intactas e duas haviam sido disparadas. (Luciana Marschall, Ronaldo Modesto e Theíza Cristhine)